9.15.2014

Asma alérgica



A asma é uma doença respiratória crónica (de longa duração) que se caracteriza pela inflamação e obstrução (reversível) das vias aéreas e dificuldade respiratória. Produz-se uma alteração a nível bronquial (laringe-traqueia-brônquios- vias respiratórias inferiores e pulmão); esta alteração ou obstrução reversível pode melhorar de forma espontânea ou com tratamento.
Apresenta-se de forma intermitente, ou seja, sob a forma de ataques de asma. Pode provocar a limitação das atividades quotidianas, o bem-estar das crianças e a sua capacidade de prestar atenção na escola.

Como posso saber se tenho asma?

Com os sintomas e a história clínica realizada pelo seu médico especialista e os testes que sejam pertinentes pode-se realizar o diagnóstico.

Quais são os sintomas?

Os sintomas característicos são:
  • tosse
  • sibilos ou silvos quando se respira
  • sensação de sufoco
  • dor ou pressão no peito
  • secreções ou mucosidade
  • fadiga
  • sensação de falta de ar

O que é um ataque de asma?

O ataque ou crise de asma é o episódio de exacerbação da doença, ou seja, perante um desencadeador como pode ser uma infecção viral, medicamentos, alérgenos, ou irritantes como o fumo do tabaco ou o frio, produz-se a inflamação com estreitamento das vias aéreas e por conseguinte, uma obstrução da passagem de ar para os pulmões, manifestando-se uma dificuldade respiratória (sensação de sufoco), acompanhada de tosse e ruídos respiratórios.
Entre uma crise e a seguinte, o doente asmático encontra-se geralmente sem sintomas, aparentemente são.

Quais são os factores desencadeadores mais frequentes?

As crises asmáticas podem ser desencadeadas por numerosos factores: as infecções respiratórias virais; os alérgenos do meio doméstico ou do ambiente exterior, tais como os ácaros do pó, as baratas, penas, pêlos, pêlos de animais, pólenes estacionais; os irritantes como o fumo do tabaco, os cheiros, o fumo industrial; as alterações climáticas; o exercício físico; alguns alimentos e os seus aditivos; fármacos (ácido acetilsalicílico ou aspirina, certos anti-inflamatórios); emoções intensas, ou o refluxo gastroesofágico, que pode provocar uma broncoconstrição reflexa e iniciar uma crise asmática.
Os alérgenos mais importantes na produção de alergias respiratórias são os chamados aeroalérgenos: pólenes de muitas plantas, os ácaros domésticos (pequenos artrópodes presentes nos colchões, sofás, tapetes das nossas casas), os epitélios e o pêlo de animais domésticos (gatos, cães, roedores, cavalos...), os excrementos de baratas e uma série de produtos industriais de ambiente profissional (panificação, cabeleireiro, carpintaria, indústrias químicas, etc.)
Os pólenes mais importantes como produtores de alergia em todo o mundo são os das gramíneas. Em Espanha são também muito importantes o pólen da flor da oliveira e o de parietária. A maioria das plantas alergénicas poliniza na Primavera.

A asma alérgica acontece em episódios?

A asma caracteriza-se por uma obstrução variável e reversível das vias respiratórias, com inflamação e hiper-reatividade bronquial.
Os episódios de crise caracterizam-se por contracções dos brônquios, edemas e excesso de mucosidade, contribuindo para a obstrução da entrada de ar desde o exterior.

Que tipos de asma existem?

A asma diferencia-se segundo a causa em:
  • Asma atópica, extrínseca ou alérgica: secundária a ácaros, pólenes, pêlos de animais, fungos, alimentos. É a mais frequente.
  • Asma intrínseca: de causa não conhecida.
  • Asma profissional: farinhas, produtos industriais, tintas de cabeleireiro, encarregados agrícolas, aves de capoeira, outros.
  • Asma por medicamentos: aspirina, anti-inflamatórios, etc.
  • Asma induzida pelo exercício.

É hereditária?

A asma tem predisposição genética, ou seja, se um dos progenitores for asmático, a probabilidade de desenvolver asma é de cerca de 25%; e se ambos os progenitores forem asmáticos, a probabilidade de desenvolver asma aumenta para cerca de 70%.
A incidência da asma na população geral é de aproximadamente 10%. Começa, geralmente, na infância ou na adolescência, resolvendo-se na metade dos casos na puberdade e vida adulta. A metade restante continua na vida adulta ou reaparece ao fim de uns anos. Entre 30 a 50% dos asmáticos padecem de rinite alérgica.

Como se diagnostica a asma?

A asma diagnostica-se mediante testes de função respiratória onde se determina a obstrução do ar.
  • Testes de função expiratória.
  • Medição do pico de fluxo expiratório (peak-flow): utiliza-se para autocontrolo.
  • Teste de broncodilatação.
  • Teste de provocação bronquial.
  • Marcadores da inflamação em secreções e soro.
  • Testes cutâneos.
  • Determinação da Ig E - específica ao alérgeno no sangue.

Como se trata?

1. Controlo ambiental
O primeiro passo do tratamento é evitar o contacto com as substâncias que provocam a crise de asma. Evitar o contacto com os alérgenos contribui para um melhor resultado do tratamento prescrito pelo especialista e a uma diminuição dos sintomas.

2. Medicamentos
Empregam-se para aliviar os sintomas produzidos pela crise de asma. Denominam-se medicamentos sintomáticos e entre eles estão os corticóides, os broncodilatadores beta-adrenérgicos, os antileucotrienos e as teofilinas.
Estes medicamentos aliviam os sintomas, mas não farão desaparecer a causa da doença.
  • Medicamentos de uso crónico:Utilizam-se para diminuir a inflamação da mucosa e evitar as crises de asma.
    • Corticóides inalados. São o tratamento de primeira linha
    • Cromonas. Cromoglicato, têm um efeito anti-inflamatório menor que os corticóides.
    • Inibidores de leucotrienos, são outra alternativa.
  • Medicamentos para exacerbações:Utilizam-se de forma ocasional, em ciclos curtos antes da crise.
    • Broncodilatadores beta-adrenérgicos de acção imediata e de acção prolongada.
    • Anticolinérgicos.
    • Teofilinas.
    • Corticóides inalados e orais.
3. Imunoterapia
Conhecida popularmente como vacinas antialérgicas: consiste em injectar progressivamente doses repetidas do alérgeno ao doente com o fim de diminuir ou eliminar a sua sensibilidade face ao alérgeno, evitando ou diminuindo as posteriores reacções asmáticas.
A duração do tratamento é de 3 a 5 anos na maioria dos casos.
A imunoterapia utiliza-se para tratar casos de asma alérgica causados por sensibilização ao pólen, ácaros do pó, pêlos de animais ou certos fungos. Com este tratamento, para além de aliviar os sintomas da alergia, diminui a quantidade de tomas de medicamentos.
É o único tratamento, segundo a Organização Mundial de Saúde, que pode modificar o curso natural da doença, por tratar a causa e não só os sintomas da doença.
Está documentado científica e amplamente que a imunoterapia pode prevenir o desenvolvimento de asma em doentes com rinite alérgica e alta probabilidade de desenvolver

Novo medicamento promete melhor resposta contra

(Fonte: Folha de São Paulo / Texto: Mariana Versolato)

Um novo medicamento, ainda em fase de estudos, mostrou potencial para tratar a asma alérgica de maneira superior aos medicamentos já existentes no mercado. O remédio, chamado quilizumab, é um anticorpo monoclonal, ou seja, uma proteína do sistema imunológico sintetizada em laboratório. Esse tipo de droga é chamada de terapia-alvo porque age de maneira "cirúrgica" no tratamento de diversas doenças e tem sido alvo de estudos mundo afora, principalmente na oncologia.
A proposta do remédio é combater uma reação que ocorre no organismo de pacientes com asma alérgica: a produção em excesso de um anticorpo chamado imunoglobulina E (IgE).Nos pacientes asmáticos, essa proteína acaba aparecendo de maneira exacerbada na presença de estímulos como poeira e pelos de animais, gerando assim uma inflamação. As terapias atuais também têm a IgE como alvo, mas não atacam sua produção, o que faz com que os pacientes necessitem de doses regulares dos remédios para manter os níveis dessa proteína baixos.

Em um estudo publicado nesta quarta-feira (2) na revista "Science Translational Medicine", pesquisadores do Canadá relatam que o medicamento conseguiu bloquear a produção da IgE em pacientes com asma alérgica. As drogas foram administradas uma vez por mês, por três meses, e essa redução na produção da proteína foi mantida por até seis meses depois da última dose. Os 29 voluntários foram expostos a alérgenos em um teste para avaliar os níveis da IgE. O tratamento não obteve sucesso apenas para a asma. Também foi observada resposta similar em 36 pacientes com rinite alérgica.
Segundo Ana Paula Castro, diretora da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia), os pacientes têm hoje à disposição um bom arsenal de tratamento, que é focado na prevenção das crises alérgicas. "Mas os remédios que estão disponíveis não mudam a história natural da doença. Se tiramos as drogas, os sintomas voltam", afirma. "O anticorpo monoclonal ataca mais a causa do problema, por isso é interessante", diz.
Outra vantagem da nova droga seria a maior adesão ao tratamento. Muitos pacientes com asma acabam abandonando a medicação, que precisa ser tomada diariamente, quando se sentem melhores. Isso pode desencadear crises. Como o remédio em teste é administrado mensalmente, mais pessoas poderiam ficar com a doença sob controle.
"Adesão ao tratamento é um grande desafio para as doenças crônicas, incluindo a asma", diz Elie Fiss, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC e médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. "Por isso os resultados são promissores". Ele lembra, porém, que a droga deve continuar a ser investigada, de preferência em um número maior de pacientes, para que se possa fazer uma avaliação melhor de seus riscos e benefícios.

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