8.21.2010

GRUPO DE TEATRO BRASILEIRO É BARRADO NA INGLATERRA

Gupo de teatro mostra passaportes ao ser barrado pela alfândega inglesa e tiveram que retornar ao Brasil.
Quando foram convidados para apresentar "Otimismo", de Voltaire, em um festival na Inglaterra, os dez integrantes da companhia Teatro da Curva não imaginavam que o serviço de imigração lhes pregaria uma peça.
Depois de 12 horas de viagem, eles tiveram que esperar por cerca de seis horas em uma sala do aeroporto.
Contam que, com carimbo de inadmitidos no passaporte, foram escoltados até um avião de volta para o Brasil, na noite da última segunda-feira. Apenas um ator conseguiu ficar, pois tinha passaporte espanhol.
Entraram nas estatísticas do país que mais barra brasileiros, segundo o Itamaraty: dentre todos os 9.093 brasileiros inadmitidos no exterior em 2009, 3.985 (44%) tentaram entrar na Inglaterra. Em segundo lugar está a Espanha, com 1.748 (19%).
"Fomos humilhados. Ficamos isolados, cada um com dois seguranças, no saguão do aeroporto, na frente de todo mundo. Os seguranças deram risada e mandaram tchauzinho para a gente, na porta do avião", disse o ator Celso Melez, 30.
"CELA DISFARÇADA"
Melez conta que na "cela disfarçada" havia 16 imigrantes inadmitidos -todos brasileiros, além de uma colombiana e uma croata.
Todo o grupo teve os celulares confiscados, não pôde abrir as malas nem tomar banho e, como o telefone da embaixada brasileira estava anotado no celular, não puderam entrar em contato.
Segundo Melez, todos foram tratados bem até o momento em que foram avisados de que não seriam aceitos no país. Nessa hora, "tornaram-se agressivos".
Todos foram revistados três vezes, tiveram que tirar fotos, registrar as digitais de todos os dedos e assinar papéis em inglês, sem tradutor.
No papel que o diretor da peça, Ralph Maizza, 30, assinou, consta que ele "falhou em dar respostas satisfatórias e confiáveis".
Em todos os papéis, foram descritos como atores profissionais pagos para atuar no país, o que exigiria um visto de trabalho. Mas eles argumentam que participariam do festival Camden Fringe, em Londres, de graça.
Eles contam que parcelaram as passagens e hoje, segundo Melez, cada um tem débito de R$ 1.100. Todos tinham as passagens de volta já compradas. "Era um investimento no nosso currículo para outros convites."
O consulado britânico em SP afirmou que não comenta casos individuais de inadmissão. "A autoridade de imigração no aeroporto é a autoridade final sobre quem entra ou não entra no país."
Rodrigo Capote/Folhapress

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