Rio -  Sempre que fica irritado, o cientista Bruce Banner transforma-se no Incrível Hulk, um dos personagens mais conhecidos das histórias em quadrinhos. Esse efeito é consequência de sua contaminação por raios gama. Se isso tivesse acontecido na vida real, certamente Banner teria sido incinerado. Em São Paulo, cientistas da USP estão usando raios gama para esterilizar o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.
Aedes continua sendo um drama em todos os bairros do Rio | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Aedes continua sendo um drama em todos os bairros do Rio | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Devido à sua alta energia, a radiação gama causa danos no núcleo das células. Por isso é usada para esterilizar equipamentos médicos e alimentos. Os cientistas da USP descobriram que o uso dos raios gama em baixa dose afeta a capacidade reprodutiva do mosquito. O Aedes não morre, mas fica estéril.
Segundo os autores do estudo, a irradiação nos mosquitos não causa danos ao meio ambiente. A aplicação é feita nos mosquitos machos em sua fase de pupa, quando seus órgãos já estão maduros. Depois eles serão soltos no ambiente, onde terão de brigar com mosquitos machos saudáveis pelas fêmeas.
Como são estéreis, os ovos liberados pelas fêmeas não eclodem. Assim, pesquisadores esperam controlar a população de mosquitos. Por enquanto, o teste está sendo feito em ambiente controlado.
A dengue mata pelo menos 20 mil pessoas ao ano no mundo, e ainda não há vacina para prevenir a doença. Só no Estado do Rio, no período de 1 a 19 de janeiro deste ano foram notificados 3.038 casos suspeitos de dengue. A melhor prevenção é acabar com focos do mosquito.