2.22.2013

FIMOSE




Massagem, cirurgia e sensibilidade: tire dúvidas sobre fimose

Especialistas esclarecem dúvidas sobre indicação da cirurgia, pós-operatório e hábitos que devem ser evitados


Ela é motivo de preocupação para muitos pais de primeira viagem e pode causar complicações na vida sexual de um adulto. A fimose é um problema comum gerado pela dificuldade ou incapacidade de expor a cabeça do pênis – chamada de glande - por conta de uma pele – o prepúcio - que estreita a sua passagem.

“Todos os meninos nascem com a pele fechada. Se você for a um berçário e examinar cem meninos, todos terão a pele fechada. Com o passar dos anos, isso deve abrir. Só passa a ser uma doença quando depois de muitos anos não abre. Ninguém nasce com fimose e ninguém examina uma criança nos primeiros anos de vida dizendo que tem fimose”, explica Décio Blucher, cirurgião de fimose do Hospital São Luiz de São Paulo.



Ainda assim, para evitá-la, alguns pais optam por circuncisão nos primeiros dias de vida do bebê, outros investem em massagem durante o banho e há também os que a confundem com uma pequena aderência. Por outro lado, há homens que enfrentam o problema quando adultos e precisam encarar a cirurgia.

Mas afinal, quando a cirurgia é indicada? Quais as complicações do pós-operatório para os adultos? Massagem realmente funciona? Para responder as dúvidas mais frequentes, o Terra conversou com Blucher e com a pediatra Wylma Hossaka, chefe do Pronto Socorro infantil da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Confira a seguir.

O que é fimose?
Todos os meninos nascem com uma pele, chamada de prepúcio, grudada à cabeça do pênis, a glande. Isso é completamente comum e não traz problemas para o bebê, desde que não interrompa o fluxo da urina e cause infecções. Nos primeiros anos de vida, o prepúcio deve começar a abrir, mas em alguns casos isso não acontece. Dessa forma, a fimose é quando há impossibilidade de expor a glande porque um pequeno “anel” estreita sua passagem.

Quais as causas da fimose? Pode ser genética?
Diferentemente do muitos homens pensam, a fimose não é passada de pai para filho. De acordo com os especialistas, o que acontece em alguns casos é que o esforço inadequado e má higiene podem causar assaduras que infeccionam a região e deixam a abertura do prepúcio mais estreita.


Fazer massagem no banho pode prejudicar o bebê Foto: Getty Images
Fazer massagem no banho pode prejudicar o bebê
Foto: Getty Images

Existe uma idade limite para o prepúcio se descolar naturalmente?
Sim. “De uma certa maneira, no primeiro ano de vida, a não exposição direto do canal da uretra protege o bebê contra infecção urinária. Mas a partir do desfralde, que acontece em média aos 2 anos e meio, a cirurgia é indicada. Antes disso, o prepúcio costuma se descolar naturalmente“, detalha Hossaka.

Quando a cirurgia é indicada?
Em alguns casos, a cirurgia é feita logo após o nascimento da criança, mas isso geralmente envolve tradições familiares ou crenças, já que não é possível diagnosticar o problema nos primeiros anos de vida. De acordo com Blucher, a circuncisão é indicada quando o estreitamento do prepúcio causa dores, inflamações e infecções, como a urinária. Ainda assim, ele aponta benefícios e malefícios de fazer a cirurgia em diferentes fases da vida. “Quanto mais cedo operar, mais confortável o pós-operatório, mas há menor garantia de que o problema mais se resolver. Quanto mais tarde operar, pior o pós-operatório, mas é mais garantido que o problema vai se resolver”, aconselhou.

É verdade que fazer massagens no banho ajuda o prepúcio a se descolar? 
Não. Não existe nenhum estudo que comprove que a massagem funciona nestes casos. Segundo Hossaka, o hábito pode até ser prejudicial para o bebê, lacerar e causar fissuras na região, que cicatrizam com fibrose e agravam o problema. “Há uma aderência, que os pais confundem com fimose, em que a massagem pode ajudar. Mas se resolver com massagem, não é fimose. A fimose não sede. Por isso, nesses casos, o melhor é consultar um médico e ver se existe a necessidade de uma intervenção cirúrgica”, justifica a pediatra.

Depois da operação, o paciente pode sentir dor ao urinar?
Sim. Como o pênis fica inchado após a cirurgia, é comum sentir desconforto na hora de urinar. O mais difícil nessa fase é lidar com o inchaço  e evitar de encostar a glande na roupa ou fralda.


Os pacientes podem sentir desconforto para urinar após a cirurgia Foto: Getty Images
Os pacientes podem sentir desconforto para urinar após a cirurgia
Foto: Getty Images

Como é pós-operatório?
O pós-operatório depende de quanto tempo demora para o pênis desinchar. “Quando a pele está grudada e você solta, fica com aspecto parecido ao de ralado de cotovelo ou joelho depois de cair e machucar. Essa crosta fica por um tempo, entre 10 e 14 dias”, disse Blucher. Nessa fase, é preciso manter a área o mais confortável possível e acompanhar com medicamentos que auxiliem na recuperação, de acordo com orientação médica.

É possível evitar a fimose? 
“O mais indicado é fazer uma higienização correta. Manter a área sempre limpa é a principal maneira de evitar inflamações e infecções”, indica Wylma.

Quando a cirurgia é realizada em adultos, as ereções podem complicar o pós-operatório?
Alguns homens podem sentir dores e ter problemas com os pontos durante ereções involuntárias. Esse é um dos motivos que tornam o pós-cirúrgico mais complicado na fase adulta, mas tudo depende do procedimento usado pelo médico. “Homem não controla a ereção, ela acontece várias vezes durante a noite. Se a cirurgia foi tecnicamente bem feita, os pontos não vão estourar”, explica cirurgião de fimose do Hospital São Luiz.

A circuncisão afeta a sensibilidade do pênis?
Sim. “Com certeza altera a sensibilidade, mas os estudos de comportamento sexual mostram que não há alteração na atividade sexual. Há bilhões de homens circuncisados do mundo. Se tivesse algum problema, haveria um consenso para deixar de fazer a cirurgia”, justifica Blucher.




Terra

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