7.28.2012

Sarah Menezes, o 1º ouro de 2012 - e da geração de 2016

Olimpíada

Piauiense de 22 anos estreia em Londres a nova fase das campanhas olímpicas do país, já de olho no Rio. Sarah foi a primeira mulher de ouro do judô brasileiro

Giancarlo Lepiani, de Londres
Sarah Menezes está na semifinal do judô de Londres-2012
Sarah Menezes em ação na Olimpíada: primeira brasileira numa final olímpica de judô ( Johannes Eisele/AFP)
Depois da semifinal, Sarah saiu chorando do tatame, por saber que já tinha conquistado uma medalha olímpica por antecipação. Foi abraçada pela técnica Rosicléia Campos
Sarah Menezes não era estreante em Olimpíadas: já tinha ido a Pequim-2008, quando perdeu logo na primeira luta. Também não era considerada uma zebra - na previsão de medalhas da revista americana Sports Illustrated, já aparecia como favorita ao ouro; nas projeções da BBC para as competições deste sábado, era uma das atletas destacadas pelos especialistas da rede britânica. Pouco antes de sua final olímpica, contra a romena Alina Dumitru, que chegou para a decisão com o status de atual campeã dos Jogos, outro medalhista de ouro, o brasileiro Aurélio Miguel, vencedor em Barcelona-1992, se dizia confiante nas chances de Sarah. Ainda assim, sua façanha neste sábado, na ExCel Arena, tem um inegável gosto de novidade, tanto pelo ineditismo de sua conquista - é a primeira mulher do país a conquistar um ouro no judô - como por sua idade. Aos 22 anos, a atleta piauiense de 1,52 metro e 48 quilos é uma representante da geração Rio 2016. Nos primeiros Jogos disputados no Brasil, ela pode estar no auge da carreira, com 26 anos. Melhor ainda que a colheita do ouro tenha sido antecipada para Londres-2012, onde Sarah inaugurou a contagem de medalhas douradas da equipe brasileira em uma Olimpíada que marca uma nova etapa nas campanhas do país nos Jogos - afinal, a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é de subir de patamar no quadro de medalhas na disputa em casa, dentro de mais quatro anos.
Blog VEJA nas Olimpíadas: Como a técnica Rosicléia Campos motiva a seleção de judô
Sarah, atleta do peso ligeiro, precisou de cinco lutas para subir ao topo do pódio. Antes da final, derrotou a vietnamita Ngoc Tu Van, a francesa Laetitia Payet, a chinesa Shugen Wu e a belga Charline van Snick, sempre com um bom domínio dos combates - só levou um susto no duelo com a chinesa Wu, quando por pouco não deixa escapar a vitória nos instantes finais da luta. Depois da semifinal contra a belga, saiu chorando do tatame, por saber que já tinha conquistado uma medalha olímpica por antecipação. Foi abraçada por sua técnica Rosicléia Campos - figura essencial para a conquista, ao oferecer, na beira do tatame, a confiança e a motivação necessárias para Sarah lutar com segurança - e teve cerca de duas horas para recuperar a concentração e o fôlego. Contra a romena - uma atleta bem mais experiente, perto de completar 30 anos -, Sarah não se intimidou. Mantendo a postura das lutas anteriores, tomou a iniciativa no combate. Depois de uma tentativa de imobilização no chão, deixou a romena reclamando de dores no braço. Sarah seguiu na ofensiva e, no último minuto do combate, conseguiu encaixar o golpe que decidiu a medalha. A 12 segundos do fim, voltou a pontuar - e selou, assim, sua histórica campanha em Londres. O Brasil soma, desta forma, duas medalhas neste sábado: pouco antes de Sarah disputar a final, Felipe Kitadai venceu a disputa pela medalha de bronze contra o italiano Elio Verde.

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