4.27.2013

. Crise? Que crise?

TUDO QUE O PSDB E SEUS ALIADOS PRECISAM É DE UMA MARINA SILVA TRANSFORMADA EM VÍTIMA E DE UMA CRISE FABRICADA ATRÁS DA OUTRA ATÉ 2014 PARA PODEREM SONHAR...

Joaquim Barbosa, Renan Calheiros, Dilma Roussef e 
Michel Temer. Crise? Que crise?


Logo após o primeiro turno da eleição presidencial em 2010, quando ficou definida a disputa entre Dilma Roussef e Serra,  em uma das minhas caminhadas no mercado municipal de Campinas parei em uma pastelaria e pude ouvir a conversa de dois evangélicos que também frequentavam a pastelaria. Eles conversavam sobre religião e política, com destaque para o desfecho da eleição presidencial, com a ida de Serra para o segundo turno e não de Marina Silva, a candidata deles. Percebi na conversa deles que não existia a menor possibilidade votarem em Serra, pelo que ouvi ficou claro a identificação do candidato tucano com o tempo de FHC e a situação de miserabilidade que tinham vivido, fiquei por perto e eles continuaram comentando que apesar de admirarem muito o então Presidente Lula, não nutriram a mesma confiança em relação a sua candidata Dilma Roussef, principalmente pelo fato de que não conheciam a candidata bem e também porque tinham ouvido falar na igreja deles e na Internet que Dilma poderia ser perigosa por ser ex-guerrilheira e “ser a favor do aborto e não ter religião” (na opinião deles).
Eles tinham votado em Marina Silva no Primeiro Turno, mas relevaram que se Dilma Roussef tinha ido para o Segundo Turno e de acordo com a conversa deles isso foi “a vontade de Deus”, então Dilma não era aquilo que tinham achado, nesse caso o voto deles no segundo turno seria de Dilma.
Ora, todo mundo sabe que Dilma Roussef e Michel Temer foram alvos de ataques, principalmente na Internet, orquestrados na campanha de José Serra em 2010. A confusão criada na cabeça dos eleitores mais religiosos provocada por ataques apócrifos ficou evidente. Em nenhum momento a campanha eleitoral de Serra assumiu os ataques, mas que eles vinham do candidato tucano, que para isso até contratou um profissional, não resta a menor dúvida.
Por isso mesmo afirmo e de forma categórica que essa idéia de que Marina Silva é uma candidata muito forte a Presidência da República tem que ser mitigada porque a conjuntura de 2010 não será a mesma de 2014. A realidade esta sempre em movimento.
O que se observa hoje, a mais de um ano da eleição presidencial é que devido ao fato da Presidenta Dilma Roussef gozar de altos índices de popularidade, na casa dos 80% de aprovação, mesmo que o Brasil esteja inserido em um cenário de crise mundial com crescimento menor, a aprovação do Governo continua em alta com grandes possibilidades de reeleição da presidenta.
Mantida esta conjuntura as chances da oposição ficam reduzidas, pois não existirão as condições básicas e objetivas para que ela vença o debate político. Ou seja, guardadas as devidas proporções, estaremos na mesma situação de 2010, o que significa que será necessário um clima de crises, uma acontecendo após a outra, para modificar a perspectiva de conjuntura.
Por isso mesmo, a partir de agora qualquer crise será bem vinda para a oposição e seus aliados, principalmente na mídia tradicional, para criar um clima onde a emoção transcenda a razão para que uma candidatura Marina Silva possivelmente alçada a condição de vítima de seus adversários possa ser resgatada no imaginário popular para cumprir seu papel, ou seja, provocar novamente um segundo turno em 2014. É com isso que sonha a oposição.
Para o PSDB e seus aliados, Marina Silva é colírio nos olhos, precisa ser transformada em vítima, pouco importa se a emenda do Deputado Federal Edinho Araújo poderá significar um avanço rumo a tão sonhada reforma política, Marina e seu Rede precisam ser defendidos a qualquer preço.
E Eduardo Campos? Bem esse é um caso sério porque na realidade fica cada vez mais difícil para ele explicar porque esta vestindo a casaca de oposicionista se é tão identificado com o projeto político que governa o Brasil desde 2003 e nesse caso o risco que ele corre é de se diluir no processo sendo absorvido pelo fato de não conseguir ser nem governo e nem oposição.
Assim, voltando aos evangélicos do inicio deste texto, fica a impressão de que Marina Silva, o PSDB e seus aliados e, até mesmo Eduardo Campos, na realidade enxergam esses eleitores apenas como simples massa de manobra e nada mais.
Flávio Luiz Sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com

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