8.16.2014

Mulheres operam pés para usar sapatos finos e altos


Cirurgia da Cinderela consiste em reduzir largura dos ossos e encurtar dedos. Especialistas condenam técnica para fins estéticos, devido aos riscos envolvidos

O Dia
Rio - Muitas mulheres desejam ter pés bonitos e usar sapatos de bico fino e sandálias de salto de maneira confortável. Algumas delas fazem de tudo para isso, até se submeter a procedimentos que encurtam os dedos e afinam os pés. Na opinião de especialistas, a procura pela chamada Cirurgia de Cinderela é preocupante. Operações nessa região do corpo por motivos exclusivamente estéticos trazem riscos sérios e desnecessários.
Segundo Marina Monteiro, ortopedista do Centro Médico São José, em São Paulo, as técnicas usadas nesses casos são as mesmas adotadas no tratamento de pacientes com deficiências, como dedos em garra (sobrepostos) e joanetes. “Os riscos são iguais. A diferença é que quando se está doente e com muitas dores, a cirurgia se justifica”, explica.
Quem mesmo sem ter problemas se sujeita a técnicas invasivas, diz a médica, pode desenvolver infecções pós-operatórias, muitas dores, deformidades mais incômodas do que as que motivaram a procura pelo médico e problemas de circulação na ponta dos dedos. Além disso, quando a reclamação está ligada à largura dos pés e ossos são amputados, outros ossos vizinhos acabam sobrecarregados, influenciando negativamente o andar, esclarece a especialista.
Pacientes que têm o segundo dedo maior que o outro, por exemplo, e optam por encurtá-lo podem ter um desequilíbrio na parte da frente dos pés e também sobrecarregar outras regiões, afirma.
No Reino Unido e nos Estados Unidos, a cirurgia estética nos pés ganha cada vez mais adeptas, e as brasileiras seguem o mesmo caminho. As mulheres que procuram pela intervenção têm entre 30 e 50 anos. Há pessoas que se queixam muito no consultório. “Uma paciente uma vez me relatou: ‘Quero fazer cirurgia pois os sapatos da marca tal não cabem nos meus pés largos’”, conta Marina.
Não há contraindicação para a cirurgia no Brasil, mas a ortopedista não a recomenda e defende: é muito mais fácil e seguro mudar os sapatos do que o formato dos pés.

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