1.16.2014

Orientação sexual

Guerra dos sexos começa cedo

  • Divisão de rótulos de brinquedos por gêneros no Reino Unido reacende a polêmica sobre habilidades de homens e mulheres
  • Nos EUA, engenheira da Universidade de Stanford criou a GoldieBlox, marca de brinquedos com foco em construção para meninas ‘serem mais que princesas’
  • Psicóloga brasileira não é a favor da separação dos brinquedos entre meninos e meninas
Viviane Nogueira

GoldieBlox: Muito mais que princesas.
Foto: Reprodução
GoldieBlox: Muito mais que princesas. Reprodução
RIO - Cérebros de homens e mulheres funcionam de maneira diferente, basta ter tido qualquer experiência com o sexo oposto para saber. Mas no início de dezembro um estudo da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, deu força à tese ao mostrar que nos homens, o favorecimento de ação motora e visão espacial acontece por causa de um número maior de conexões entre os neurônios dentro de cada hemisfério cerebral. Já nas mulheres, as habilidades em linguagem e sociabilidade são maiores porque há mais conexões entre os hemisférios cerebrais.
A engenheira Debbie Sterling, formada na Universidade de Stanford, acredita que tais habilidades podem ser aprendidas e, por isso, fundou a empresa GoldieBlox, com brinquedos que trabalham justamente as habilidades apontadas na pesquisa como masculinas. A explicação ela deu no TED, em abril: mulheres engenheiras são minoria, ela quer mudar isso.
- A indústria de brinquedos me dizia que nunca funcionaria, mas eu fiz um protótipo combinando leitura de histórias, que as meninas amam, e construção. Provamos que eles estavam errados - diz Debbie no site da empresa.
O comercial da marca é contagiante e está cotado para exibição durante o Superbowl de 2014. Ao fundo, uma paródia da música “Girls”, do Beastie Boys, tem versos como ‘somos mais que princesas’. Enquanto isso, três garotinhas correm pela casa, acompanhando uma engenhoca que faz uma sequência de estragos até desligar a TV que exibe um comercial de brinquedos ‘de meninas’.
Desde o ano passado a campanha “Let toys be toys” (“Deixe que binquedos sejam brinquedos", em tradução livre) ganha força no Reino Unido, pedindo que se retirem os rótulos designando o gênero dos brinquedos. Lojas como Toys’ R Us, Sainsbury's, Tesco e Debenhams já aderiram. No Brasil não há esta determinação. Numa compra pela internet há a divisão por gênero, mas há também por idade ou categoria de produtos.
A psicóloga Clarice Kunsch, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, não é a favor da separação dos brinquedos entre meninos e meninas e acredita que esta seja uma estratégia comercial apenas.
- Quando o casal tem um menino e uma menina, não é raro ver na casa um mesmo brinquedo de cores diferentes, um rosa e outro azul, não precisa - diz. - Assim como as meninas gostam de se vestir de Batman e brincar com blocos, eles se encantam pelas princesas e curtem brincar de casinha.
Ela conta que já mandou papel cor de rosa colado na agenda de um menino e a agenda voltou com um papel de outra cor colado por cima, pela mãe.
- É uma preocupação mais dos pais que dos filhos, mas não é um brinquedo que vai definir a orientação sexual.

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