5.13.2014

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)

Sinônimos: Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, TDA, Hipercinesia infantil

 TDAH é um problema de desatenção, hiperatividade, impulsividade ou uma combinação destes. Para que esses problemas recebam um diagnóstico de TDAH, eles devem se apresentar fora de um limite normal para a idade e o desenvolvimento da criança.
tdah - Foto: Getty Images Cérebro de uma pessoa com TDAH pode ser diferente do normal

Causas

O TDAH é o transtorno comportamental infantil mais frequentemente diagnosticado. Ele afeta aproximadamente de 3 a 5% de crianças em idade escolar. O TDAH é diagnosticado muito mais frequentemente em meninos do que em meninas.
O TDAH pode ser herdado geneticamente, mas sua causa não é clara. Independentemente da causa, ele parece se estabelecer cedo na vida da criança, enquanto o cérebro está se desenvolvendo. Estudos de imagem sugerem que o cérebro de uma criança com TDAH é diferente do de uma criança normal.
Depressão, falta de sono, incapacidade de aprender, transtornos de tique e problemas comportamentais podem ser confundidos com TDAH. Todas as crianças com suspeita de sofrerem de TDAH devem ser examinadas com cuidado por um médico para verificar se há outros problemas ou motivos para o comportamento.
A maioria das crianças com TDAH também sofre de pelo menos um outro problema de comportamento ou de desenvolvimento. Ainda podem apresentar um problema psiquiátrico, como depressão ou transtorno bipolar.
TDAH: falta de atenção e hiperatividade prejudicam capacidade de aprendizado de pacientes

Exames

Com muita frequência, crianças difíceis são incorretamente rotuladas com TDAH. Por outro lado, muitas crianças que sofrem do TDAH permanecem sem o diagnóstico. Em ambos os casos, problemas de aprendizado e de humor são ignorados com frequência. A American Academy of Pediatrics (AAP) traçou diretrizes para trazer mais luz a esse assunto.
O diagnóstico é baseado em sintomas muito específicos, que devem estar presentes em mais de um ambiente.
  • As crianças devem apresentar pelo menos seis sintomas de desatenção ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade antes dos 7 anos.
  • Os sintomas devem estar presentes pelo menos há seis meses, ocorridos em dois ou mais ambientes e não serem provocados por outro motivo.
  • Os sintomas devem ser graves o suficiente para resultar em dificuldades significativas em muitos ambientes, inclusive em casa, na escola e no relacionamento com os demais.
Em crianças mais velhas, o TDAH encontra-se em remissão parcial quando elas ainda têm os sintomas, mas não se enquadram mais totalmente na definição do transtorno.
Se houver suspeita de TDAH, a criança deve passar por uma avaliação médica. A avaliação pode consistir em:
  • Questionários para pais e professores
  • Avaliação psicológica da criança E da família, incluindo testes de QI e psicológicos
  • Exames completos mentais, nutricionais, físicos, psicossociais e de desenvolvimento

Sintomas de TDAH

Os sintomas de TDAH se dividem em três grupos:
  • Falta de atenção (desatenção)
  • Hiperatividade
  • Comportamento impulsivo (impulsividade)
Algumas crianças com TDAH são primariamente do tipo desatento. Outras podem ter uma combinação de tipos. As que sofrem do tipo desatento são menos perturbadas e muitas vezes não recebem o diagnóstico de TDAH.
Sintomas de desatentos
  • Não consegue prestar atenção em detalhes ou comete erros resultantes de descuidos no trabalho escolar
  • Tem dificuldade de manter a atenção nas tarefas ou em jogos
  • Parece não escutar quando falamos diretamente com ela
  • Não segue as instruções completamente e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres
  • Tem dificuldade de organizar tarefas e atividades
  • Evita ou não gosta de tarefas que demandem manter esforço mental (como trabalhos escolares)
  • Seguidamente perde brinquedos, trabalhos, lápis, livros ou ferramentas necessárias para tarefas ou atividades
  • Distrai-se facilmente
  • Frequentemente, tem problemas de memória em atividades cotidianas
Sintomas de hiperatividade:
  • Mexe as mãos e o pés o tempo todo e se retorce na cadeira
  • Levanta-se quando deve permanecer sentado
  • Corre ou sobe em móveis em situações inapropriadas
  • Tem dificuldade de brincar em silêncio
  • Parece frequentemente estar "ligada na tomada" e fala excessivamente
Sintomas de impulsividade:
  • Fala antes que as perguntas sejam completadas
  • Tem dificuldade de aguardar a vez
  • Interrompe ou se intromete entre os outros (se mete em conversas e jogos)

Buscando ajuda médica

Procure seu médico caso você ou a escola do seu filho suspeitem que ele sofra de TDAH. Informe seu médico sobre quaisquer:
  • Dificuldades em casa, na escola ou no relacionamento com os colegas
  • Efeitos colaterais da medicação
  • Sinais de depressão

Tratamento de TDAH

O tratamento para TDAH é uma parceria entre médico, pais ou responsáveis e a criança. Para a terapia ter sucesso, é importante:
  • Definir objetivos específicos e apropriados para guiar a terapia.
  • Começar com os medicamentos e a terapia comportamental.
  • Fazer acompanhamento regular com o médico para verificar objetivos, resultados e quaisquer efeitos colaterais dos medicamentos. Durante esses check-ups, devem ser coletados dados de pais, professores e da criança.
Se o tratamento parecer não funcionar, o médico deverá:
  • Certificarse de que a criança tem, de fato, TDAH
  • Verificar se não há outro problema médico possível que possa causar sintomas similares
  • Certificar-se de que o plano de tratamento esteja sendo seguido

Medicamentos

Uma combinação de medicamentos e tratamento comportamental funciona melhor. Existem diversos tipos de medicamentos para TDAH que podem ser usados sozinhos ou em conjunto.

Medicamentos para TDAH

Eles precisam de cuidados especiais quando utilizados





Um estudo recém-publicado pelo periódico Journal of Pediatrics avaliou a segurança do uso da medicação estimulante metilfenidato, também conhecida por ritalina, entre mais de 100 adolescentes com diagnóstico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O estudo revelou que a medicação pode provocar um discreto aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, especialmente nos primeiros seis meses do tratamento, sem alterações significativas ao eletrocardiograma.

Dentre os inúmeros efeitos colaterais que uma medicação pode causar, os efeitos sobre o coração estão entre os mais temidos. Esse estudo nos traz ainda mais segurança no uso do metilfenidato, já que não foram observados eventos cardíacos sérios, mesmo em doses altas. Entretanto, os resultados chamam a atenção para que a medicação seja usada com cuidado redobrado em pacientes hipertensos, ou naqueles com condições clínicas em que o aumento da pressão arterial ou da freqüência cardíaca sejam indesejáveis.

O metilfenidato é uma medicação frequentemente usada no tratamento do TDAH, mas tem sido utilizada também para outros transtornos neuropsiquiátricos, e até mesmo por pessoas sem problemas de saúde e que só querem "turbinar o cérebro", ou seja, para aumentar o desempenho cognitivo. Ainda não se conhece bem ao certo os riscos e benefícios dessa medicação quando usadas por pessoas sem o diagnóstico de TDAH e o presente estudo serve de alerta para os aventureiros que ainda usam medicações sem indicação médica. Serve também para tranqüilizar aqueles que realmente precisam usar a medicação
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Dr. Ricardo Teixeira
Os psicoestimulantes (também conhecidos como estimulantes) são as drogas mais comuns usadas no tratamento do TDAH. Apesar do nome, essas drogas na verdade têm um efeito calmante nos portadores de TDAH.
Essas drogas incluem:
  • Anfetaminadextroanfetamina (Adderall)
  • Dexmetilfenidato (Focalin)
  • Dextroanfetamina (Dexedrine, Dextrostat)
  • Lisdexanfetamina (Vyvanse)
  • Metilfenidato (Ritalina, Concerta, Metadate, Daytrana)
Uma droga não estimulante denominada atomoxetina (Strattera) pode ser tão eficaz quanto os estimulantes, e o risco de uso incorreto é menos provável.
Alguns medicamentos para TDAH têm sido associados à ocorrência rara de morte súbita em crianças com problemas cardíacos. Converse com seu médico sobre o melhor medicamento para seu filho.

Terapia comportamental

Psicoterapia para a criança e a família pode ajudar todos a entender e ter controle sobre sentimentos estressantes relacionados ao TDAH.
 



  • O adolescente e as funções executivas no TDAH

    O sucesso é o resultado de foco e metas bem definidas

    O TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade apresenta modelos neurobiológicos distintos. Um deles é o da disfunção executiva ou síndrome disexecutiva, onde o TDAH cursa com comprometimento de áreas cerebrais responsáveis pelas funções executivas. Mais especificamente, a região anterior do lobo frontal (região pré-frontal) é a responsável pelas funções executivas, que vão desde a capacidade do indivíduo planejar e desenvolver estratégias para a resolução de problemas à realização de metas de vida, o que exige, entre outras habilidades, a flexibilidade de comportamento, integração de detalhes num todo coerente e o manejo de múltiplas fontes de informação, todos coordenados com o uso de conhecimento adquirido.Funções executivas são, na verdade, todos os comportamentos voltados para a realização de um objetivo ou de uma tarefa. Praticamente, quase tudo na vida é função executiva. Estabelecer prioridades, estar motivado para iniciar o dia, planejar-se com antecedência para o dia seguinte, ter o autocontrole e auto-regulação das emoções, colocar suas idéias em uma



    ordem lógica para que sejam bem sucedidas, botar um plano em prática monitorizando o comportamento passo a passo, olhar à frente e ver se o seu projeto está saindo conforme o esperado ou mudar o seu rumo caso avalie ser necessário, frear comportamentos inadequados, manejar adequadamente o tempo, lidar bem com os estresses normais da vida diária, aprender com os erros, entre outros, são exemplos de função executiva.

    Sabemos que o amadurecimento das regiões cerebrais responsáveis pelas funções executivas só se completa por volta dos 20 anos de idade. Ora, então como ficam as crianças pequenas, com essas regiões cerebrais ainda tão imaturas?! Crianças em idade pré-escolar e escolar (portadoras ou não de TDAH) usam as funções executivas de seus pais, professores, babás, etc., que funcionam todo o tempo como função auxiliar ou lobo frontal acessório dessas crianças (lembrar que o lobo frontal é a região cerebral responsável pelas funções executivas).
    Concluímos assim que crianças pequenas não terão tantos problemas em termos de função executiva, uma vez que algum adulto sempre estará por perto para suprir tais funções, supervisionando-as todo o tempo, por exemplo, lembrando-as da hora do banho, de estudar para a prova, de comprar o presente da amiga que faz aniversário, de checar se os deveres estão bem feitos, de estudar junto, de arrumar as roupas e gavetas, etc.

    E quando é que o prejuízo das funções executivas passa a ser problema, então?
    O problema começa quando a criança portadora de TDAH (o TDAH cursa com comprometimento das funções executivas) cresce e passa a ser visto pelos pais como um pequeno adulto (o filho idealizado). Quem nunca ouviu um pai ou uma mãe dizendo que seu filho (ou filha) de 10, 12 ou 15 anos já está um rapaz, uma moça, que são muito responsáveis e que já se viram sozinhos pra tudo.

    Se a entrada na puberdade é realmente um problema para as crianças de um modo geral, o que não dizer para o adolescente portador de TDAH?
    A adolescência é um período difícil (muitas transformações hormonais, biológicas) em que as pressões escolares e da vida, de modo geral, aumentam muito, cobrando desses jovens todo o tipo de coisas que muitas vezes eles ainda não se encontram prontos (biologicamente amadurecidos) para realizar. Não raramente eles passam a se sentir sozinhos e culpados, assumindo para si a responsabilidade de corresponder as expectativas de seus pais e as do mundo, quando muitas vezes eles ainda não vão ter essa condição e o pior, muitos podem não saber lidar com o sentimento de frustração, vergonha ou de incompetência que geralmente surge nessa hora.

    E se os adolescentes de modo geral ainda precisam muito do apoio e suporte dos pais, mais ainda os adolescentes portadores de TDAH, que certamente apresentarão mais problemas acadêmicos e de socialização do que jovens da mesma idade, não portadores de TDAH. Pesquisas em todo o mundo mostram que adolescentes com TDAH têm muito mais chance (em relação a jovens de mesma idade sem o TDAH) de serem mais imaturos e impulsivos, com mais atitudes desafiadoras, de apresentarem maior número de repetências e de abandono da escolaridade formal, de expulsões do colégio, de quedas, fraturas e hospitalizações, de gravidez precoce e DST (doenças sexualmente transmissíveis), de mais problemas com figuras de autoridade e com a Justiça, de terem maior índice de depressão e ansiedade, de uso abusivo de álcool, drogas e tabaco precocemente, de terem um estilo de dirigir perigosamente, etc.

    Questões citadas acima merecem toda a nossa atenção, pois são tidas como questões de pior prognóstico ao longo da vida do indivíduo. Assim, os pais devem estar sempre ao lado de seus filhos nessa passagem tão delicada da puberdade para a vida adulta, estando sempre disponíveis quando eles precisarem e na medida do possível, abrindo mão das expectativas sobre eles, uma vez que isso costuma se tornar um fardo muito pesado sobre os ombros dos filhos.
Os pais devem usar um sistema de recompensa e consequência para ajudar a guiar o comportamento do filho. É importante aprender a lidar com comportamentos desruptivos. Os grupos de apoio podem auxiliar a encontrar outros com problemas parecidos.
Outras dicas para ajudar seu filho com TDAH:
  • Comunique-se regularmente com o professor do seu filho.
  • Mantenha uma programação diária consistente, com hora certa para o tema de casa, para as refeições e para atividades externas. Faça as alterações nessa programação antecipadamente e não em cima da hora
  • Restrinja as distrações no ambiente do seu filho.
  • Cuide para que seu filho siga uma dieta saudável e variada, com muitas fibras e nutrientes básicos.
  • Certifique-se de que seu filho durma o suficiente.
  • Elogie e recompense o bom comportamento.
  • Dê regras claras e consistentes para seu filho.
Tratamentos alternativos para TDAH têm se tornado popular, incluindo ervas, suplementos e manipulação quiroprática. Ainda assim, há pouca ou nenhuma evidência sólida de que funcionam.

Expectativas

O TDAH é uma doença crônica de longa duração. Se não tratado adequadamente, o TDAH pode provocar:



TDAH causa isolamento e preconceitos ao longo da vida

O mal deixa seus portadores fragilizados e inferiorizados




O profissional da área de saúde mental tem recebido em seu consultório um número cada vez maior de crianças, adolescentes e adultos com queixas de ordem emocional e ou comportamental associadas principalmente a problemas de atenção e ou aprendizagem.

Crianças dispersas e com dificuldades escolares e de sociabilização até então eram vistas na grande maioria dos casos, como consequentes à educação permissiva e sem limites pelos pais, ou por pais protetores em excesso, ou até mesmo por falta de umas "boas palmadas" ou problemas do próprio sistema educacional. De qualquer forma, a consequência sempre era mais ou menos a mesma: criança super rotulada, vivenciando o preconceito "na pele" acabava apresentando a "síndrome da desmoralização" e do "desamparo aprendido", secundárias ao fato de se sentir (e ser vista como) uma criança problema, diferente, sem futuro, "uma criança desacreditada" dentro de seu próprio meio...

São crianças que sentem a dor do fracasso e da solidão muito precocemente e que sentem humilhação, vergonha e impotência diante de seus pares, cada qual seguindo a vida, enquanto para elas, a vida se mostrando cheia de muralhas intransponíveis...

À medida que os anos vão passando, essa sensação "de ser desacreditado" associada à percepção de "ser menos", vai fazendo com que essa criança ou esse jovem ou esse adulto acabe achando mesmo que "ele não vale a pena de ser investido" ou seja, ele opta por "jogar os panos" e tal qual aos outros, acaba por não acreditar mais em si mesmo, gerando aquilo que chamamos de "síndrome do desamparo aprendido": a própria criança já "não se leva mais à sério", e cada vez mais vão aumentando os "rombos" e as sequelas emocionais em seu psiquismo, com consequente devastação em sua autoestima, autoconfiança e auto imagem.

Ora, vamos nos colocar no lugar de uma pessoa que não está conseguindo enxergar aquilo que lê - tudo fica embaçado e turvo. Ou como alguém que tenta entender como se resolve uma determinada tarefa e que não está conseguindo entender. Se essa condição ocorrer quase todo dia, ao final de um tempo, certamente essa pessoa vai ficar com pavor da tal situação. E é assim que muitas crianças e muitos jovens acabam por desistir da escola, não concluindo sua escolarização. Muitos pais costumam dizer: - O meu filho não aprende nada porque ele não gosta de estudar! E eu sempre respondo com veemência: NÃO!! O seu filho não gosta de estudar porque ele não está conseguindo aprender !!!!
Hoje em dia sabemos que um grande número de pessoas que apresentam sintomas como os descrito acima, tem chance de ser portador do TDAH transtorno do déficit de atenção e hiperatividade condição ainda pouco conhecida e que vem sendo muito estudada e melhor entendida nos últimos anos, com o avanço da neurociência, da genética e dos estudos de neuropsicologia e cujo tratamento é bastante eficaz. A maioria das crianças, jovens e adultos quando corretamente tratados, passam a gostar de estudar e ler. E uma vez que passam a aprender, passam a gostar de estudar. E as chances de uma vida mais plena e mais feliz ficam muito mais concretas.
Resumindo, o TDAH ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é uma condição neurobiológica, de inicio precoce, bastante prevalente em crianças de idade e adolescentes, com prevalência em torno de à 5 a 10% da população escolar. Quando não tratada precocemente, pode evoluir de modo adverso, numa espiral decrescente. Na prática, vemos que a vida do portador de TDAH que não é tratado, tem grandes chances de evoluir com insucessos crônicos e autoestima baixa. Por isso, hoje em dia, é inadmissível que um paciente portador de TDAH seja atendido pelo médico sem que seja feito o diagnóstico de TDAH. É super importante o diagnóstico precoce e o tratamento correto. É bom lembrarmos que crianças e jovens não tratados, vão evoluir com sintomas na vida adulta em cerca de 50 a 60% dos casos.
Evelyn Vinocur




Veja as consequências do TDAH em uma família

Confira como este transtorno pode desestabilizar a vida das pessoas







O casal foi feliz por 4 anos. Ou melhor, por 4 anos e 9 meses. Justamente aí nasceu o Breno, e com ele, veio a desagregação e a discórdia, abaixo, palavras da mãe do Bruno.

Ele sugou tudo de mim, dra., tudo, ele chorou por quase 2 anos sem parar. Vivia pulando de colo em colo. Só cochilava se a gente o ninasse forte. Eu e o meu marido nunca mais vivemos uma para o outro. Durante esses 4 anos de casados, éramos uma família, agora somos loucos enraivecidos, perdidos na selva da minha casa. Eu fico desesperada, ele é igualzinho a mim, eu era assim, igualzinha a ele. O Breno com 5 anos já tinha sido expulso de 2 creches, não acompanhava a turma, só vivia batendo e empurrando os colegas. Eu não entendo: ele quer tudo na hora, do jeito dele! Senão fica um bicho raivoso!! Não aceita um não como resposta. Fica suplicando o que ele quer até eu surtar e ceder à vontade dele... ele não para de repetir as mesmas frases, a gente não agüenta, fazemos o que ele quer, porque senão nós vamos fazer uma besteira.


Ele era tão lindo, um anjinho!! Por breves segundos o Breno dormia bem, mas até isso ele perdeu, hoje ele dorme muito mal. Eu me sentia tão mal, ele nunca ficava bem no colo. Parecia que eu nunca soube pegá-lo no colo, ele nunca ficava à vontade. Nunca me imaginei vivendo esse inferno. Meu Deus.. .

As histórias se repetem. Não muito diferentes umas das outras. O casal não agüentou mais após uma discussão violenta, com agressão física, Breno quis ir morar com um amigo mais velho. Mas os pais não queriam saber, estavam aliviados com o afastamento do filho. E o Breno ficou a deriva, ficou solto nas ruas, passou a cheirar e fumar. Com o tempo, passou a traficar. E a gente pode imaginar como a vida ficou dramática e perigosa para o Breno...

Como não poderia deixar de ser, quando nos deparamos com casos como o do Breno, vemos que a vida sexual do casal desmorona, o clima de respeito, carinho, amor e companheirismo vai para o espaço e só fica lugar pra raiva, culpa, vergonha, vontade de morrer e de sumir... O que você fez na cabeça desse garoto para ele ficar assim? essa coisa de um culpar o outro, isso é toda hora. Marido e mulher embrutecem, passam a ter raiva do mundo e fogem de todos, e aos poucos, todos fogem deles também... e família termina completamente difamada, humilhada e literalmente isolada do seu contexto, familiar e ou dos amigos.

Os divórcios e separações são a tônica da questão, com os pais ficando desencorajados, deprimidos, se achando as piores pessoas do mundo. Vou transcrever um pedacinho da primeira sessão do Breno comigo:

Mãe: - Doutora, eu imploro, me ajude, eu não sei mais o que fazer. Dentro de casa é só tensão, discussão, meus filhos competem o tempo todo, o barulho lá em casa é total, infernal...

Pai: - Doutora, eu sou nervoso, vou explodir. Me dá um remédio, há uns anos eu tomei anafranil, melhorei, mas parei o remédio e agora eu estou agressivo, não aguento mais, vou explodir e ele olha para a mulher.

Dra.: - a sua esposa? Você não aguenta mais a sua esposa? Porque?

Pai: - ela não faz nada, nada, é muito nervosa, agressiva, eu me sinto muito explorado. E o meu filho, eu não sei o que fazer... só tenho vontade de sumir, largar tudo ou então matar todos eles e depois me matar, estou desesperado...

Filho1: - Dra, eu quero dirigir, eu posso? Eu juro que não fujo mais, que não vou mais pro morro atrás de droga...

Dra (ignora a fala do filho1) - mãe, como é o seu dia? Como é isso que ele está falando que você não faz nada?

Mãe: - eu não sei, doutora, não tenho ânimo, não tenho vontade de nada, as vezes eu estudo com os meninos, mas a verdade é que eu tenho uma empregada que faz as coisas pra mim, porque, eu não não gosto de fazer nada.... chorando muito. Eu sou um peso morto. Vivo pedindo a Deus que me leve desse mundo, que pra mim é um verdadeiro inferno, um martírio...

Filho 1: - Dra., eu fui espancado a vida toda. Espancado cruelmente, doutora diz o garoto com os olhos fechando, meio dopado, pois já veio medicado ao consultório. - Meu pai chegava mamado todos os dias e puxava o cinto e me torturava, me xingava dos piores nomes... Dra., a sra acredita em mim?

Pai: eu batia muito nele, doutora, mas agora não bato mais, ou melhor, bato menos agora, ...

Filho 2: - Pior sou eu, Dra., que nem existo para os meus pais. Sou negligenciado e abandonado pelos meus próprios pais, essa família é louca! Ninguém se entende! Todo mundo só sabe berrar e bater! Esse cara aí, se referindo ao irmão doente, só veio ao mundo pra trazer o inferno pra nossa casa. Ele é um pesadelo dentro de casa. Eu só vejo uma saída pra mim, que é a de sair da minha casa.

Filho 1: - Doutora, por favor, eu posso namorar, posso dirigir? Eu fico bonzinho, eu juro... Dra., a sra. Deixa eu sair, né? Ninguém acredita em mim - diz ele chorando como um menino de seis anos.

E o restante desta interminável consulta foi desse mesmo jeito. Todos falando ao mesmo tempo, a ponto de enlouquecer o terapeuta. Nesses casos o terapeuta precisa ter muita prática e impor todo o seu respeito e limites nos pais e no paciente. Regras rígidas precisam ser colocadas e implementadas na família.


Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.


  • Abuso de álcool e de drogas
  • Fracasso escolar
  • Problemas para manter o emprego
  • Problemas com a lei
Cerca de metade das crianças com TDAH seguirão tendo sintomas problemáticos de desatenção ou impulsividade na idade adulta. Entretanto, os adultos costumam ser mais capazes de controlar o comportamento e mascarar as dificuldades.


Prevenção



Embora não haja maneira comprovada de prevenir o TDAH, quanto mais cedo ele for identificado e tratado, mais problemas associados ao transtorno poderão ser evitados



Distúrbio respiratório é comum no TDAH

É preciso ficar atento, pois a criança respira mal enquanto dorme





O TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é caracterizado por uma gama de problemas relacionados à falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Esses problemas são causados por alterações no desenvolvimento de algumas áreas cerebrais que funcionam mais lentamente, causando dificuldades à criança em sua vida diária.

O TDAH é um distúrbio biopsicossocial, ou seja, é fortemente influenciado por fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais, que contribuem para a intensidade dos problemas experimentados. Foi comprovado que o TDAH atinge 3% a 10% da população ao longo da vida. O diagnóstico precoce e tratamento adequado podem reduzir drasticamente os conflitos sociais, familiares, escolares, comportamentais e psicológicos vividos por essas crianças e seus familiares.


Estudos mostram que através de um diagnóstico e tratamento corretos, um grande número dos problemas como repetência escolar, abandono dos estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas vocacionais e de relacionamento, bem como abuso de drogas, pode ser adequadamente tratado ou até mesmo evitado. Sabemos que a presença outras patologias são a regra no curso do TDAH e não a exceção. Por isso devemos ficar atentos a problemas auditivos, visuais, transtornos de aprendizagem, distúrbios da coordenação motora, transtornos psiquiátricos diversos entre outros.

Problemas do sono estão presentes em percentual razoável nessas crianças, sendo comum a sonolência excessiva durante a tarde. Por isso, é fundamental a investigação sobre dos distúrbios obstrutivos respiratórios do sono em crianças com TDAH, uma vez que o problema dificulta as crianças de prestarem atenção e aprenderem o conteúdo das disciplinas escolares como os outros alunos.

Além disso, elas ficam agitadas ou às vezes apáticas, por conta do problema respiratório. O uso da telerradiografia é norma lateral como auxiliar no diagnóstico dos Distúrbios Obstrutivos Respiratórios do Sono em Crianças com TDAH foi desenvolvido pela Unicamp SP e realizado em crianças com distúrbios de aprendizagem. Quando respiramos com dificuldade, a respiração alterada leva ao que chamamos de dessaturação, ou seja, prejuízo da oxigenação em áreas do cérebro como a área pré-frontal, que é a área mais comprometida no TDAH, agravando ainda mais o quadro.

Como a criança não dorme bem, pode prejudicar a atenção, a conduta e o aprendizado. Por isso é importante a família e os professores terem informações sobre esse assunto e ficarem atentos aos alunos. Especialistas em TDAH precisam fazer uma triagem da parte respiratória em toda criança diagnosticada como tal. Se elas apresentam o problema, é importante diagnosticar se elas têm também os Distúrbios Obstrutivos Respiratórios do Sono, ou os dois.

Avaliação odontológica é fundamental também, pois a criança pode ter atresia dos maxilares, o que acaba fragmentando a passagem do ar pelas vias aéreas e diminuindo o espaço de passagem do ar. Temos sempre que perguntar se a criança dorme bem, se ela ronca e se respira pelo nariz. Crianças que dormem de barriga para cima ficam com a ponta da língua baixa e não no céu da boca e podem ficar com a via aérea muito reduzida, até mesmo fechada em direção à garganta, a adenóide, as amígdalas e os maxilares.

Importante também a avaliação da úvula, amígdalas e adenóides, além de desvio de septo. Não é normal a criança roncar, falar à noite, ter refluxo gastroesofágico, ranger os dentes (bruxismo), transpiração da cabeça e do tórax (excessiva), enurese noturna (fazer xixi na cama até 7 ou 8 anos) e movimento das pernas inquietas durante o sono, ou agitar as pernas e mãos durante o dia. Também podem apresentar problemas como a rinite alérgica crônica e amigdalites que atrapalham muito a respiração.

Como a criança não consegue respirar de forma eficiente, ela tem um sono agitado e essa reação que ela apresenta é o corpo se movimentando devido a dificuldade da respiração. A criança pode ainda ter pesadelos e acordar gritando. A identificação desses distúrbios do sono pode ser percebida logo ao nascer pelos pais, melhor verificada pelos pediatras. Os pais muitas vezes percebem as agitações do sono, mas não as relacionam com fatores que podem aumentar a hiperatividade, prejudicar a atenção e o aprendizado nas crianças com TDAH.

Também devem ser investigados os fatores como congestionamento nasal, apinhamento dental, palato ogival, lábios entreabertos, inflamação clínica das tonsilas palatinas, úvula (campainha) alongada e mau hálito.O TDAH, para ser adequadamente tratado necessita, como vemos, de uma avaliação clínica detalhada por profissional capacitado neste tipo de atendimento.



Distúrbio respiratório é comum no TDAH

É preciso ficar atento, pois a criança respira mal enquanto dorme




O TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é caracterizado por uma gama de problemas relacionados à falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Esses problemas são causados por alterações no desenvolvimento de algumas áreas cerebrais que funcionam mais lentamente, causando dificuldades à criança em sua vida diária.

O TDAH é um distúrbio biopsicossocial, ou seja, é fortemente influenciado por fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais, que contribuem para a intensidade dos problemas experimentados. Foi comprovado que o TDAH atinge 3% a 10% da população ao longo da vida. O diagnóstico precoce e tratamento adequado podem reduzir drasticamente os conflitos sociais, familiares, escolares, comportamentais e psicológicos vividos por essas crianças e seus familiares.


Estudos mostram que através de um diagnóstico e tratamento corretos, um grande número dos problemas como repetência escolar, abandono dos estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas vocacionais e de relacionamento, bem como abuso de drogas, pode ser adequadamente tratado ou até mesmo evitado. Sabemos que a presença outras patologias são a regra no curso do TDAH e não a exceção. Por isso devemos ficar atentos a problemas auditivos, visuais, transtornos de aprendizagem, distúrbios da coordenação motora, transtornos psiquiátricos diversos entre outros.

Problemas do sono estão presentes em percentual razoável nessas crianças, sendo comum a sonolência excessiva durante a tarde. Por isso, é fundamental a investigação sobre dos distúrbios obstrutivos respiratórios do sono em crianças com TDAH, uma vez que o problema dificulta as crianças de prestarem atenção e aprenderem o conteúdo das disciplinas escolares como os outros alunos.

Além disso, elas ficam agitadas ou às vezes apáticas, por conta do problema respiratório. O uso da telerradiografia é norma lateral como auxiliar no diagnóstico dos Distúrbios Obstrutivos Respiratórios do Sono em Crianças com TDAH foi desenvolvido pela Unicamp SP e realizado em crianças com distúrbios de aprendizagem. Quando respiramos com dificuldade, a respiração alterada leva ao que chamamos de dessaturação, ou seja, prejuízo da oxigenação em áreas do cérebro como a área pré-frontal, que é a área mais comprometida no TDAH, agravando ainda mais o quadro.

Como a criança não dorme bem, pode prejudicar a atenção, a conduta e o aprendizado. Por isso é importante a família e os professores terem informações sobre esse assunto e ficarem atentos aos alunos. Especialistas em TDAH precisam fazer uma triagem da parte respiratória em toda criança diagnosticada como tal. Se elas apresentam o problema, é importante diagnosticar se elas têm também os Distúrbios Obstrutivos Respiratórios do Sono, ou os dois.

Avaliação odontológica é fundamental também, pois a criança pode ter atresia dos maxilares, o que acaba fragmentando a passagem do ar pelas vias aéreas e diminuindo o espaço de passagem do ar. Temos sempre que perguntar se a criança dorme bem, se ela ronca e se respira pelo nariz. Crianças que dormem de barriga para cima ficam com a ponta da língua baixa e não no céu da boca e podem ficar com a via aérea muito reduzida, até mesmo fechada em direção à garganta, a adenóide, as amígdalas e os maxilares.

Importante também a avaliação da úvula, amígdalas e adenóides, além de desvio de septo. Não é normal a criança roncar, falar à noite, ter refluxo gastroesofágico, ranger os dentes (bruxismo), transpiração da cabeça e do tórax (excessiva), enurese noturna (fazer xixi na cama até 7 ou 8 anos) e movimento das pernas inquietas durante o sono, ou agitar as pernas e mãos durante o dia. Também podem apresentar problemas como a rinite alérgica crônica e amigdalites que atrapalham muito a respiração.

Como a criança não consegue respirar de forma eficiente, ela tem um sono agitado e essa reação que ela apresenta é o corpo se movimentando devido a dificuldade da respiração. A criança pode ainda ter pesadelos e acordar gritando. A identificação desses distúrbios do sono pode ser percebida logo ao nascer pelos pais, melhor verificada pelos pediatras. Os pais muitas vezes percebem as agitações do sono, mas não as relacionam com fatores que podem aumentar a hiperatividade, prejudicar a atenção e o aprendizado nas crianças com TDAH.

Também devem ser investigados os fatores como congestionamento nasal, apinhamento dental, palato ogival, lábios entreabertos, inflamação clínica das tonsilas palatinas, úvula (campainha) alongada e mau hálito.O TDAH, para ser adequadamente tratado necessita, como vemos, de uma avaliação clínica detalhada por profissional capacitado neste tipo de atendimento.



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