4.01.2013

Mudança no tratamento contra a osteoporose

Depois do alerta da Anvisa sobre os perigos para a saúde da droga mais usada para tratar a doença, médicos explicam como controlar o problema sem correr riscos

Rio -  Pacientes que sofrem de osteoporose tomaram um susto esta semana. A maioria usa, para fortalecer os ossos, remédios do grupo dos bisfosfonatos. Mas, de acordo com alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), essas drogas teriam efeito contrário: aumentariam o risco de fratura de fêmur e estariam associados a derrame a câncer de esôfago.
Foto: Fernando souza / Agência O Dia
Foto: Fernando souza / Agência O Dia
Então, qual é a saída? Segundo os especialistas, é o tratamento personalizado, que inclui dieta equilibrada, exercícios e suplementos de cálcio e de vitamina D.
Maria Nazareth Miguez, 82 anos, tomava medicamentos à base de bisfosfonatos há mais de cinco anos. Diante do parecer da Anvisa, parou, por conta própria, de tomar o remédio. Só que agora ela ficou sem proteção nenhuma.
A atitude é equivocada, alerta Bernardo Stolnicki, vice-presidente do comitê de Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Os bisfosfonatos são seguros e têm efeitos benéficos quando bem indicados, afirma ele.
Mas, usados por mais de cinco anos, elevam o risco de fraturas em pequena parcela dos pacientes. Nesses casos, há outras opções, algumas com menos efeitos agressivos. “Só não vale automedicação ou interromper o remédio sem consultar seu médico”, reforça Stolnicki.
Apesar dos perigos, os bisfosfonatos (o mais conhecido da turma é o alendronato), no mercado há 20 anos, ainda são a primeira opção dos médicos. Por isso, milhares de doentes não sabem o que fazer após o alerta da Anvisa.
Foto: Arte: O Dia
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Para Luís Augusto Russo, da Sociedade Brasileira do Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral, não há motivo nenhum para pânico. “Hoje, temos diferentes fármacos para tratar a osteoporose, com dosagens e uso específicas, orais e injetáveis. Só a avaliação vai apontar qual é o melhor em cada situação”.
O mais importante, acrescenta o médico, é ter um tratamento individualizado. “A reposição de vitamina D é fundamental para maior absorção do cálcio.

Também ajuda muito caminhar sob o sol para melhor conversão da vitamina D; e praticar musculação leve com pesos, com orientação”, ensina Russo.
A osteoporose é traiçoeira e silenciosa. A partir dos 30 anos, o corpo naturalmente vai perdendo massa óssea, e o tecido se renova. Mas chega um momento em que ele não consegue fazer mais isso. Então, fica tão frágil e se quebra mesmo sem sofrer nenhum trauma. “Não raro é o primeiro sintoma. Às vezes, a pessoa se abaixa e quebra uma vértebra”, diz Stolnicki.
Daí a importância do diagnóstico precoce, por meio de exames clínicos, laboratoriais e de densitometria óssea. “Pessoas que tomaram por muito tempo remédios com cortisona, como anti-inflamatórios, correm risco de sofrer osteoporose porque essa substância ataca o osso. Também o fumo e o abuso de álcool prejudicam a renovação óssea”, alerta Stolnicki.
PARTES MAIS FRÁGEIS
Os locais mais comuns de fratura por osteoporose são a coluna, colo do fêmur, pulso e vértebras. A fratura de fêmur é considerada uma das mais graves e pode deixar a pessoa imobilizada por vários meses.

DIAGNÓSTICO
Além de exame clínico e físico, o médico pede análises de sangue e de urina. Outro exame importante é a densitometria óssea, que serve para medir a densidade dos ossos e avaliar o risco de fraturas.

Para mulheres com fatores de risco, como baixa estatura e fratura espontânea, médicos recomendam exames para detectar osteoporose a partir dos 50 anos.
Anvisa quer mais cuidado na prescrição
A Anvisa pesquisou os bisfosfonatos porque eles são os mais receitados. A técnica Misani Ronchini diz que a investigação foi feita a partir de estudos publicados em literatura específica sobre os efeitos dessas drogas, depois de três anos de uso, em mulheres na menopausa.
Foram encontradas notificações de fraturas, derrame e câncer de esôfago. “Com a divulgação desses dados, queremos que os médicos fiquem mais atentos a esses problemas. Não estamos recomendando a suspensão da droga ou interrupção de tratamento.”
Reportagem de Antônio Marinho

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