8.10.2013

Vacina inédita contra malária

Imunizante ofereceu segurança e proteção contra parasita causador da doença

O Globo

Larvas do mosquito Anopheles albimanus, transmissor da malária
Foto: LUIS ROBAYO / AFP
Larvas do mosquito Anopheles albimanus, transmissor da malária LUIS ROBAYO / AFP
RIO- Os primeiros testes clínicos com uma vacina experimental contra a malária foram bem sucedidos, segundo uma publicação na revista “Science”. Além de seguro, eles geraram uma resposta do sistema imune e ofereceram proteção contra a infecção em adultos sadios, de até 90%. O imunizante, conhecido como PfSPZ, foi desenvolvimento por cientistas da companhia Sanitária, de Rockville, nos Estados Unidos. Os próximos testes ocorrerão na África.
A avaliação clínica foi conduzida por pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA. A malária é transmitida a humanos pela picada do mosquito infectado. O parasita, num estágio ainda imaturo, chamado esporozoíto, circula pelo fígado, onde se multiplica, e então se espalha pela corrente sanguínea, quando os sintomas se manifestam.
A vacina é composta de esporozoítos enfraquecidos da espécie Plasmodium falciparum, o mais mortal dos parasitas causadores da malária.
— O peso global da malária é extraordinário e inaceitável — afirmou o diretor do instituto, Anthony S. Fauci. — Cientistas e funcionários de saúde tiveram ganhos significativos em caracterizar, tratar e prevenir a malária. Entretanto, a vacina permaneceu um objetivo a se atingir. Estamos esperançosos de que estamos perto de mais um passo à frente.
De acordo com os últimos números da Organização Mundial de Saúde (OMS), ocorreram 219 milhões de casos de malária em todo o mundo em 2010, com cerca de 660 mil mortes. A doença é uma das maiores assassinas do mundo, sobretudo na África.
A primeira fase de testes contou com 57 voluntários adultos, com idades entre 18 e 45 anos, que nunca tiveram malária. Destes, apenas 40 participantes receberam o imunizante. Para avaliar sua segurança, foram administradas entre eles de duas a seis doses intravenosas da vacina. Depois, os participantes foram monitorados por uma semana e nenhum efeito adverso associado a ela foi registrado.
Com base em exames de sangue, os cientistas descobriram que os participantes que receberam as maiores dosagens do PfSPZ desenvolveram mais anticorpos contra a malária e mais células T — tipo de célula do sistema imune — específicas à vacina tomada.
Para avaliar se e como ela prevenia contra a infecção, cada participante — tanto os vacinados quanto os que não receberam o imunizante — foram expostos a picadas do mosquito. Os pesquisadores mostraram que os que receberam as maiores dosagens tiveram os maiores índices de proteção.
— Estes resultados experimentais são promissores para a geração de uma proteção contra a infecção da malária — afirmou Seder.

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