Rio -  O dono de uma distribuidora de medicamentos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, é um dos 12 integrantes da quadrilha que desviava de hospitais públicos remédios controlados para o tratamento de câncer: a ação deixou um número incalculável de doentes sem tratamento. O bando foi desarticulado nesta quinta-feira em operação conjunta do Ministério Público, da Polícia Civil e da Corregedoria Geral da Administração do Governo de São Paulo.
Foto: Arte O Dia
Foto: Arte O Dia
Marcos Roberto da Silva Siqueira, dono da AJN Distribuidora de Medicamentos, foi indiciado por desvio de remédios controlados e preso em flagrante por formação de quadrilha. O prejuízo estimado é de R$ 10 milhões.
Segundo as investigações, acompanhadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Núcleo São Paulo, a quadrilha, também formada por funcionários dos hospitais, desviavam os remédios, que chegam a custar mais de R$ 14 mil por ampola. Parte dos medicamentos, então, seguia para a empresa de Marcos Robert, que foi preso em casa, na Rua Castro Menezes, em Brás de Pina.
“Com os remédios, Marcos recolocava os produtos no mercado, revendendo as caixas para hospitais, clínicas e farmácias do Rio e de São Paulo. Agora, vamos repassar essas informações ao governo do Rio, para que sejam apurados os envolvimentos de servidores dos hospitais do estado no esquema”, explicou o corregedor-geral de Administração de São Paulo, Alexandre Zakir.
A quadrilha era investigada há mais de quatro meses. Os investigadores identificaram o bando a partir do cruzamento de informações e escutas telefônicas, que indicaram também o líder do bando. Stefano Mantovani Fernandes está preso desde 2009, quando foi flagrado na operação Medula I.
Na operação desta quinta-feira, foram apreendidos nove carros, uma motocicleta e um revólver, além de R$ 34 mil em espécie, que seriam usados no pagamento de uma encomenda de remédios.
Mais de mil medicamentos recolhidos
Mais de mil caixas de medicamentos desviados foram recuperadas pelos investigadores. Os remédios Mabthera, Zoladex, Cancidas, Invanz, Abelcet, Humira, Genzar, Eprex, Enbrel, Luvox, Telebrix, Imunoglobina, Nexavar, Ambisome, Actilyse e Clexane serão periciados pela Polícia Técnica de São Paulo.
As investigações revelam que Marcos Roberto comprava os medicamentos desviados por preços bem abaixo do mercado — chegou a pagar R$ 1.500 em caixas que custam, em média, R$ 8 mil. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em 6 cidades: São Paulo, São Caetano do Sul, Praia Grande e Itaquaquecetuba, todas em São Paulo, além de Rio de Janeiro e Belford Roxo.
A operação mobilizou 50 policiais, 10 agentes da Vigilância Sanitária, seis promotores de Justiça e três corregedores. O trabalho mapeou a atuação da quadrilha nos dois estados. No Rio, a prisão de Marcos Roberto contou com apoio de agentes da Delegacia Fazendária (Delfaz) da Polícia Civil do Rio, que cedeu agentes.
Como o esquema funcionava
O DESVIO
O desvio era feito da seguinte forma: um paciente recebia alta ou morria, e o remédio que ele tomaria para o tratamento não voltava para o estoque do hospital e era desviado. Eliane Assunção de Siqueira, servidora do Hospital Brigadeiro (SP), é suspeita de ser uma das fornecedoras de medicamentos com a ajuda do marido, Ronaldo Ramos de Siqueira. Em vídeo, ela aparece tentando esconder caixas de remédios no hospital.
DA CADEIA
Stefano Mantovani, apontado como líder da quadrilha, é suspeito de dar ordens aos comparsas de dentro da cadeia. Pelo celular, falava com a mulher, Debora Aretusa Fulep da Luz, e com o cunhado Rodrigo Eduardo de Paula, ambos presos durante a operação. Segundo a polícia, Fernandes será transferido para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) na prisão.
PAGAMENTO
Além dos presos, mais oito pessoas são investigadas. Cada funcionário que fazia o desvio de remédio recebia R$ 1.000 de pagamento, segundo a Promotoria. Em maio de 2010 e setembro de 2009, outras 15 pessoas foram presas em outras duas etapas da operação Medula.

Quadrilha que roubava medicamentos da rede
pública era comandada de dentro de presídio

Remédios contra câncer eram vendidos a farmácias e distribuidoras; 11 foram presos
Do R7
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Os remédios de alto custo desviados de hospitais públicos eram depois revendidos para distribuidores e farmácias
Uma operação prendeu, nesta quinta-feira (2), 11 pessoas que participavam de uma quadrilha que desviava medicamentos, como os usados para tratamento o câncer, de hospitais da rede estadual de saúde. Os remédios de alto custo eram depois revendidos para distribuidores e farmácias.
A ação da quadrilha, que atuava desde 2009, era comandada de dentro do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na capital, por Stefano Mantovani Fernandes, condenado a 14 anos de prisão por receptação e comercialização de medicamentos da rede pública.
Quadrilha suspeita de desviar remédios de hospitais é presa 
Polícia deflagra operação contra sonegação

Por telefone, Fernandes passava as ordens para a mulher dele, Debora Aretusa Fulep da Luz, moradora em São Bernardo do Campo, e para o cunhado Rodrigo Eduardo de Paula, ambos presos durante a operação.

Nas casas dos envolvidos, em farmácias e distribuidoras, foram encontrados vários tipos de medicamentos de origem controlada, de alto custo, inclusive aqueles destinados ao tratamento do câncer oferecido a pacientes da rede estadual de saúde.

Também foram presos Rogério Penedo Ferreira da Silva, Casimimiro Bilevicius Junior, Eliane Assunção de Siqueira, Ronaldo Ramos de Siqueira, Luiz Leite do Nascimento, Marcos Roberto da Silva Siqueira, Sidinei Dias, Fernando Rocha da Silva e Edson André dos Santos.


Rogério Penedo Ferreira da Silva, proprietário de distribuidoras de medicamentos na Baixada Santista é apontado com um dos receptadores dos produtos desviados, assim como Casimiro Bilevicius Junior, proprietário de distribuidora na Capital, Luiz Leite do Nascimento, proprietário de farmácia em São Paulo, e Marcos Roberto da Silva Siqueira, preso no Rio de Janeiro, onde mantém uma distribuidora de medicamentos em Belfort Roxo. 


Edson André dos Santos, proprietário de distribuidora e farmácia, também é suspeito de receptação dos medicamentos obtidos ilegalmente pelo grupo.
A operação foi comandanda pela Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, em parceria com a Polícia Civil e a Corregedoria Geral da Administração. Foram cumpridos cumpriu 12 mandados judiciais de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, São Caetano do Sul, Praia Grande e Itaquaquecetuba.