7.12.2014

Você só usa 10% do cérebro? Sabe de nada, inocente

5 mentiras sobre o cérebro que você jurava ser verdades



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Scarlett Johansson  - em seu novo filme, ela é especial por usar mais de 10% do cérebro. Acredite, você faz o mesmo (Foto: Reprodução/Youtube)

VOCÊ SÓ USA 10% DO CÉREBRO? SABE DE NADA, INOCENTE

Ninguém nega que Scarlett Johanson seja uma pessoa incrível. Basta assistir a um filme da atriz para chegar a essa conclusão. No seu novo trabalho, o filme Lucy, Scarlett interpreta uma mulher que desenvolve incríveis poderes depois de começar a usar mais de 10% do cérebro. Pelo trailer, divulgado em abril, o filme parece uma história de ação empolgante. Falha no que diz respeito à ciência. Afinal, Scarlett já usa, na vida real, mais de 10% do cérebro. Na verdade, ela usa o cérebro inteiro. Nisso, ela, você e eu somos muito parecidos.
A história de Lucy se apoia em um antigo mito da neurociência – o de que humanos possuem capacidades cerebrais não utilizadas, uma espécie de potencial latente. Ideias assim são comuns. Para esclarecer alguns enganos sobre o funcionamento do cérebro, o canal do Youtube AsapSCIENCE lançou um vídeo em que corrige alguns erros populares. Inspirados pela iniciativa, decidimos fazer o mesmo. Abaixo, destruímos 5 mitos sobre o sistema nervoso.

1 – Você usa somente 10% do seu cérebro
Bobagem. Ao contrário do que a sabedoria popular sustenta, os humanos não desperdiçam nenhuma área do cérebro. O conjunto todo é muito bem utilizado. Nem todas as áreas, porém, ficam ativas simultaneamente. Durante uma corrida, por exemplo, a atividade cerebral é mais intensa nos centros responsáveis pelas funções motoras.
A origem do mito dos 10% é desconhecida. Acredita-se que ele esteja associado a um discurso que William James, um dos fundadores da psicologia moderna, proferiu em 1906, durante um encontro da Associação de Psicologia Americana: “Comparado com o que poderíamos ser, estamos apenas semi-despertos. Fazemos uso de apenas uma pequena parcela de nossos recursos físicos e mentais”. James estava errado. A ideia de que apenas uma parte do cérebro é utilizada persistiu, mesmo tendo sido desmentida pela ciência, provavelmente porque é divertido pensar que possuímos capacidades ainda desconhecidas para desenvolver.


2 – O álcool mata seus neurônios
Esse mito tem origem, provavelmente, na ressaca pós-bebedeira. Qualquer um que acorde com um bate-estaca instalado sobre a cabeça, depois daquela noite de farra, é capaz de concluir que perdeu metade do cérebro ou mais. Podemos ficar tranquilos – no geral, o álcool não basta para destruir neurônios. Mesmo assim, álcool em excesso pode trazer prejuízos para o cérebro. A substância deteriora a ponta dos neurônios, os dentritos. Dentritos danificados têm dificuldade para estabelecer ligações entre as células, as chamadas sinapses.  O dano, felizmente, é reversível.
3 – Pessoas criativas têm o lado direito do cérebro mais desenvolvido
Você já deve ter escutado a história de que, se você é mais lógico, usa mais o lado esquerdo do cérebro. Se é mais criativo, tem o lado direito mais desenvolvido. Mito.Os lados do cérebro são, de fato, mais ou menos especializadas em determinadas funções: o lado esquerdo está relacionado às habilidades das pessoas com a linguagem enquanto que o lado direito ajuda a entender emoções. Mesmo assim, os estudos realizados até hoje não foram capazes de demonstrar a existência de uma preponderância do lado direito ou esquerdo nos indivíduos. Criativas ou analíticas, as pessoas continuam tendo cérebros muito parecidos.

4 – Ouvir música clássica deixa as crianças mais inteligentes
Esse mito ganhou popularidade quando a revista Nature publicou, em 1993, um artigo de neurocientistas da Universidade da Califórnia a respeito dos efeitos da música no desenvolvimento cerebral. A partir dele, ficou conhecido o termo “efeito Mozart”.  A ideia geral explorada pelo trabalho era de que ouvir composições clássicas, como as do artista austríaco, teria efeitos sobre o cérebro. O trabalho é contido em suas conclusões – os autores não usam, por exemplo, a frase “efeito Mozart” em lugar algum.  A pesquisa tampouco foi conduzida em crianças – suas cobaias foram 36 estudantes universitários adultos. Em três ocasiões, os jovens receberam tarefas de lógica para realizar. Antes de cada tarefa, passaram 10 minutos escutando puro silêncio, uma fita de relaxamento ou 10 minutos das melhores obras de Mozart. Por um curto período, os alunos que ouviam Mozart tinham um desempenho melhor que os demais. Como essa conclusão evoluiu para envolver crianças e pais enlouquecidos tocando Stravinski durante a gestação, é uma dúvida que persiste.
Claro que escutar música clássica não é má ideia, se isso te apraz. Aliás, escutar música é bom, qualquer que seja a melodia, independentemente do gênero. Pesquisas recentes sustentam que, mesmo que a música não te deixe mais inteligente, ela faz bem para seu corpo e mente. Um trabalho publicado em 2011 no periódico Nature Neuroscience afirma que, quando você ouve suas canções favoritas, o cérebro libera ondas e dopamina, uma substância que provoca prazer.
5- Humanos têm 5 sentidos
Tato, paladar, visão, audição e olfato. Desde criança, aprendemos que esses são os cinco sentidos de que, no geral, os seres-humanos fazem uso para se orientar. Não é mentira. É uma meia verdade. Na realidade, a ciência ainda reconhece outros sentidos tais como o senso de equilíbrio ou a capacidade de sentir a passagem do tempo. O número mais aceito é de nove sentidos, mas alguns pesquisadores sustentam que eles podem chegar a mais de 20.

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