8.17.2013

Barba pode deixar homem até oito anos mais velho, diz estudo



Homens com barba podem aparentar até oito anos mais velho do que quando estão com a pele lisa, segundo pesquisa feita pelo cirurgião plástico Assim Shahmalak, da Crown Clinic. Foram mostradas fotos do Príncipe William, David Beckham, Jude Law, George Clooney e Brad Pitt com e sem pelos faciais, os participantes apontaram a barba como sinal de envelhecimento de cinco a oitos anos.


Aos 31 anos, o príncipe William ficou com aparência de 36, segundo entrevistados. David Beckham, que tem 38 anos, ficou com cara de 34 quando barbeado, e 39 com barba. Jude Law, de 40 anos, aparentou três anos mais velho com barba. O ator George Clooney “rejuvenesceu” cinco anos quando apareceu sem pelos faciais. 

Apenas bem Affleck e Hugh Jackman aparentaram mais jovens com barba, segundo o estudo. Segundo o especialista, a barba dá aparência mais máscula aos homens, mas também faz com que eles fiquem com cara de mais velhos.

Terra

O sono muda com a idade; veja 10 técnicas para melhorar o hábito


As pessoas dormem e acordam mais cedo com o avançar da idade Foto: Getty Images As pessoas dormem e acordam mais cedo com o avançar da idade Foto: Getty Images
Especialistas afirmam que o sono muda ao longo da idade. Segundo o site Huffington Post, quanto mais velha a pessoa fica, mais cedo ela se cansa e mais cedo ela acorda. Os bebês, por exemplo, podem dormir até 16 horas por dia, enquanto um adulto irá ficar na cama entre sete e oito horas por dia e esse número diminui mais ainda quando a velhice chega. 

"Análises demonstraram que a quantidade de sono que temos diminui em cerca de 10 minutos por década até a idade de 60 anos, e que este declínio é mais acentuado nos homens em comparação com as mulheres", afirma Bradley Edwards da Harvard Medical School, dos Estados Unidos.

Ele explica ainda quais as alterações normais do sono chegam com a avançar da idade. São elas: dormir por menos tempo, levar mais tempo para conseguir dormir, acordar com mais frequência durante a noite, acordar mais cedo, ter sono mais cedo e cochilar durante a tarde.

Crianças dormem naturalmente mais horas Foto: Getty Images
Crianças dormem naturalmente mais horas
Foto: Getty Images
O problema para muitos adultos é que alguns deles não aceitam estas mudanças e, ao invés disso, "começam a se preocupar com o sono mesmo quando não tem nada de anormal quanto a isso", explica Dan G. Blazer, geriatra e psiquiatra da Universidade de Duke, também nos Estados Unidos. Ele diz ainda que as preocupaçãoes são inimigas do sono e que o hábito continua sendo essencial para a saúde física e mental, mesmo com o passar das décadas.

Com tantas mudanças, a mais difícil delas é que os idosos têm uma fase avançada de sono, querendo ir para a cama por volta das 19 horas e acordando muito cedo. Assim, para as pessoas com vidas sociais mais agitadas, que têm planos de jantar com os amigos, por exemplo, este ciclo de sono pode se tornar um conflito. Assim, ficar acordado quanto está com vontade de dormir pode atrapalhar o sono o que causa a vontade de tirar um cochilo durante a tarde.

Cochilar ou não?
O cochilo durante a tarde é assunto comum de debate entre especialistas. Portanto, o que fazer? A conclusão que eles chegaram é que nem todos devem ceder. "As recomendações para dormir durante o dia são aconselhavéis dependendo da história médica de cada paciente", explica Edwrads.

O cochilo deve ser evitado por quem quer um sono melhor durante a noite, independente da idade, além das pessoas que têm insônia, já que o cochilo interfere no ciclo natural do sono. Mas, para os adultos que não dormiram o suficiente à noite, um cochilo curto, em média de 30 minutos, pode ser bom perto do almoço ou do jantar.

Como ter um sono melhor?
Especialistas falam em higiene do sono, métodos que ajudam a melhorar a qualidade do hábito e que devem ser cuidados com o passar dos anos. Veja quais são elas:
1) Limite os cochilos ao início da tarde, caso você realmente precise deles. 2) Tenha uma rotina de sono indo dormir em horários parecidos. Alterar muito o momento de ir para a cama pode dificultar o ciclo. 3) Evite álcool, cafeína e tabaco.  4) Faça exercícios dísicos durante o dia, mas evite a academia depois das sete horas da noite. 5) Use sua cama apenas para dormir e fazer sexo. Evite trabalhar, ver TV ou estudar nela. 6) Evite olhar para o relógio quando acorda durante a madrugada. 7) Mantenha o quarto fresco e deixe o ar circular durante o dia. 8) Evite focar nas preocupações antes de dormir. 9) Mantenha o quarto escuro e, antes de dormir,  evite focos fortes de luz, como a televisão, por exemplo. 10) Se a falta ou excesso de sono estiver incomodando muito, converse com seu médico, pois pode ser mais do que o avançar da idade. Dor crônica, depressão e distúrbios de sono devem ser tratados por especialistas.

Limão que cura

Caspas e acne: veja 9 benefícios do limão para a saúde da pele

O limão tem propriedades que ajudam a revitalizar pele, cabelo e unha Foto: Getty Images
O limão tem propriedades que ajudam a revitalizar pele, cabelo e unha
Foto: Getty Images
Quando éramos crianças, nosso primeiro contato com o limão não foi muito amigável. Mas, agora que já somo crescidos, até que gostamos bastante do sabor e colocamos limão em frangos, carnes, biscoitos, doces e, principalmente, nos coquetéis.

A fruta é uma importante fonte de vitamina C, magnésio e potássio, além de minerais e antioxidantes que melhoram a aparência e textura dos nossos cabelos, pele e unhas. Por isso, o jornal Huffington Post listou 9 manerias de usar limão como um aliado na beleza. Vale lembrar que é preciso ter cuidado, já que expor-se ao sol depois de ter contato com a fruta pode causar manchas permanentes.

1) Eles curam acne e removem cravos: com propriedades que combatem fungos e bactérias, o limão é uma alternativa natural ao tratamento da acne. Simplesmente, corte uma fatia da fruta e esfregue em seu rosto. Outro modo é aplicar mel junto com o limão no local onde tem cravos, esperar de cinco a dez minutos, e enxaguar com água fria.

2) Eles clareiam manchas escuras: marcas de acnes que dão trabalho para serem removidas podem ter a ajuda do ácido cítrico do limão para saírem de vez. Gradualmente ele vai removendo as manchas e tonificando a pele. Cuidado com feridas abertas e cortes que podem doer muito em contato com o suco.

3) Eles clareiam os dentes: tratamentos branqueadores podem custar uma fortuna. Economize dinheiro e tempo com um clareador caseiro usando bicabornato de sódio e suco de limão. Misture os ingredientes até formar uma massa espumante e aplique nos dentes. Deixe até, no máximo, um minuto (cuidado, pois o ácido é forte o suficiente para quebrar o esmalte do dente) e cuidadosamente retire a massa com a ajuda de uma escova de dentes.

4) Eles ajudam a acabar com a pele oleosa: passe um pouco de suco de limão com a ajuda de um cotonete na pele antes de dormir e retire na manhã seguinte.

5) Eles dão brilho ao cabelo: misture o suco de limão com um condicionador, passe nos fios, penteie, fique algumas horas com a mistura sob o sol, depois lave. Repita o processo algumas vezes durante o mês e terá um cabelo significativamente mais leve e brilhante.

6) Eles fortalecem as unhas: faça uma solução com azeite de oliva e limão e aplique nas unhas para fortalecê-las e desamarelá-las.

7) Eles acalmam o couro cabeludo e são um remédio para as caspas: esfregar no couro cabeludo uma solução de óleo de coco, azeite de oliva, mel e suco de limão pode ajudar a acabar com o ressecamento.

8) Eles acalmam os lábios rachados: esfregar limão nos lábios antes de dormir e lavar na manhã seguinte irá eliminar as células mortas da região deixando a pele mais macia.

9) Eles limpam o rosto e o corpo: um creme feito com suco de limão, iogurte e óleo essencial de lavanda ou camomila ajuda a retirar as bactérias da pele do rosto e do corpo, além de hidratá-la.

Fanático por pimentas tem coleção com mais de 6 mil garrafas

O norte-americano coleciona rótulos raros e limitados que chegam a valer R$ 1,8 mil

Colecionador disse que coleção não tem preço para ele Foto: Reprodução
Colecionador disse que coleção não tem preço para ele
Foto: Reprodução
Fanático por pimentas, Vic Clinco pode ter a maior coleção do mundo em sua casa, onde abriga mais de 6 mil garrafas. Os condimentos apimentados ficam distribuídos em prateleiras que vão do chão ao teto na sala de jantar da residência no Arizona, geladeira e armários. As informações são do Daily Mail.


Clinco coleciona frascos há 17 anos e pensa em atingir o recorde mundial de uma coleção particular de pimentas. Segundo ele, a garrafa mais cara de condimento valeria cerca de R$ 1,8 mil, no entanto, ele disse ser impossível colocar um preço na coleção, considerada “impagável” por Clinco. “Eu tenho garrafas feitas especialmente para mim e algumas de empresas que não existem mais”, contou. 

Ele trabalha como cozinheiro no hotel Four Seasons e a obsessão por pimentas começou em 1996, quando ele ganhou um kit com 12 garrafas de presente da esposa. Na coleção, ele reúne rótulos raros, de edição limitada e a pimenta mais picante do mundo, segundo o Guinness.  

Clinco não se considera um produtor de pimentas, mas um educador da indústria que pode falar sobre os vários tipos de condimentos. 


Absurdamente linda


Quem tem medo de Nina Moradi?
por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz

Nina é iraniana, tem 27 anos e foi eleita vereadora na cidade de Qazvin com cerca de dez mil votos. Ocorre, no entanto, que clérigos e políticos conservadores da região não querem empossá-la. Motivo: Nina é considerada bonita demais e “atrai comportamentos que não condizem com os valores islâmicos”. Então tá.

Democracia em queda livre

Massacre de apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi deixa um rastro de destruição e violência no Egito. A volta da ditadura nunca pareceu uma ameaça tão real

Mariana Queiroz Barboza

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ATAQUE E DEFESA
Repórteres correm durante ofensiva militar contra acampamento
da Irmandade Muçulmana. Dois jornalistas morreram
Há menos de dois meses, no dia 3 de julho, uma festa levou milhares de egípcios às ruas do Cairo para comemorar a deposição do presidente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, sob um céu decorado com fogos de artifício. A surpreendente celebração do golpe militar, porém, não intimidou os apoiadores do antigo presidente. Na semana passada, diante do aumento dos protestos que pediam o retorno de Mursi ao poder, os militares decidiram agir – e o que se viu foram chocantes cenas de barbárie. Os corpos envolvidos por lençóis manchados de sangue mostravam que o caminho que levaria o Egito à democracia definitivamente não era aquele que o Exército, encabeçado pelo general Abdul Fattah al-Sisi, seguia. O massacre começou na quarta-feira 14, pouco depois do nascer do sol. Primeiro, a ofensiva militar atacou um grupo reunido na Praça al-Nahda, próxima à Universidade do Cairo. A investida resultou em 87 mortos. Depois, a mesquita de Rabia al-Adawiya, no distrito de Nasr City, foi cercada por tropas no solo e no ar. Na ação pereceram 202 pessoas. Tudo transmitido ao vivo pela tevê. Até a sexta-feira 16, o saldo de mortos, segundo o ministro da Saúde, era de 638. Extraoficialmente, dizia-se que a estimativa era tímida. A contagem deve aumentar nos próximos dias.
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RESISTÊNCIA
Carro da polícia é empurrado de ponte por manifestantes islamitas no Cairo
A situação forçou o vice-presidente do Egito, Mohamed ElBaradei, premiado com o Nobel da Paz em 2005, a renunciar. “Ficou difícil, para mim, segurar a responsabilidade por decisões com as quais não concordo e cujas consequências eu temo”, declarou. ElBaradei foi muito criticado por ter apoiado a deposição de Mursi e aceitado compor um governo endossado pelos militares, responsáveis por 60 anos de ditadura no país. Depois do golpe, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou o uso da força pelo governo e cancelou exercícios militares conjuntos entre os dois países, aliados históricos, mas não cortou a ajuda financeira anual de US$ 1,3 bilhão. Na sexta-feira 16, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas fez uma reunião de emergência, em que pediu pela “máxima contenção” entre as partes. O presidente interino Adli Mansour decretou estado de emergência, fechou bancos, interrompeu os serviços de trem e impôs toque de recolher em várias cidades, paralisando a já combalida economia egípcia. A General Motors fechou as operações no país por tempo indeterminado por causa da violência que se espalhou para além da capital, em cidades como Alexandria, Gizé e Suez. Militantes islâmicos bloquearam estradas que circundam Cairo e depredaram igrejas cristãs, prédios do governo e postos de guarda. A situação se agravou quando o ministro do Interior disse que as forças de segurança estavam autorizadas a usar armas letais para se proteger – segundo ele, ao menos, 43 oficiais morreram.
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O CHEFE
Abdul Fattah al-Sisi, general das Forças Armadas: o Exército, responsável
por 60 anos de ditadura no Egito, está cada vez mais poderoso
Desde que Mursi foi deposto num contexto de caos econômico e crescente autoritarismo, os membros da Irmandade Muçulmana têm sido perseguidos. O grupo político-religioso, que surgiu em 1928 e demonstrou sua força política ao vencer as eleições presidenciais e legislativas de 2012, atua em diversos extratos sociais e mantém forte influência junto a uma boa parcela da população. Mas, na contramão da via democrática, seus líderes prometeram resistência ao novo governo e convocaram mais protestos, num discurso que enaltece os mártires. “O embate entre o Estado do Egito e o ‘Estado paralelo’ da Irmandade Muçulmana alcançou uma fase existencial em que, para um sobreviver, o outro precisa ir embora, ao menos ideológica e organizacionalmente”, disse Wael Nawara, escritor e ativista egípcio, em artigo ao site Al-Monitor. Nawara argumenta que, desde a queda do ditador Hosni Mubarak, houve vários pequenos acampamentos na Praça Tahrir e em outros pontos do Cairo sem que isso desencadeasse violência. Mas os campos de Rabia al-Adawiya e al-Nahda foram o estopim da briga entre dois Estados que, há 85 anos, tentam governar o mesmo povo, na mesma terra. “A Irmandade chegou a um ponto em que considera esta a sua última batalha, então é vencê-la ou morrer como mártir”, declarou Nawara.
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VÍTIMAS
Familiares choram diante de corpos enfileirados na mesquita
de El-Iman, no Cairo. Ao menos, 638 civis foram mortos
 
O acirramento da disputa entre os dois lados compromete o restabelecimento do processo democrático, como querem os egípcios que marcharam contra o regime de Mubarak na Primavera Árabe, e joga o país num longo período de escuridão. “Transições democráticas, mesmo nas melhores circunstâncias, são assuntos difíceis e dolorosos”, disse, em relatório, Shadi Hamid, diretor de pesquisa do Instituto Brookings em Doha, no Qatar. “Mas já não faz mais sentido dizer que o Egito está nessa transição.” Segundo o especialista, as Forças Armadas e outros braços do Estado se tornaram instituições explicitamente partidárias, o que só aprofunda o conflito num país extremamente polarizado. Isso justificaria uma guerra permanente contra inimigos internos e externos. “Não há motivo para estar surpreso, porque é assim que um golpe militar se parece”, escreveu Hamid.
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Fotos: ©AP Photo/Aly Hazzaa; epa/Mosaab Elshamy; reuters/stringer
Foto: AP Photo/Khalil Hamra
*Até a quinta-feira 14 Fontes: Ministério da Saúde e Ministério do Interior do Egito

Mais cuidado para o coração feminino

Para conter a escalada de mortes por problemas cardíacos entre as mulheres, médicos adotarão padrões mais rigorosos de avaliação de risco Mônica Tarantino


O coração da brasileira será alvo de cuidados mais intensos. Neste semestre, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) adotará diretrizes mais rígidas para prevenir na população feminina a aterosclerose (formação de placas que podem levar à obstrução da passagem do sangue nas artérias) e os problemas cardiovasculares a ela associados, como o infarto. “Usaremos métodos mais sensíveis para diagnosticar com precisão os riscos de infarto, insuficiência cardíaca e de acidentes vasculares cerebrais na mulher”, afirma Raul Dias dos Santos, diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração (InCor), de São Paulo, e um dos autores das novas regras que serão apresentadas aos médicos no próximo congresso da SBC, em setembro.
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REABILITAÇÃO
Jaine, 52 anos, optou por fazer exercícios monitorados por uma
cardiologista em vez de cirurgia para recuperar o coração
Na origem dessa reformulação estão índices preocupantes. Se na década de 1960 a cada dez mortes por infarto, nove eram homens, hoje essa proporção subiu. De cada dez óbitos, quatro são de mulheres. Por uma associação de fatores que inclui desde a possibilidade de ter sintomas diferenciados do infarto (dores nas costas e náuseas, por exemplo) até a busca tardia de atendimento emergencial (por maior tolerância à dor ou desconhecimento dos riscos e sintomas) e a probabilidade de ser mal avaliada, as chances de uma mulher morrer de infarto acabam sendo 50% maiores do que as de um homem da mesma idade. “A mulher é subdiagnosticada. E uma das causas disso é a incapacidade de os médicos de detectar os sinais da doença cardiovascular na população feminina na emergência”, afirma Dias dos Santos. Foi o que aconteceu com Cinara Albert, 41 anos, de Porto Alegre. Ela tinha 35 anos quando sofreu um infarto. “Senti uma dor na barriga”, conta. Atendida em um hospital público, sua pressão foi considerada normal e ela foi liberada. Preocupada, ligou para um amigo e pediu para ser levada ao Hospital Mãe de Deus. “Lá constataram que eu havia infartado.”
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PREVENÇÃO
Lidia, 41 anos, sofre de arritmia e toma remédios. Como sua mãe também
era cardíaca, ela submete o filho Gabriel, 8 anos, a testes de colesterol
Diante dessa realidade, os novos paradigmas serão mais severos. Hoje, as mulheres que alcançam 10% de chance de ter um infarto ou acidente vascular cerebral nos próximos dez anos são enquadradas pela maioria dos médicos na categoria de risco moderado. Esses riscos são calculados com a ajuda de uma escala que avalia a presença de fatores de risco como taxas de colesterol, pressão arterial, peso, idade e histórico familiar. Até agora, quem não supera 10% nesse escore costuma sair da consulta com indicações para baixar o colesterol com dieta, fazer atividade física e parar de fumar se tiver o hábito.
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NEGLIGÊNCIA
Cinara, 41 anos, infartou aos 35. Foi a dois hospitais até ser
diagnosticada corretamente e receber tratamento
Pela nova cartilha, esse grupo passará a ser visto como de alto risco e deverá ser tratado com medidas mais agressivas. Aquelas que convivem com dois ou mais fatores de risco precisarão reduzir rapidamente as taxas da fração ruim do colesterol, o LDL, e garantir que não fique além do limite máximo de 100 mg/dL de sangue. Para quem já teve infarto, o limite do LDL é de 70 mg/dL de sangue. Antes, pertenciam à categoria de risco elevado as mulheres que somavam 20% de probabilidade de infartar ou de ter derrame nos próximos dez anos. Com as alterações, a proporção de mulheres brasileiras em situação de alto risco para doenças cardiovasculares passa de 10% para 30%. “As mulheres e os médicos precisam entender que é um mito que elas não infartam. Necessitam incorporar a ideia de que devem fazer check-up cardiológico assim como vão ao ginecologista”, afirma o médico Roberto Kalil Filho, diretor do Instituto do Coração de São Paulo.
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A mudança a ser implantada é baseada nas recomendações adotadas em 2011 pela Associação Americana do Coração. Elas determinam, por exemplo, que a avaliação do risco de diabetes integre o pacote de testes. Fora de controle, a doença aumenta a fragilidade dos vasos sanguíneos e o potencial inflamatório, acelerando a progressão dos problemas cardíacos. “Estamos melhorando as formas de conferir o risco ao considerar a diabetes e também um marcador de risco de alta sensibilidade, a proteína C-reativa, cujo nível é detectado por exames de sangue. Por esse teste, vimos que muitas mulheres antes identificadas como risco intermediário deveriam ser classificadas no patamar superior”, disse à ISTOÉ a cardiologista Nieca Goldberg, da Associação Americana do Coração. A ação dessa proteína aumenta a oxidação do colesterol e seu efeito ruim sobre os vasos.
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Algumas mulheres já estão atentas aos cuidados com seu coração. “Com os exercícios supervisionados por uma cardiologista, estou conseguindo fortalecer o coração e eliminar os sintomas de forte pressão no peito que sentia”, diz a engenheira Jaine Isensee, 52 anos, do Rio de Janeiro. Após sentir sintomas no trabalho, ela iniciou uma maratona de exames que detectou uma artéria totalmente entupida. Teve indicação de cirurgia ou reabilitação e optou pela segunda. “Bem indicado e monitorado, o exercício aumenta a circulação colateral do coração e melhora a irrigação”, atesta a cardiologista do esporte Isa Bragança, da Clínica Cardiomex, do Rio de Janeiro. A arquiteta Lidia Mie, 40 anos, de São Paulo, também não se descuida da prevenção. “Minha mãe tinha arritmia. Tomo remédios. E meu filho Gabriel, 8 anos, já se previne”, afirma.
Fotos: Masao Goto Filho /Ag. Isto É; Gabriel Chiarastelli;  Marcos Nagelstein

Todos os homens do propinoduto tucano

Quem são e como operam as autoridades ligadas aos tucanos investigadas pela participação no esquema que trafegou por governos do PSDB em São Paulo

Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas

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Na última semana, as investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Ministério Público mostraram a abrangência nacional do cartel na área de transporte sobre trilhos. A tramoia, concluíram as apurações, reproduziu em diversas regiões do País a sistemática observada em São Paulo, de conluio nas licitações, combinação de preços superfaturados e subcontratação de empresas derrotadas. As fraudes que atravessaram incólumes 20 anos de governos do PSDB em São Paulo carregam, no entanto, peculiaridades que as diferem substancialmente das demais que estão sendo investigadas pelas autoridades. O esquema paulista distingue-se pelo pioneirismo (começou a funcionar em 1998, em meio ao governo do tucano Mário Covas), duração, tamanho e valores envolvidos – quase meio bilhão de reais drenados durante as administrações tucanas. Porém, ainda mais importante, o escândalo do Metrô em São Paulo já tem identificada a participação de agentes públicos ligados ao partido instalado no poder. Em troca do aval para deixar as falcatruas correrem soltas e multiplicarem os lucros do cartel, quadros importantes do PSDB levaram propina e azeitaram um propinoduto que desviou recursos públicos para alimentar campanhas eleitorais.
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Ao contrário do que afirmaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra na quinta-feira 15, servidores de primeiro e segundo escalões da administração paulista envolvidos no escândalo são ligados aos principais líderes tucanos no Estado. Isso já está claro nas investigações. Usando a velha e surrada tática política de despiste, Serra e FHC afirmaram que o esquema não contou com a participação de servidores do Estado nem beneficiou governos comandados pelo PSDB. Não é o que mostram as apurações do Ministério Público e do Cade. Pelo menos cinco autoridades envolvidas na engrenagem criminosa, hoje sob investigação por terem firmado contratos irregulares ou intermediado o recebimento de suborno, atuaram sob o comando de dois homens de confiança de José Serra e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: seus secretários de Transportes Metropolitanos. José Luiz Portella, secretário de Serra, e Jurandir Fernandes, secretário de Alckmin, chefiaram de perto e coordenaram as atividades dos altos executivos enrolados na investigação. O grupo é composto pelos técnicos Décio Tambelli, ex-diretor de operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da Secretaria de Transportes Metropolitanos, José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da CPTM, Ademir Venâncio, ex- diretor de engenharia da estatal de trens, e os ex-presidentes do metrô e da CPTM, José Jorge Fagali e Sérgio Avelleda.
Segundo documentos em poder do CADE e Ministério Público, estes cinco personagens, afamados como bons quadros tucanos, se valeram de seus cargos nas estatais paulistas para atender, ao mesmo tempo, aos interesses das empresas do cartel na área de transporte sobre trilhos e às conveniências políticas de seus chefes. Em troca de benefícios para si ou para os governos tucanos, forneciam informações privilegiadas, direcionavam licitações ou faziam vista grossa para prejuízos milionários ao erário paulista em contratos superfaturados firmados pelo metrô. As investigações mostram que estes técnicos do Metrô e da CPTM transitaram pelos governos de Serra e Alckmin operando em maior ou menor grau, mas sempre a favor do esquema.
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Um dos destaques do quinteto é José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em um documento analisado pelo CADE, datado de 2008, Lavorente é descrito como o encarregado de receber em mãos a propina das empresas do cartel e distribuí-las aos políticos do PSDB e partidos aliados. O diretor da CPTM é pessoa da estrita confiança de Alckmin. Foi o governador de São Paulo que o promoveu ao cargo de direção na estatal de trens, em 2003. Durante o governo Serra (2007-2008), Lavorente deixou a CPTM, mas permaneceu em cargos de comando da estrutura administrativa do governo como cota de Alckmin. Com o regresso de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes, em 2011, Lavorente reassume o posto de direção na CPTM. Além de ser apontado como o distribuidor da propina aos políticos, Lavorente responde uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que aponta superfaturamento e desrespeito à lei de licitações. O processo refere-se a um acordo fechado por meio de um aditivo, em 2005, que possibilitou a compra de 12 trens a mais do que os 30 licitados, em 1995 e só seria valido até 2000.
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O ex-diretor de Operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da secretaria de Transportes Metropolitanos, Décio Tambelli, é outro personagem bastante ativo no esquema paulista. Segundo depoimentos feitos por ex-funcionários da Siemens ao Ministério Público de São Paulo, Tambelli está na lista dos servidores que receberam propina das companhias que firmaram contratos superfaturados com o metrô e a CPTM. Tambelli é muito próximo do secretário de Transportes, Jurandir Fernandes. Foi Fernandes que o alçou ao cargo que ocupa atualmente na administração tucana. Cabe a Tambelli, apesar de estar na mira das investigações, acompanhar e fiscalizar o andamento da linha quatro do metrô paulista, a primeira obra do setor realizada em formato de parceria público-privada. Emails obtidos por ISTOÉ mostram que, desde 2006, Tambelli já agia para defender e intermediar os interesses das empresas integrantes do cartel. Na correspondência eletrônica, em que Tambelli é mencionado, executivos da Siemens narram os acertos entre as companhias do cartel no Distrito Federal e sugerem que o acordo lá na capital seria atrelado “à subcontratação da Siemens nos lotes 1+2 da linha 4” em São Paulo. “O Ramos (funcionário do conglomerado francês Alstom) andou dizendo ao Décio Tambelli do metrô SP, que não pode mais subcontratar a Siemens depois do caso Taulois/Ben-hur (episódio em que a Siemens tirou técnicos da Alstom para se beneficiar na pontuação técnica e vencer a licitação de manutenção do metrô de Brasília)”, dizia o e-mail trocado entre os funcionários da Siemens.
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Outro homem do propinoduto tucano que goza da confiança de Jurandir Fernandes e de Alckmin é Sérgio Avelleda. Ele foi nomeado presidente do Metrô em 2011, mas seu mandato durou menos de um ano e meio. Avelleda foi afastado após a Justiça atender acusação do Ministério Público de improbidade administrativa. Ele era suspeito de colaborar em uma fraude na concorrência da Linha 5 do Metrô, ao não suspender os contratos e aditamentos da concorrência suspeita de formação de cartel. “Sua permanência no cargo, neste atual momento, apenas iria demonstrar a conivência do Poder Judiciário com as ilegalidades praticadas por administradores que não respeitam as leis, a moral e os demais princípios que devem nortear a atuação de todo agente público”, decretou a juíza Simone Gomes Casorretti, ao determinar sua demissão. Após a saída, Avelleda obteve uma liminar para ser reconduzido ao cargo e pediu demissão. Hoje é consultor na área de transporte sobre trilhos e presta serviços para empresas interessadas em fazer negócios com o governo estadual.
De acordo com as investigações, quem também ocupou papel estratégico no esquema foi Ademir Venâncio, ex-diretor da CPTM. Enquanto trabalhou na estatal, Venâncio cultivou o hábito de se reunir em casas noturnas de São Paulo com os executivos das companhias do cartel para fornecer informações internas e acertar como elas iriam participar de contratos com as empresas públicas. Ao deixar a CPTM, em meados dos anos 2000, ele resolveu investir na carreira de empresário no setor de engenharia. Mas nunca se afastou muito dos governos do PSDB de São Paulo. A Focco Engenharia, uma das empresas em que Venâncio mantém participação, amealhou, em consórcios, pelo menos 17 consultorias orçadas em R$ 131 milhões com as estatais paulistas para fiscalizar parcerias público-privadas e andamento de contratos do governo de Geraldo Alckmin. Outra companhia em nome de Venâncio que também mantém contratos com o governo de São Paulo, o Consórcio Supervisor EPBF, causa estranheza aos investigadores por possuir capital social de apenas R$ 0,01. O Ministério Público suspeita que a contratação das empresas de Venâncio pela administração tucana seja apenas uma cortina de fumaça para garantir vista grossa na execução dos serviços prestados por empresas do cartel. As mesmas que Venâncio mantinha relação quando era servidor público.
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A importância da secretaria Transportes Metropolitanos e suas estatais subordinadas, Metrô e CPTM, para o esquema fica evidente quando se observa a lógica das mudanças de suas diretorias nas transições entre as gestões de Serra e Alckmin. Ao assumir o governo em 2007, José Serra fez questão de remover os aliados de Alckmin e colocar pessoas ligadas ao seu grupo político. Um movimento que seria revertido com a volta de Alckmin em 2011. Apesar dessa dança de cadeiras, todos os integrantes do esquema permaneceram em postos importantes das duas administrações tucanas. Quem sempre operou essas movimentações e trocas de cargos, de modo a assegurar a continuidade do funcionamento do cartel, foram os secretários de Transportes Metropolitanos de Serra e Alckmin, José Luiz Portella e Jurandir Fernandes.
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Homem forte do governador Geraldo Alckmin, Fernandes começou sua trajetória política no PT de Campinas, interior de São Paulo. Chegou a ocupar o cargo de secretário municipal dos Transportes na gestão petista, mas acabou expulso do partido em 1993 e ingressou no PSDB. Por transitar com desenvoltura pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jurandir foi guindado a diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) em 2000. No ano seguinte, aproximou-se do então governador Alckmin, quando assumiu pela primeira vez o cargo de secretário estadual de Transportes Metropolitanos. Neste primeiro período à frente da pasta, tanto a CPTM quanto o Metrô firmaram contratos superfaturados com empresas do cartel. Quando Serra assume o governo paulista em 2007, Jurandir é transferido para a presidência da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), responsável pela formulação de políticas públicas para a região metropolitana de São Paulo. Com o retorno de Alckmin ao governo estadual em 2011, Jurandir Fernandes também volta ao comando da disputada pasta. Nos últimos dias, o secretário de Transportes tem se esforçado para se desvincular dos personagens investigados no esquema do propinoduto. Fotos obtidas por ISTOÉ, no entanto, mostram Jurandir Fernandes em companhia de Lavorente e de lobistas do cartel durante encontro nas instalações da MGE Transporte em Hortolândia, interior de São Paulo. Um dos fotografados com Fernandes é Arthur Teixeira que, segundo a investigação, integra o esquema de lavagem do dinheiro da propina. Teixeira, que acompanhou a solenidade do lado do secretário Fernandes, nunca produziu um parafuso de trem, mas é o responsável pela abertura de offshores no Uruguai usadas pelo esquema. Outro companheiro de solenidades flagrado com Fernandes é Ronaldo Moriyama ex-diretor da MGE, empresa que servia de intermediária para o pagamento das comissões às autoridades e políticos. Moriyama é conhecido no mercado ferroviário por sua agressividade ao subornar diretores do Metrô e CPTM, segundo depoimentos obtidos pelo Ministério Público.
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No governo Serra, quem exercia papel político idêntico ao de Jurandir Fernandes no governo Alckmin era o então secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. Serrista de primeira hora, ele ingressou na vida pública como secretário na gestão Mário Covas. Portelinha, como é conhecido dentro do partido, é citado em uma série de e-mails trocados por executivos da Siemens. Num deles, Portella, assim como Serra, sugeriram ao conglomerado alemão Siemens que se associasse com a espanhola CAF em uma licitação para compra de 40 novos trens. O encontro teria ocorrido em um congresso internacional sobre ferrovias realizado, em 2008, na cidade de Amsterdã, capital da Holanda. Os dois temiam que eventuais disputas judiciais entre as companhias atrasassem o cronograma do projeto. Apesar de o negócio não ter se concretizado nestas condições, chama atenção que o secretário sugerisse uma prática que resulta, na maioria das vezes, em prejuízos aos cofres públicos e que já ocorria em outros contratos vencidos pelas empresas do cartel. Quem assinava os contratos do Metrô durante a gestão de Portella era José Jorge Fagali, então presidente do órgão. Ex-gerente de controle da estatal, ele teve de conviver com questionamentos sobre o fato de o seu irmão ser acusado de ter recebido cerca de US$ 10 milhões da empresa francesa Alstom. A companhia, hoje envolvida nas investigações do cartel, é uma das principais vencedoras de contratos e licitações da empresa pública

Botox é aplicado por dentistas

Toxina pode ser usada por dentistas  para fins estéticos.

Roberta Salomone

Médico aplica toxina botulínica em paciente
Foto: MIKE SEGAR / REUTERS
Médico aplica toxina botulínica em paciente MIKE SEGAR / REUTERS
O consultório do dentista não é um lugar apenas para cuidar dos dentes. Profissionais da odontologia podem ajudar no tratamento de dificuldades de fala, de distúrbios do sono, de dores de cabeça — e, agora, também aplicar toxina botulínica (o famoso botox) nos pacientes. O procedimento é indicado como alternativa para melhoria do sorriso gengival, do ranger dos dentes e da hiperatividade muscular, mas, entre uma obturação e outra, tem dentista querendo sumir com as rugas dos pacientes. Apesar de alguns países europeus e estados americanos permitirem o uso de botox nos consultórios dentários, por aqui, o Conselho Federal de Odontologia  libera o uso terapêutico da substância, mas proíbe se o fim for apenas estético.
— É proibido, mas a fiscalização é praticamente impossível — afirma Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. — Dentistas e outros profissionais como biomédicos, fisioterapeutas e enfermeiros estão aplicando a toxina botulínica mesmo não tendo autorização. Eles sabem que este é um mercado promissor.
Brasil é grande mercado
De fato, o botox é um filão e tanto. Estudo publicado em 2012 prevê que o mercado global da substância alcance US$ 2,9 bilhões até 2018. De acordo com o segundo maior fabricante do produto, a aplicação da toxina para reduzir as rugas cresceu ao menos 20% nos últimos dois anos nos EUA.
— O uso da toxina como terapia de apoio a tratamentos odontológicos é, antes de tudo, baseado em princípios técnicos e científicos — garante Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes, cirurgião-dentista e consultor científico da Associação Brasileira de Odontologia. — Atacar sem embasamento é preocupante e é mais uma prova de que é necessário muito empenho dos líderes das duas áreas na redação e tratativas de temas de interesse comum.
O Brasil está entre os maiores mercados de botox do planeta. Procedimento número um nos consultórios dos dermatologistas, já representa 30% dos atendimentos. A toxina, aprovada para uso estético há 13 anos, tem se popularizado cada vez mais. O preço do tratamento caiu pela metade e, hoje, a aplicação pode ficar entre R$ 500 e R$ 1.400. As indicações de seu uso também foram ampliadas como ninguém antes poderia prever. Inicialmente, era destinada para o tratamento de espasmos involuntários da musculatura. Hoje, além de atenuar linhas de expressão do rosto, trata dores de cabeça e até suor excessivo nas axilas. O procedimento toma pouco tempo, mas o efeito dura até seis meses.
— Fui levar meu filho para tratar um canal no dentista e acabei sendo convencida a colocar botox na minha testa. Fiquei tão satisfeita que voltei seis meses depois para tirar também as rugas que ficam ao lado dos meus olhos — conta a vendedora paulista Adriana Demiciano, de 45 anos, que pagou R$ 1.500 em cada aplicação e não achou nada estranho fazer o procedimento em um consultório dentário.
Ainda que seu uso tenha sido proibido para fins exclusivamente estéticos, a toxina continua a ser aplicada sem controle nos consultórios dentários. Segundo o Conselho Federal de Odontologia, a fiscalização é feita pelas vigilâncias sanitárias estaduais e municipais e, caso o profissional ultrapasse o limite de sua atuação, será responsabilizado por seus atos.
Há nove anos, o cirurgião-dentista Wilson Carlos Mendes Junior usa a toxina para melhorar o formato dos lábios e eliminar o temido “bigode chinês” das pacientes, segundo ele com fins terapêuticos. Hoje, aplicações de botox e preenchimentos faciais representam 90% de suas consultas.
— Fiz muitos implantes e tratamentos de canal, mas a minha clientela mudou completamente. Somos os profissionais que mais conhecem a anatomia da face — diz Wilson Carlos, que tem um consultório em São Paulo e dá, em média, dois cursos mensais sobre o assunto para dentistas.
Mas a dermatologista Paula Raso, professora do setor de Cosmiatria da Santa Casa do Rio, lembra que para alcançar bons resultados é preciso fazer uma avaliação criteriosa de cada paciente. E o fato de a aplicação ser rápida e o efeito temporário não elimina possíveis excessos e riscos.

O poder do umami, o quinto gosto fundamental

  • Além do salgado, azedo, amargo e doce, existe o umami, que tem o poder de fazer com que os pratos fiquem mais agradáveis com ingredientes naturais
Viviane Nogueira
Combinado. Cogumelos e carne são alimentos ricos em umami, gosto que começa a ser identificado antes mesmo do nascimento Foto: Divulgação
Combinado. Cogumelos e carne são alimentos ricos em umami, gosto que começa a ser identificado antes mesmo do nascimento Divulgação
Coloque um pedaço de tomate na boca, deguste lentamente. Repita a operação com um pedaço de queijo parmesão. Depois de sentir o gosto ácido e doce do tomate e o gosto salgado do parmesão, o que dá continuidade ao paladar é o umami, quinto gosto fundamental (junto com salgado, azedo, amargo e doce) descoberto no início do século XX pelo cientista japonês Kikunae Ikeda, mas só reconhecido pela comunidade mundial no ano 2000. Umami, aliás, quer dizer saboroso em japonês, uma propriedade conferida pela combinação do glutamato monossódico característico desse gosto (que também é composto pelos nucleotídeos inosinato e o guanilato) com moléculas de outros alimentos. Isso faz com que o prato fique mais saboroso, sem que haja vontade de comer mais quantidade.
— O umami pode ser usado para aumentar a palatabilidade, realçando o sabor sem aumentar a ingestão de sal (o sódio até hoje é usado para o mesmo fim). Outro aspecto que ainda necessita de mais pesquisas mas que já vem sendo estudado é a possibilidade de o umami contribuir para a sensação de saciedade — explica o neurocientista Ivan Araújo, professor da Universidade de Yale que falou esta semana, no Rio, sobre como o gosto age no cérebro no “I Simpósio Latino-americano sobre Umami”.
Estímulos associados potencializam sabor
Com os cinco gostos fundamentais a recepção no cérebro se dá da mesma maneira: há um aumento de atividade em determinadas áreas quando sistema nervoso central recebe sinais transmitidos pelos receptores na cavidade oral e identifica o que á salgado, doce, azedo, amargo ou umami. Mais especificamente as áreas do córtex gustatório primário, na ínsula, e o córtex orbital, acima dos olhos, associado à resposta a quaisquer estímulos agradáveis, não só de comida.
Esses receptores, no entanto, se encaixam melhor quando há mais de um estímulo, segundo o estudo do neurocientista. Um prato bonito, com cheiro ótimo, portanto, melhora a sensação do gosto no cérebro. Com o umami, que consegue potencializar o sabor do prato, esta interpretação do cérebro fica mais intensa.
— Isto também pode ser exemplificado quando uma foto de um alimento familiar à pessoa, que traz a lembrança de uma boa experiência, causa reações de salivação como se estivesse na boca — diz o professor Ivan Araújo, que nos EUA ensina como o cérebro controla a fome e os mecanismos de recompensa.
O umami foi percebido pela primeira vez no dashi, um caldo típico da culinária japonesa composto de alga marinha seca, peixe bonito desidratado e cogumelo shiitake seco. Carnes (principalmente maturadas), aspargos, frutos do mar, queijos e cogumelos (champignon, shiitake e shimeji) são fontes de umami.
Identificação começa no útero
Um estudo publicado este ano na revista “Current Biology” pelo Departamento de Nutrição da Universidade de Drexel, na Filadélfia, defende que a habilidade de perceber sabores começa no útero, com o início do funcionamento e desenvolvimento dos sistemas gustativo e olfativo. Como o líquido amniótico e o leite materno contêm moléculas derivadas da dieta da mãe, essa iniciação determina as preferências ao longo da vida. Logo após o nascimento, os gostos doce e umami têm respostas positivas do bebê. Amargo e azedo, têm respostas negativas.
“Essas preferências gustativas podem refletir um impulso biológico para os alimentos que são calorias — e proteínas — densas e uma aversão aos alimentos que são venenosos ou tóxicos”, explicam os autores da pesquisa.
A quantidade de glutamato no leite materno chega a 50% do total dos aminoácidos livres, que não estão presentes na estrutura das proteínas, mas estão no plasma sanguíneo ou dentro de diversas células, usados como materiais para síntese de vitaminas, hormônios e novas proteínas.
Assim como as crianças, os idosos também são sensíveis ao umami. Dois estudos japoneses já relacionaram a perda do gosto umami à falta de apetite e emagrecimento em idosos, resultando em diversos problemas de saúde. A perda de paladar foi apontada ainda como causadora da falta de salivação, problema que afeta todo o trato digestivo, já que a saliva é responsável por ajudar na mastigação e deglutição, na formação do bolo alimentar e proteção da mucosa da boca contra infecções. Com a idade avançada e o uso de medicamentos, a sensibilidade ao gosto, a secreção salivar e a mastigação ficam alteradas e o restabelecimento dessas habilidades foi conseguido pela introdução de alimentos umami no cardápio desses pacientes.
Os pesquisadores investigaram padrões de indução de saliva em adultos saudáveis depois do estímulo umami, que teve a mesma intensidade do gosto azedo, usado frequentemente em hospitais para promover salivação.
“De forma surpreendente o gosto azedo promoveu forte salivação durante um curto período, até dois minutos após o estímulo. Já o umami induziu a salivação por mais de dez minutos”, descreve o autor do estudo Hisayuki Uneyama, que acredita que testes como este podem ajudar a desenvolver novos tratamentos para distúrbios relacionados à alimentação, como boca seca, disfagia e anorexia.
No Brasil, o Comitê Umami, filiado ao Umami Information Center e formado por técnicos de diversas áreas, como engenharia de alimentos, nutrição, legislação e segurança alimentar, farmacologia, ciência dos alimentos, toxicologia e comunicação estuda e divulga o conceito umami, com receitas e informações sobre os principais alimentos e suas concentrações de glutamato no www.portalumami.com.br.

Rodrigo Janot assumirá PGR no lugar do engavetador Roberto Gurgel

O nome do novo procurador-geral da República ainda precisa ser submetido à votação no Senado

O subprocurador Rodrigo Janot, escolhido por Dilma para substituir Roberto Gurgel na PGR Foto: Sérgio Marques / Agência O Globo
O subprocurador Rodrigo Janot, escolhido por Dilma para substituir Roberto Gurgel na PGR 
BRASÍLIA - A presidenta Dilma Rousseff escolheu Rodrigo Janot para ser o próximo procurador-geral da República. Janot encabeçava a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e encaminhada à presidente em abril deste ano.
A escolha do procurador-geral cabe à presidente Dilma Rousseff, mas nos últimos dez anos, a tradição tem sido escolher um nome da lista da ANPR. Janot recebeu 511 votos dos seus colegas, ficando à frente de Ela Wiecko (457 votos) e Deborah Duprat (445 votos).O mandato do ex-procurador-geral Roberto Gurgel terminou no último dia 15 de agosto.
Janot foi chamado neste sábado ao Alvorada para encontro com a presidente Dilma. Também participaram da conversa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o advogado-geral da União, Luis Adams. Na reunião, ele foi informado pela presidente que seu currículo indicava que ele seria o mais preparado para o cargo, além do fato de ter sido o primeiro da lista elaborada pela categoria. Segundo amigos, Janot saiu do encontro impressionado com os conhecimentos que a presidente demonstrou sobre a atuação do MPF.
ANPR elogia escolha
O presidenta da ANPR, Alexandre Camanho, elogiou a decisão da presidente Dilma de escolher o primeiro da lista elaborada pela entidade.
— É uma dupla satisfação: a lista prestigiada e o primeiro lugar tornado procurador-geral. Isso mostra a consideração que a presidente teve para nós — disse Camanho.
Camanho disse que o governo soube compreender que era preciso respeitar a vontade da maioria dos procuradores da República, independente das ações que costumam ser propostas contra aliados do Executivo ou mesmo contra o PT, partido de Dilma.
— Não é um cargo de lealdade ao governo, como a Advogacia Geral da União. É o cargo de primeiro promotor da República. Se alguma irregularidade é cometida desencadeia uma confrontação — comentou. Neste aspecto o Procurador Gurgel cometeu inúmeras irregularidades quando ocupou a PGR apoiando o bicheiro Carlinhos Cachoeiras, o banqueiro Daniel Dantas e utilizando o seu cargo politicamente para denunciar o mensalão do PT esquecendo que o mensalão começou em Minas com o PSDB.  
Senador aplaude decisão
O senador Pedro Taques (PDT-MT), que já foi procurador da República, elogiou o trabalho de Janot e também a presidente Dilma Rousseff, por ter mantido a tradição de escolher um nome da lista da ANPR.
— Ela (Dilma) manteve a tradição de escolher o mais votado dessa lista da ANPR. É uma tradição, e quero parabenizá-la por isso. Ela mostra que está atendendo um anseio do Ministério Público. Os três nomes são de excelente qualidade. Mas a presidente houve por bem escolher o mais votado. Janot fez excelentes trabalhos no Ministério Público. E tenho certeza de que o Ministério Público continuará honrando o povo brasileiro — disse Taques.

'Nem todos os anjos têm asas', diz mãe de bebê que nasceu sem braços

Heitor nasceu também com encurtamento das pernas.
Família realiza campanha para arrecadar doações.

Natália de Oliveira Do G1 Sorocaba e Jundiaí

Heitor nasceu sem os braços (Foto: Natália de Oliveira / G1)Heitor nasceu sem os braços (Foto: Natália de Oliveira / G1)
A escolha do nome já parecia ser um presságio: "Heitor", aquele que se mantém firme e não se abate. A alegria e o olhar, que se destaca pela cor ora esverdeada, ora azul, é contagiante. Os longos cabelos também chamam atenção, tanto que já lhe renderam o apelido de "Bebelon". Heitor Cordeiro pode ter só três meses, mas já parece driblar as dificuldades impostas pela sua condição física com um sorriso estampado no rosto: por causa de uma má-formação, ele nasceu sem os braços e com encurtamento das pernas.
“Nem todos os anjos tem asas, às vezes eles têm apenas o dom de nos fazer sorrir”, dizem os pais, Marcos Adriano Cordeiro Junior, de 22 anos, e Talitalinda Aparecida Ribeiro Cordeiro, de 21 anos. O jovem casal, que mora na Zona Norte de Sorocaba (SP), se casou em 2011. Em junho de 2012, Talita, como é conhecida, ficou grávida. Três meses depois, o casal estava ansioso para saber o sexo do bebê. Foi então que a ansiedade deu lugar ao medo e à revolta momentânea. “Fomos fazer a ultrassonografia e a médica logo disse ‘Olha o documento dele aí’, já nos dando a entender que era um menino. Porém, logo em seguida, a médica ficou calada e eu percebi que algo estranho estava acontecendo, porque ela parecia procurar, procurar...", conta a mãe.
Má-formação foi descoberta aos três meses de gestação bebe heitor (Foto: Natália de Oliveira / G1) 
Má-formação foi descoberta aos três meses de
gestação (Foto: Natália de Oliveira / G1)
Depois de alguns instantes em silêncio, a médica perguntou se havia alguém na família com má-formação de membros. “Na hora eu já comecei a ficar nervosa e respondi: ‘meu irmão, ele tem um braço maior que o outro’. Foi aí que a médica contou que não estava conseguindo identificar os membros superiores do meu bebê e que os membros inferiores eram menores do que ideal para o tempo de gestação”, diz a mãe, lembrando que, naquele momento, "perdeu o chão". “Saí do consultório com um sentimento de revolta, me perguntando o que tinha feito de errado para merecer isso", revela.
A médica orientou o jovem casal a repetir o ultrassom depois de um mês, para poder, assim, confirmar o quadro de má-formação que havia diagnosticado. Depois de um mês, Talitalinda optou por fazer o exame com outro médico, especialista em feto. Ela conta que antes da ultrassonografia não mencionou o diagnóstico da médica anterior, na esperança de que fosse um engano. “Eu não estava querendo aceitar, eu estava acreditando que poderia acontecer um milagre”. Mas o diagnóstico foi confirmado.
Marcos lembra que também demorou para acreditar na história, mas manteve-se firme e assumiu a postura de apoiar a parceira. “Eu aceitei o meu filho como ele era, então não me preocupei. Na verdade, a minha preocupação foi com a minha esposa, tive medo que ela rejeitasse meu filho, que tivesse algum tipo de depressão pós parto ou coisa do tipo”, explica. Mas, após o susto inicial, a mãe passou a curtir a gravidez como toda mãe ansiosa.
Caso raro
De acordo com o que o médico explicou para os pais do bebê, além dele ter nascido sem os braços, alguns ossos da perna esquerda não desenvolveram, como o fêmur e a fíbula, e o pé nasceu com apenas quatro dedos. Já na perna direita, o fêmur é encurtado e, ao mesmo tempo, aparenta estar quebrado. “O médico ortopedista disse que nunca tinha visto um caso como o do Heitor e nos falou que é um grau de má-formação raro. Somente quando ele atingir os dois anos de idade vamos saber quais habilidades ele irá desenvolver, que cirurgias poderão ser realizadas e qual tipo de prótese é ideal para ele”, conta Marcos.

Em outubro, o bebê será submetido a exames com um geneticista de Sorocaba para identificar o que acarretou na má-formação. “Só depois desse exame vamos saber se é um problema genético, como uma má-combinação dos nossos sangues, ou se foi um caso esporádico”, explica o pai. Talita ressalta que, caso seja comprovado um problema genético, irá optar por não ter mais filhos. “Cuidar de uma criança como o Heitor demanda muito tempo e dedicação. Por isso, se for algo genético, vamos nos concentrar apenas em dar o melhor para ele."
Bebê Heitor demanda cuidados redobrados (Foto: Natália de Oliveira / G1)Heitor demanda atenção redobrada
(Foto: Natália de Oliveira / G1)
Futuro
Como todo pai e mãe, a preocupação com o futuro do filho é constante. “Quero que ele consiga andar, que tenha o máximo de independência possível, mesmo com as suas limitações”, diz o pai. Como forma de se planejarem para as despesas com cirurgias e próteses de que Heitor vai precisar, os pais buscam doações.

Talita criou uma página no Facebook onde compartilha informações sobre o desenvolvimento do bebê. Em pouco mais de três meses, a página ganhou mais de 17 mil seguidores. “Recebemos apoio de tantas pessoas, até mesmo de gente que não conhecíamos. As palavras deles nos ajudaram a enfrentar tudo com muita fé e otimismo. Foi deles a ideia de criar uma poupança para o Heitor”, diz a mãe.
Por meio do Facebook os pais vendem camisetas com a foto do bebê e promovem rifas. Além disso, a família e os amigos organizaram uma quermesse para este sábado (17), no próprio bairro onde moram, em Sorocaba, com direito a comida, pesca, bingo, pintura facial, exposição de serpentes e até show sertanejo. “Inicialmente, íamos fazer algo entre os familiares e amigos do bairro, mas, depois que divulguei na internet, a adesão foi muito grande e recebemos diversas doações. Vamos conseguir fazer uma festa muito linda e todo o dinheiro arrecadado vai direto para a poupança, para dar mais independência para o Heitor no futuro”, explica Marcos.
Especialização em prol de Heitor
Estudante de Projetos na Fatec de Sorocaba, Marcos planeja, ainda, fazer um curso de engenharia. O motivo, de acordo com o jovem, é poder contribuir com o futuro do filho e de tantas outras crianças que, assim como ele, precisam de ferramentas para ter uma vida mais independente. “O Heitor vai depender dos outros para quase tudo e quero poder adaptar toda a nossa casa para amenizar isso. Como, por exemplo, criar formas dele abrir uma porta, a geladeira, sem precisar dos braços. Vou precisar de formação para conseguir isso", explica.

Além disso, o pai acredita que todo o aprendizado que estão tendo com o pequeno Heitor também poderá levá-los a criar uma ONG para auxiliar outras pessoas que passam pelas mesmas dificuldades que eles. “Nossas forças estão focadas no nosso filho, mas isso não significa que, depois de já termos tudo mais engatilhado para um futuro melhor para ele, não nos dediquemos também a ajudar o próximo”, finaliza Marcos.
Pai de Heitor quer fazer especialização para ajudar na deficiência do filho (Foto: Natália de Oliveira / G1) 
Pai de Heitor quer cursar engenharia para ajudar no desenvolvimento do filho (Foto: Natália de Oliveira / G1)
 

Músculos de farinha

  • Polêmica na internet traz à tona má qualidade de suplementos proteicos e levanta debate sobre seu uso indiscriminado por atletas amadores
Flávia Milhorance
Suplementos. Em cápsulas ou pó, são usados por esportistas para otimizar o ganho de massa muscular Foto: Terceiro / Latinstock
Suplementos. Em cápsulas ou pó, são usados por esportistas para otimizar o ganho de massa muscular Terceiro / Latinstock
Populares principalmente nas academias de ginástica, os suplementos à base de proteína viraram alvo de uma polêmica que tem provocado calorosos debates na internet. Dono da empresa “Atacado do Suplemento”, de Londrina (PN), Félix Bonfim virou hit depois que decidiu pagar um laboratório particular, o MKassab, de São Paulo, para avaliar a qualidade de produtos brasileiros. O material está no Youtube e na sua fanpage no Facebook, que superou 20 mil seguidores. Até agora, há 28 laudos prontos, dos quais 15 resultados (53%) estão fora dos parâmetros. A medida não é novidade no meio, foi feita também por usuários fora do Brasil e já até virou livro. Além da intensa discussão sobre a composição das fórmulas, especialistas alertam para seu uso indiscriminado.
Em pó ou cápsulas, os suplementos proteicos, os whey protein, são feitos do soro do leite. Pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são definidos como “alimento para atletas”. A agência afirma que “as evidências científicas mostraram que eles só são relevantes para pessoas que praticam atividade física intensa. Para os demais indivíduos, uma alimentação balanceada é o suficiente”. Na prática, no entanto, eles se multiplicaram no mercado porque são fontes fáceis de nutrientes para esportistas interessados no ganho de massa muscular.
- Eu compro whey protein em lojas especializadas. Malho há algum tempo e ele ajuda no treino. Escolhi a marca pela indicação de amigos - conta o estudante Flávio Oliveira.
Professor de pós-graduação em Ciências do Exercício e do Esporte na Universidade Gama Filho, Cláudio Gil Araújo conta que os suplementos surgiram para o consumo de pacientes com câncer e em pós-operatório, em geral debilitados, além de indivíduos com dificuldade de se alimentar adequadamente. O uso por atletas foi uma readaptação, que começou a partir de estudos apontando suas potencialidades. Mas Gil lembra que a proteína deve representar de 20% a 30% da dieta.
- Em excesso, a proteína é ruim, pois sobrecarrega o rim e o fígado. O esportista comum deve ficar longe dos suplementos, porque o benefício para a saúde é zero, e os riscos, alguns - afirma.
Especialista em nutrição esportiva, Letícia Azen explica que quem pratica atividade física tem uma necessidade proteica adicional se comparado ao sedentário. O que não quer dizer, segundo ela, que a alimentação não seja capaz de supri-la.
- É um modismo - afirma. - Muitos optam por um produto em detrimento do alimento porque é mais prático. Não são proibidos, nós prescrevemos, mas antes, avaliamos se o paciente realmente precisa deles.
Letícia ainda alerta que, por uma compensação natural do corpo, o resultado do consumo pode não ser o físico sarado: quando se consome muita proteína e pouco carboidrato, o corpo transforma essa proteína em energia. O que garante massa muscular, ela explica, é consumir a quantidade de energia adequada. Em outras palavras, pode ser proteína desperdiçada. Além disso, o consumo excessivo também provoca o ganho de peso. Portanto, a velha máxima é repetida por ambos os especialistas: “sempre procurar um profissional antes de comprar o produto”.
Polêmica também nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o tema também é popular. Publicado no Brasil, o livro “Malhar, secar, definir - A ciência da musculação”, do personal trainer Michael Matthews, autor de sete publicações, aponta erros de praticantes de atividades físicas e é enfático: “quase tudo o que existe por aí em termos de suplemento é praticamente inútil”, afirma sobre o mercado internacional. “Não só experimentei todo tipo de suplemento que você possa imaginar, como estudei os dados científicos, e só sigo aquilo que foi objetivamente comprovado”.
Na internet, pipocam debates e laudos de laboratórios apontando a má qualidade dos suplementos brasileiros e estrangeiros. Tanto a FDA, agência reguladora dos EUA, quanto a Anvisa enquadram estes produtos como alimentos, e não como medicamentos.
- Não existe um controle cuidadoso do conteúdo listado no rótulo, porque não é verificado como remédio - critita Gil Araújo, que ressalta: - A Anvisa segue um modelo mundial, há limitações de se controlar tudo, é muito caro.
Ainda assim, a Anvisa informou por nota que um erro no rótulo é considerado infração sanitária. Pela lei federal, em instâncias mais graves, empresas podem ser multadas em até R$ 200 mil ou ter o estabelecimento fechado. O órgão pondera que esta divergência no rótulo pode ser de até 20% para mais ou para menos no valor declarado, o que ocorre por fatores como diferenças de matérias-primas e de condições do solo e clima. Não informou, no entanto, como usuários, a exemplo de Félix Bonfim, podem fazer quando desconfiados. Nem se os laudos encomendados por ele serão reavaliados pelo órgão.
Patrocinador de atletas, ex-atleta e vendedor de suplementos, Félix teve a ideia ao notar que a conta não fechava: um quilo da matéria-prima é vendida por cerca de R$ 25, e havia empresas vendendo o produto final próximo deste valor. Ele pediu então a avaliação da quantidade de proteína e carboidrato.
- Eu queria ver se no lugar de proteína estavam preenchendo o produto com carboidrato - afirma Bonfim. - Um atleta consome uma quantidade de nutrientes minuciosamente balanceados. Isto prejudica a performance dele.
No resultado, 15 laudos tinham divergências na descrição de carboidratos e proteínas. A maior distorção foi do produto Whey X Treme, da empresa X Pharma Suplemento, que embora tenha informado 1,7g de carboidrato e 24g de proteína no rótulo, pelo laudo tinha 22,95g (1.250% a mais) e 3,37g (95% a menos), respectivamente. A empresa foi contatada pelo número disponível na internet (0800 773 2762) e pelo e-mail (sac@xpharmasuplementos.com.br), mas não deu resposta.
Apenas três tinham as mesmas quantidades das declaradas no rótulo e no produto: as empresas Growth Supplements, Pro Corps e Supley Laboratório. Outras onze tinham quantidades normais de proteína, mas carboidrato acima dos 20%, entre elas, a Midway, que explicou em nota: “Quando nos laudos se aponta um teor de carboidratos acima do declarado na rotulagem, temos que dizer que o objetivo dos produtos é fornecer proteínas” e acrescenta que “em métodos de análises podem haver variações razoáveis”.

'New York Times' compara Ivete a Tina Turner e Janis Joplin

Cantora baiana se apresenta neste fim de semana nos Estados Unidos

O GloboCantora se apresenta nos Estados Unidos Foto: Reprodução/New York Times / Demetrius Freeman/The New York Times
Cantora se apresenta nos Estados Unidos Reprodução/New York Times / Demetrius Freeman/The New York Times
RIO - Em matéria publicada neste sábado no jornal americano 'New York Times', o repórter Larry Rohter compara a baiana Ivete Sangalo com as cantoras americanas Tina Turner e Janis Joplin. Na reportagem que anuncia dois shows da cantora nos Estados Unidos neste fim de semana - neste sábado, em Newark; e neste domingo em Miami - Rohter destaca o sucesso comercial de Sangalo, como uma das artistas que mais vendem discos e têm "seguidores" no Twitter e no Facebook. Ao jornal, Ivete declarou:
"Eu queria ser atriz, até que comecei a ir ao Carnaval quando era adolescente e aquela música alta, alegre e estridente dos caminhões me fez pensar: 'Não há nada que eu prefira fazer do que isso'".

Roche desiste de patente do medicamento Herceptin contra câncer de mama

Escritório de Patentes em Calcutá diz que empresa não fez pedido correto.
Mercado no país é atrativo, mas empresa teme por propriedade intelectual.

  Reuters
A farmacêutica suíça Roche decidiu não continuar com um pedido de registro de patente na Índia para seu remédio de câncer de mama Herceptin, informou a companhia nesta sexta-feira (16), em um momento em que farmacêuticas ocidentais enfrentam pressão por preços elevados nesse mercado de rápido crescimento.
O Escritório de Patentes de Calcutá afirmou no início do mês que havia dispensado alguns pedidos de patentes submetidos pela Roche porque a empresa não teria apresentado o pedido para o Herceptin (cujo princípio ativo é o anticorpo trastuzumab) de forma correta.
Farmacêuticas ocidentais estão ansiosas para entrar no mercado de remédios indiano de US$ 13 bilhões (R$ 30,2 bilhões), mas há preocupações sobre o nível de proteção à propriedade intelectual no país, onde os medicamentos genéricos representam mais de 90% das vendas.
O Herceptin, usado para tratar um tipo agressivo de câncer de mama, é o terceiro produto mais vendido da Roche, contabilizando uma receita global de 3,08 bilhões de francos suíços (R$ 7,6 bilhões) no primeiro semestre do ano.
O governo da Índia havia considerado a emissão de uma licença compulsória para o Herceptin, o que permitiria que as farmacêuticas locais vendessem cópias genéricas muito mais baratas da droga. Nenhuma decisão foi tomada até agora.
A medida da Roche de não prosseguir com a patente do Herceptin pode pavimentar o caminho para fabricantes de genéricos produzirem versões mais baratas do remédio. Os medicamentos são conhecidos como biossimilares, por não serem uma réplica idêntica.
No entanto, a Roche afirmou que não há biossimilares aprovados na Índia para o Herceptin. A empresa, porém, disse que vai continuar pedindo o registro de outras patentes para seus remédios na Índia.

Governo egípcio diz estar em guerra contra extremismo e propõe dissolver Irmandade Muçulmana

Exército entrou em confronto com partidários de Mursi que usavam mesquita como refúgio

Segundo Ministério da Saúde, número de civis mortos na sexta-feira chega a 173, sendo 95 no Cairo

O Globo 


Manifestantes e forças de segurança se aglomeram em frente à mesquita al-Fatah, usada como refúgio por partidários de Mohamed Mursi
Foto: LOUAFI LARBI / REUTERS

Manifestantes e forças de segurança se aglomeram em frente à mesquita al-Fatah, usada como refúgio por partidários de Mohamed Mursi LOUAFI LARBI / REUTERS
CAIRO - O governo interino no Egito atribuiu neste sábado a grupos terroristas os confrontos que deixaram centenas de mortos no país durante a semana, chegando a propor, inclusive, a dissolução legal da Irmandade Muçulmana, que defende a volta do presidente deposto Mohamed Mursi ao poder. Em entrevista coletiva, Mostafa Hegazy, conselheiro do presidente interino, afirmou que o país enfrenta uma “guerra contra as forças do extremismo” e que vai batalhar “com todas as medidas de segurança que a lei permite”. Segundo ele, o povo egípcio que tomou as ruas em 30 de junho será protegido pelo Estado contra o “fascismo teológico e religioso”.

Mais cedo, o primeiro-ministro, Hazem el-Beblawi, propôs a dissolução legal da Irmandade. Beblawi fez a proposta ao ministro de Assuntos Sociais, Ministério responsável por licenciar entidades não governamentais.
— Nenhuma reconciliação será concluída com aqueles cujas mãos estão manchadas de sangue. Nenhuma reconciliação pode ser celebrada com alguns direcionando armas para civis — afirmou Beblawi, acrescentando que as mortes de sexta-feira são decorrentes de confrontos entre moradores e manifestantes.
A Irmandade foi dissolvida pelo regime militar do Egito em 1954, mas se registrou como uma organização não governamental em março, em resposta a um processo legal movido por opositores do grupo que contestavam sua legalidade.
Ainda neste sábado, após horas de impasse e intenso tiroteio, forças de segurança egípcias conseguiram invadir uma mesquita no Cairo usada por partidários do presidente deposto Mohamed Mursi como abrigo na madrugada de sábado. O local foi esvaziado e diversas pessoas presas.
Segundo manifestantes, gás lacrimogêneo foi disparado dentro da sala de orações da mesquita para tentar fazer todos saírem do local, enquanto tiros eram ouvidos. A mesquita al-Fatah, na Praça Ramsés, foi transformada em um hospital de campanha e necrotério na sexta-feira durante confrontos violentos na área.
Waleed Attar estava entre um grupo que conseguiu escapar do prédio quando a troca de tiros começou.
— Nós não sabíamos de onde as balas vinham. Até mesmo as forças de segurança se abrigaram. Os pistoleiros estavam à paisana — disse à al-Jazeera.
Autoridades egípcias anunciaram ter prendido 1.004 “elementos da Irmandade Muçulmana”, sendo 558 no Cairo. Em comunicado, o governo apontou que as detenções estão sendo realizadas em todas as províncias durante as operações para fazer frente às "tentativas terroristas de elementos da Irmandade Muçulmana, que deseja empurrar o país para um ciclo de violência".
Uma nova contagem do Ministério da Saúde afirma que o número de civis mortos na sexta-feira chega a 173, sendo 95 no Cairo, o que elevaria o total de vítimas desde quarta-feira para cerca de 750.
Entre os mortos, está Ammar Badie, filho do líder religioso da Irmandade Muçulmana Mohammed Badie. Ele foi morto após ser baleado enquanto participada de protestos na Praça Ramsés. Ele havia sido indiciado por incitação de violência e participaria do julgamento que será iniciado em 25 de agosto.