4.04.2013

Jogos de guerra.

Coreia do Norte movimenta míssil e faz EUA reforçarem defesas

Exército do regime comunista diz que tem carta branca para ataque

AFP

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A Coreia do Norte aproximou um míssil de teste de sua costa e ameaçou novamente os Estados Unidos, no momento em que o Pentágono anunciava a mobilização iminente de uma bateria antimísseis na ilha de Guam, no Pacífico.

O ministro da Defesa sul-coreano, Kim Kwan-Jin, afirmou que o míssil pode chegar a uma distância considerável, mas não até a América do Norte.

"Pode ser destinado a realizar testes de disparos ou treinamentos militares", declarou a parlamentares.

A Coreia do Norte intensificou sua retórica belicista ao advertir que seu Exército conta com a autorização final para efetuar um ataque contra os Estados Unidos e abrindo a possibilidade do uso de armas nucleares.

O Estado-Maior do Exército norte-coreano indicou que informara oficialmente a Washington que os americanos serão esmagados utilizando "meios nucleares", segundo um comunicado citado pela agência oficial norte-coreana, KCNA.

"A operação sem compaixão" das forças norte-coreanas "foi definitivamente examinada e ratificada", indicou o Exército, acrescentando que uma guerra na península coreana pode eclodir "hoje ou amanhã".

"Os Estados Unidos devem refletir sobre a grave situação atual", acrescentou, considerando que os voos de bombardeiros B-52 e B-2 americanos sobre a Coreia do Sul estão na origem deste agravamento da crise.

Apesar do lançamento bem-sucedido de um míssil em dezembro, os especialistas não consideram que neste momento a Coreia do Norte tenha capacidade para atingir diretamente o território americano. No entanto, Pyongyang ameaçou atacar Guam e Havaí, e está em condições de atingir a Coreia do Sul e o Japão, onde estão mobilizados 28.500 e 50.000 soldados americanos, respectivamente.

A agência sul-coreana Yonhap e o jornal japonês Asahi Shimbun indicaram que a Coreia do Norte parece ter instalado em sua costa oriental uma bateria de mísseis Musudan de médio alcance (3.000 km).

Segundo fontes de inteligência militar citadas pela Yonhap, a Coreia do Norte pode lançar um míssil no dia 15 de abril, aniversário do nascimento do fundador do regime comunista, Kim Il-Sung, que faleceu em 1994.

As autoridades norte-coreanas, furiosas pelas sanções da ONU após seu teste nuclear de fevereiro, ameaçaram os Estados Unidos com um ataque nuclear preventivo, enquanto as tensões militares na Península Coreana registravam uma escalada, em um momento de tensão sem precedentes nos últimos anos.

A Rússia, que está muito preocupada com a situação "explosiva perto de (suas) fronteiras no Extremo Oriente", considerou inaceitável que a Coreia do Norte não respeite as resoluções da ONU (sobre a não-proliferação nuclear) e afirmou que as iniciativas de Pyongyang no âmbito nuclear bloqueiam de fato uma retomada das negociações multilaterais.

A China, principal aliada da Coreia do Norte, pediu calma e moderação a todas as partes envolvidas no conflito.

Os apelos feitos a Pequim para que tente apaziguar o regime de Kim Jong-Un se multiplicaram. A França desejou que a China, que tem poder sobre a Coreia do Norte, intervenha na crise. Berlim também pediu à China que atue com um papel tranquilizador.

A União Europeia pediu nesta quinta-feira a Pyongyang que não alimente as tensões e que se comprometa em favor da paz e da segurança. A UE também pediu que o regime comunista desista da reativação de seu reator nuclear na central de Yongbyon.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou-se nesta quinta-feira profundamente preocupado pela escalada da retórica de Coreia do Norte.

Pouco antes do anúncio do Exército norte-coreano, o Pentágono anunciou na quarta-feira a mobilização de uma bateria antimísseis THAAD sobre a ilha de Guam, de onde decolam os B-52 que sobrevoaram a Coreia do Sul.

Este sistema de defesa se soma à mobilização de dois destróieres Aegis antimísseis no Pacífico Ocidental.

Para o secretário de Defesa, Chuck Hagel, que se reuniu com seu colega chinês, Chang Wanquan, as provocações de Pyongyang representam um perigo claro e real.

Ban Ki-moon também manifestou sua decepção e preocupação com as restrições que afetam os trabalhadores sul-coreanos que trabalham em Kaesong.

A Coreia do Norte bloqueou nesta quinta-feira o acesso de centenas de empregados sul-coreanos ao complexo industrial intercoreano de Kaesong pelo segundo dia consecutivo, indicou um jornalista da AFP perto da fronteira da Coreia do Sul com o Norte.

O complexo de Kaesong, preciosa fonte de renda para a Coreia do Norte, foi inaugurado em 2004 com o objetivo simbólico de estabelecer uma cooperação entre as duas Coreias.

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