12.05.2013

Vítimas do bullying: o frágil e o forte

The New York Times A maioria das pessoas já viu valentões em ação, transformando a vida alheia num inferno. Seus alvos costumam escapar da intimidação relativamente ilesos, mas às vezes ela se torna insuportável.
Isso pode ser verdade tanto se a vítima for uma menina de 12 anos quanto um jogador de futebol americano de 136 quilos.
Um jogador do Miami Dolphins deixou recentemente a Liga Nacional de Futebol Americano porque era repetidamente insultado e ameaçado por um colega de equipe, Richie Incognito. Muitos torcedores ficaram chocados com os detalhes das mensagens de texto e voz, cheias de palavrões, que Incognito enviava, enquanto outros defenderam seu comportamento, dizendo ser algo natural em um esporte tão rude.
Algumas pessoas ficaram espantadas que Jonathan Martin, que tem 1,95 m de altura, pudesse ser atingido "emocionalmente por provocações de um colega de time", escreveu o colunista Timothy Egan no "New York Times". "Pode-se mesmo machucar um parrudão com palavras?"
Com base na sua própria experiência como jogador de futebol americano no colégio, Egan diz que sim. Ele era mais baixo do que os outros e tinha um enorme cabelo rebelde que chamava a atenção. Seus colegas o azucrinavam. "Sei muito bem como é se entregar em um jogo e ter pessoas que são parte dele, seus colegas de equipe, magoando você."
Nem todos os que fazem bullying são homens. O "Times" noticiou recentemente que cientistas avançaram no entendimento da agressão por parte de mulheres jovens.
"A existência da competição feminina pode parecer óbvia para qualquer um que já esteve numa cantina de escola ou num bar de solteiros", escreveu John Tierney, "mas é difícil analisá-la, porque tende a ser mais sutil e indireta (e bem menos violenta) do que a variedade masculina".
Pesquisadores descobriram que mulheres eram mais propensas a fazer comentários maldosos sobre mulheres que elas consideravam rivais pela atenção masculina. Em um experimento, um grupo de garotas do ensino médio reagiu negativamente quando uma moça vestindo blusa decotada e saia curta entrava na sala, mas elas mal notavam a mesma mulher se ela estivesse usando jeans e camiseta.
E, em vez de confrontarem a mulher diretamente, as jovens faziam piadas sobre ela assim que a "assanhada" saísse da sala.
"Na verdade, as mulheres são muito capazes de agredir as outras, especialmente mulheres percebidas como rivais", disse Tracy Vaillancourt, psicóloga da Universidade de Ottawa.
Para vítimas do bullying que sejam jovens ou de alguma maneira vulneráveis, os danos podem ser trágicos. Em setembro, uma menina de 12 anos da Flórida, chamada Rebecca Ann Sedwick, suicidou-se depois que outras garotas a molestaram pela internet. Ela foi para uma fábrica de cimento abandonada, subiu em uma plataforma e saltou.
"Rebecca se tornou um dos mais jovens membros de uma lista crescente de crianças e adolescentes aparentemente levados ao suicídio, pelo menos em parte, depois de terem sido difamados, ameaçados e zombados on-line", relatou o "Times".
Os adolescentes não usam só o Facebook ou o Instagram para se provocarem. Novos aplicativos surgem constantemente, tornando mais difícil para os pais manterem controle sobre as atividades dos filhos. A mãe de Rebecca, Tricia Norman, não sabia que a filha estava recebendo mensagens que diziam: "Você é feia" e "Dá pra morrer, por favor?".
"Você ouve falar disso a toda hora", disse Norman sobre o bullying na internet. "Mas eu nunca pensei que iria acontecer comigo ou com minha filha
." EMMA G. FITZSIMMON
DO "NEW YORK TIMES"

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