4.13.2013

Nova análise de hominídeo confirma mistura de traços humanos e símios


Série de estudos da anatomia do Australopithecus sediba, descoberto em 2008, não consegue estabelecer definitivamente se espécie é ancestral direta do homem

São Paulo -  Um grupo de paleontólogos divulgou nesta quinta-feira uma nova série de estudos sobre o Australopithecus sediba , uma espécie de homínideo descoberta na África do Sul, que mistura traços símios e humanos. Os novos estudos mostram que ele tinha uma forma bastante peculiar de se locomover, mas os cientistas ainda não conseguem estabelecer definitivamente onde ele se encaixa na árvore genealógica do ser humano. Para isso, será necessário descobrir mais fósseis da espécie.
Crânio reconstituído do Au. sediba: mosaico de anatomias | Foto: Divulgação
Crânio reconstituído do Au. sediba: mosaico de anatomias | Foto: Divulgação
Acredita-se que o gênero Homo , onde se encontra a espécie do ser humano, surgiu de um grupo de hominídeos mais antigos, os australopitecos. O Au. sediba faz parte deste grupo, então suas similaridades com os humanos são importantes para responder a questão de como os Homo evoluíram.
O Australopithecus sediba viveu já dois milhões de anos, e tanto subia em árvores quanto andava com dois pés. Seus fósseis foram descobertos em 2008 quando o filho de nove anos de um paleoantropólogo encontrou um osso por acaso na África do Sul.
Uma análise dos ossos feita em 2011 confirmou a mistura de traços humanos e símos, como se a espécie fosse um retrato de um processo evolutivo em andamento. O tema continua nos seis estudos publicados na edição desta semana do periódico científico Science , que completou o exame anterior de dois esqueletos parciais e um osso da canela.
Reconstrução do Au. sediba (centro) com esqueletos de uma mulher humana (esquerda) e chimpanzé macho (direita) | Foto: Divulgação
Reconstrução do Au. sediba (centro) com esqueletos de uma mulher humana (esquerda) e chimpanzé macho (direita) | Foto: Divulgação
O autor de um dos artigos Jeremy DeSilva, da Universidade de Boston, disse que os fósseis revelam um inesperado "mosaico de anatomias": "Não imaginei que pudesse haver esta combinação de mão com pélvis com pé... E no entanto, ela existe". DeSilva disse que não pode afirmar com certeza que o Au. sediba é parente direto do ser humano, já que cada característica dos ossos aponta para uma conclusão diferente.
Entre as novas análises, a parte superior da caixa tóracica do homínideo é parecida com a de um macaco, como um chimpanzé, enquanto a inferior lembra mais a do ser humano. Os ossos dos braços, com exceção da mão e do punho, são primitivos, refletindo a capacidade de escalar árvores, enquanto exames anteriores das mãos revelaram traços misturados.
Os dentes seguem a mesma linha de mistura de características, mas de acordo com a cientista que os estudou, eles fornecem mais provas que o Au. sediba é aparentado com os hominídeos do gênero Homo . Segundo Debbie Guatelli-Steinberg, da Universidade Estadual de Ohio, o Au. sediba e o Australopithecus africanus parecem ser mais próximos do ser humano do que outros australopitecos, incluindo o Au. afarensis , também conhecido como Lucy.
Mas as análises não conseguem determinar qual das duas espécies é mais próxima, ou se o Au. sediba é um ancestral direto do ser humano.
Outro estudo, também por DeSilva, analisou os ossos das pernas do hominídeo, e concluiu que ele andava como nenhum outro animal. Seu calcanhar era como de um primata, o que impossibilitaria o andar ereto, mas os ossos dos joelhos, quadril e pélvis, mais próximos dos humanos, provam que ele conseguia andar com duas pernas. Deste modo, os autores propõem que em vez de andar colocando primeiro o calcanhar no chão, como fazem os Homo sapiens , o Au. sediba tocava o solo com a lateral externa do pé, girando o pé para andar para a frente, o que é chamado pronação. No ser humano, a pronação pode causar dor no pé, joelhos, quadril e costas, de acordo com DeSilva, que tentou andar como o homínideo. "Tentei andar pelo campus da universidade assim, e realmente dói," disse à AP.
Mas as características do resto dos ossos do Au. sediba preveniam este problema, ressaltou o pesquisador. Aparentemente, este meio termo era a melhor solução para uma espécie que tinha que escalar árvores com eficiência, bem como andar ereto.
 
As informações são do iG

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