8.10.2009

Grávidas correm risco maior com nova gripe

Estudo nos EUA confirma que grávidas correm risco maior com nova gripe
Imunidade de gestantes diminui durante desenvolvimento do bebê.
Médico americano diz que suspensão de aulas não protege crianças.

O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos acaba de divulgar um estudo que comprova: as gestantes correm mesmo um risco maior de complicações graves com a nova gripe.


A médica que liderou a pesquisa explicou ao Fantástico, por telefone, que toda grávida passa por mudanças importantes nos sistemas de respiração e de defesa do organismo. Por isso ficam mais vulneráveis a certos vírus.

A imunidade das grávidas diminui para permitir que o bebê se desenvolva sem ser combatido como um possível corpo estranho. Outro fator é que o útero aumenta e comprime o pulmão, que fica mais sujeito a infecções.

Veja a cobertura completa da nova gripe

“Os sintomas e os sinais desta gripe, tanto na grávida, quanto nas pessoas não grávidas, são os mesmos, com a diferença é que na grávida as coisas ocorrem com mais rapidez e mais severidade. Mas os sintomas de modo geral, são a febre, a tosse, dor de garganta, dor de cabeça, dor no corpo e não poucos casos, estão tendo também diarréias e vômitos”, explica o infectologista Caio Rosenthal.

O motorista José Galgo ainda tenta entender o que aconteceu com a mulher, Geyze, que morreu três dias depois do parto com suspeita da nova gripe. “A Geyze não fuma, não bebe, não tinha problema nenhum, ela só ficou grávida, de uma hora pra outra deu um vento deste?”, pergunta, emocionado.

A filha nasceu de 7 meses e continua internada na UTI de um hospital estadual em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em casa, José conta os dias para a chegada de Louise. “Uma criança que lutou pra sobreviver? Eu vejo como um anjo, forte ao mesmo tempo frágil, tentando respirar pelos aparelhos”, diz o motorista.

O gaúcho Waldir Couto conhece bem esta espera. Em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, a mulher dele morreu por complicações da nova gripe, apenas oito horas depois de um parto de emergência. Júlia, a bebê, foi salva.

“Hoje a gente está feliz, porque ela só está nos dando alegria realmente, Ela é uma criança sadia, não dá trabalho nem pra mim nem pras tias que têm cuidado dela”, comenta o pai.

Ação do vírus

A ação do H1N1, o vírus da nova gripe, é igual à de outros vírus que causam gripes comuns. Segundo o infectologista Caio Rosenthal, ele vai até o pulmão e invade os alvéolos.

"Tem uma predileção pelo sistema respiratório. Ele age desencadeando reação inflamatória muito grande, encharca o pulmão de fluido, então é uma pneumonite viral muito grande”, afirma Eduardo Massad.

A nova gripe é também altamente contagiosa. “Este vírus se transmite pelo aerosol, que é o que a gente espirra, é o que a gente tosse, e este aerosol são partículas muito pequenas que ficam em suspensão em até uma distância de metros. A transmissão se dá muito mais pelo contato manual até, do que pela inalação, se alguém está resfriado e encosta a mão em algum lugar, o vírus vai ficar lá um tempão”, afirma o médico Daniel Deheinzelin.

Quem colocar a mão em um lugar contaminado vai passar a carregar milhões de partículas do vírus e aí o contágio acontece de forma simples: basta levar a mão à boca, ao nariz ou ao olho para adquirir a doença.

As crianças correm mais risco. “Onde tem um quadrado com 30, 40, 50 crianças fechadas, é muito ruim, se uma criança destas espirrar passa pra todo mundo”, destaca Caio Rosenthal.

Por isso, em alguns estados brasileiros a volta às aulas foi adiada. Na casa da comerciante Sandra Meire Castro Carlos, em São Paulo, os meninos já estão inquietos. “Estou muito insegura e provavelmente essa primeira semana ficarão mais uma vez em casa, porque eu quero ver a reação, que é a volta”, diz ela.



Suspensão de aulas

O médico Donald Henderson, que liderou a campanha que acabou com a varíola e é um dos maiores especialistas mundiais em vírus, avalia que suspender as aulas não funciona. Em entrevista por telefone, ele lembra que as crianças acabam se reunindo em outros lugares.

Mas alguns estudos demonstram que, além de proteger as crianças, fechar escolas ajuda a evitar que o vírus se espalhe na comunidade.

“O que os pais devem fazer? Devem orientar as crianças. Quando espirrar, espirrar aqui no braço, tossir aqui no braço. Tem que deixar as janelas abertas, as portas abertas, colocar álcool gel em cada sala de aula, essa é uma medida correta que a gente pode facilmente realizar”, sugere o infectologista Caio Rosenthal.

Outras dicas importantes, que valem tanto pra grávidas quanto pra população em geral: beber bastante água.

“A gente no inverno bebe menos água, a nossa mucosa fica mais ressecada e uma mucosa ressecada facilita a entrada do vírus, então hidratação é fundamental”, diz o infectologista.

“Lavar a mão, de um lado, do outro, na frente das mãos, nas costas”. Prefira sabonete líquido. “Depois da terceira, quarta vez que você lava a mão num sabão de barra, está tudo contaminado”, alerta o médico.

Globo.com

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