7.06.2013

Polícia turca usa bombas de gás para impedir protesto na praça Taksim


Policiais impediam com bombas os manifestantes de chegar ao local.
Justiça da Turquia cancelou ação de urbanização que originou protestos.



Da France Presse




Polícia turca atira gás lacrimogênio contra os manifestantes para dispersar a aglomeração que se reunia na Praça Taksim, em Istambul, neste sábado (6) (Foto: Thanassis Stavrakis/Associated Press)Polícia turca atira gás lacrimogêneo contra os manifestantes para dispersar a aglomeração que pretendia se reunir na Praça Taksim, em Istambul, neste sábado (6) (Foto: Thanassis Stavrakis/Associated Press)
Equipados com escudos e máscaras de gás, os policiais do Batalhão de Choque turco lançaram bombas de gás lacrimogêneo e utilizaram jatos d'água para dispersar milhares de pessoas que queriam chegar neste sábado (6) à praça Taksim, em Istambul, símbolo da revolta contra o governo turco.
Convocados pelo grupo Solidariedade Taksim, que originou a contestação ao governo, os manifestantes enfrentaram o grande dispositivo de segurança mobilizado pela polícia, que bloqueava sua passagem em direção à praça, e se dispersaram na grande avenida de pedestres Istiklal e nas ruas adjacentes.
Os agentes recuaram pouco antes da meia-noite (18h de Brasília) e permitiram o acesso de turistas e moradores à praça.
Várias pessoas foram presas, de acordo com a imprensa turca. Entre os detidos, há dois homens acusados de atacar manifestantes com arma branca, anunciou o governador de Istambul, Huseyin Avni Mutlu, em sua conta no Twitter.
No início de junho, um Tribunal de Istambul invalidou o controverso projeto de urbanização da área da Taksim, alegando que a população não havia sido consultada e que viola sua "identidade". Essa decisão, que foi divulgada apenas esta semana, foi comemorada como uma vitória pelos opositores do projeto.
"Voltamos para o nosso parque para entregar com nossas próprias mãos àqueles que proibiram seu acesso à população a decisão da Justiça que anula o projeto destinado a retirar a identidade do parque Gezi, e privá-lo de seus usuários e concretá-lo", anunciou o grupo em um comunicado.
Várias horas antes desses novos incidentes, o governador Avni Mutlu lembrou aos manifestantes que as reuniões na praça Taksim estão proibidas.
Caminhões usados pela polícia turca para dispersar manifestantes com jatos d'água e impedi-los de ir à Praça Taksim neste sábado (6) (Foto: Thanassis Stavrakis/Associated Press)Caminhões usados pela polícia turca para dispersar manifestantes com jatos d'água e impedi-los de ir à Praça Taksim neste sábado (6) (Foto: Thanassis Stavrakis/Associated Press)
"Planejamos reabrir o parque Gezi amanhã (domingo) ou, no mais tardar, na segunda-feira, para que esteja à disposição de todos os cidadãos', declarou à imprensa.
No dia 31 de maio, a polícia turca agiu violentamente para retirar centenas de militantes ambientalistas que se reuniram no parque Gezi para mostrar sua rejeição à retirada das 600 árvores do local, como parte de um projeto urbanístico.
Esse projeto, defendido pelo primeiro-ministro e ex-prefeito de Istambul, Recep Tayyip Erdogan, previa a reconstrução de uma antiga caserna otomana no lugar do parque e a escavação de túneis, para entregar o local para os pedestres.
A violência dessa intervenção provocou a ira de muitos turcos e transformou o movimento de defesa do parque Gezi em uma ampla contestação política contra o governo, no poder desde 2002.
Segundo estimativas da polícia, cerca de 2,5 milhões de pessoas foram às ruas em pelo menos 80 cidades, durante três semanas, para exigir a renúncia do premier, acusado de comportamento autoritário e de querer 'islamizar' a sociedade turca.
O parque Gezi foi ocupado por mais de duas semanas por milhares de manifestantes, até serem desalojados pela força policial em 15 de junho. Os protestos deixaram quatro mortos - três manifestantes e um policial - e quase 8.000 feridos, segundo o último balanço da Associação dos Médicos.
Mulher cobre o rosto para se proteger do gás lacrimogêneo usado pela política turca para dispersar a aglomeração que protestava na Praça Taksim, em Istambul, neste sábado (6). (Foto: Thanassis Stavrakis/Associated Press)Mulher cobre o rosto para se proteger do gás lacrimogêneo usado pela política turca para dispersar a aglomeração que protestava na Praça Taksim, em Istambul, neste sábado (6). (Foto: Thanassis Stavrakis/Associated Press)

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