8.17.2014

O perigo oculto do efeito sanfona

Engorda-emagrece-engorda pode levar dano irreversível ao fígado e causar até diabetes

Beatriz Salomão
Efeito safona leva dano irreversível ao fígado e pode causar até diabetes
Foto:  Arte O Dia
Rio - Mudanças na silhueta e no guarda roupa não são os únicos prejuízos do ‘efeito sanfona’. Alterações bruscas no peso podem causar danos ao fígado e aumentar riscos de diabetes e problemas cardíacos. E o pior: os males não são revertidos com a perda de quilos. Mas se você integra este time, não se desespere. É possível evitar a variação corporal com dieta equilibrada e orientada por um profissional.
O alerta é de estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A pesquisa foi feita com camundongos especiais, que têm o organismo semelhante ao do homem. Os roedores engordaram — alcançando nível 20% acima do próprio peso — e emagreceram três vezes. De acordo com Sandra Barbosa, nutricionista responsável pelo estudo, o ciclo entre obesidade e peso normal gera uma espécie de ‘ambiente inflamatório’ no organismo, que aumenta o risco de doenças.
Ela alerta que, mesmo após perder peso, os animais apresentaram acúmulo de gordura no fígado, mal conhecido por esteatose hepática que, se não tratado, pode provocar cirrose e até câncer. “O problema também ocorre em humanos e pode ser detectado pela ultrassonografia. Essa já é a doença do século”, aponta.
Além disso, diz a nutricionista, os camundongos vítimas do ‘efeito sanfona’ tiveram níveis elevados de adipocinas, hormônios que provocam o aumento da resistência à insulina, o que pode levar ao diabetes. “Voltar ao peso normal pode dar uma falsa sensação de ser saudável”, explica, acrescentando que triglicerídeos e colesterol no sangue voltam ao normal com a perda de massa.
Ainda segundo Sandra, no ‘terceiro ciclo’, quando depois de emagrecer a pessoa engorda novamente, o ganho de massa corporal é maior do que da primeira condição de ‘gordinho’. “À medida em que pessoa passa pelo ‘efeito sanfona’, há redução do metabolismo e aumenta a capacidade do corpo de estocar gordura”.
Outros estudos mostram ainda que há relação do efeito ‘iô-iô’ com infarto, hipertensão arterial, Acidente Vascular Encefálico, fraturas e cálculos biliares.
Dieta rápida e inibidor de apetite: vilões
Se o seu seu lema é ‘perca dez quilos em uma semana sem esforço’, cuidado. Coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica da Secretaria Estadual de Saúde, Cid Pitombo explica que dietas muito restritivas — onde o consumo de alimento é insuficiente — e o uso de inibidores de apetite são os grandes vilões do efeito sanfona. Ele explica que o cérebro interpreta que a pessoa não está comendo o suficiente e aumenta a sensação de fome. “Por isso há o ganho depois de alguns meses”.
Na cirurgia bariátrica, o efeito sanfona não ocorre, revela o especialista. Segundo Pitombo, se após submeter-se à cirurgia o paciente recupera o peso, o motivo não é um alerta do cérebro e o aumento da fome, mas sim maus hábitos alimentares. “A pessoa precisa manter alimentação saudável. Mesmo comendo menos, é possível engordar de novo se comer mal”, aponta. Em 85% dos casos, a perda de peso é satisfatória com a bariátrica.

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