7.25.2014

PML: Israel teve reação "insolente" do ponto de vista histórico

247 - O colunista Paulo Moreira Leite classifica como "disparate", "absurda" e "insolente" do ponto de vista histórico a reação da chancelaria israelense, que chamou o Brasil de "anão diplomático". O jornalista relembra a atuação do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, fundamental na ONU para a criação do Estado de Israel. Leia abaixo:
DISPARATE ISRAELENSE
Ao dizer que Brasil é "anão diplomático" porta-voz da chancelaria de Israel esconde papel brasileiro na fundação de Israel
A reação de um porta-voz da chancelaria do governo de Benjamin Netanyaou à notas de repúdio do governo brasileiro diante do massacre de Gaza reflete uma reação insolente, pela diplomacia, e absurda, do ponto de vista histórico.
Definir o Brasil – e qualquer outro país – como "anão diplomático" é um gesto mal educado em qualquer caso mas puro delírio nas relações entre Israel e Brasil.
Isso porque a delegação brasileira presente a Conferência da ONU em San Francisco, em 1948, teve um papel importante na decisão que permitiu a partilha da Palestina, medida que deu origem ao Estado Judeu.
Vamos recapitular o que houve. Encarregado de presidir a sessão da ONU, entidade então em seus rascunhos, o antigo chanceler Oswaldo Aranha, um dos homens fortes durante a maior parte do governo Vargas, foi a San Francisco como chefe da delegação brasileira. Estávamos no governo de Eurico Dutra, bastante alinhado com os Estados Unidos.
Em San Francisco, Aranha fez um levantamento prévio das preferências entre os países presentes. Descobriu que a partilha da Palestina, que o Brasil apoiava, não reunia o mínimo de 2/3 de votos necessários para ser aprovada. Atuando em sua própria lógica, os soviéticos de Josef Stalin apoiavam Israel porque ajudava a prejudicar os inglêses. Os norte-americanos tinham alguma simpatia pela ideia, mas não podiam assumir um alinhamento aberto. Aranha fez, então, uma pequena manobra diplomática.
Adiou a decisão, dando tempo para que os aliados de Israel conquistassem os votos necessários. Foi assim que os israelenses venceram e a ideia de instalar um Estado de fora para dentro numa terra habitada, há pelo menos dois mil anos, por uma população árabe, foi aprovada. A noção de dar uma terra sem povo para um povo sem terra, uma das frases mais absurdas do marketing político mundial – mesmo com a imigração massiva promovida por entidades sionistas nas décadas anteriores a demografia do lugar apresentava dois árabes para cada judeu – ganhou legitimidade internacional. O prestígio de Oswaldo Aranha entre a comunidade israelense tornou-se gigangesto, a ponto de seu nome virar nome de rua em Tel Aviv.
Pesquisas nos arquivos do Itamaraty vieram a demonstrar, décadas depois, que no final da década de 1930 Aranha foi um dos responsáveis pela postura anti-judeus da política de imigração que o governo brasileiro assumiu durante a maior parte da Segunda Guerra. Ainda que na prática tenha ocorrido – por vias legais e também pelo contrabando – uma imigração judaica muito maior do que os textos escritos sugerem, não faltam ordens e resoluções assinadas por Aranha que envergonham quem as lê. Mesmo considerando que refletem um mundo no qual noções de hierarquia racial faziam parte da ideologia vigente, são inaceitáveis.
Mas, em 1948, ele assumiu outra postura, viabilizando um projeto que o movimento sionista buscava desde 1897. Ao contrário do que disse o porta-voz do governo de Israel, que chegou a lembrar a derrota de 7 a 1 para a Alemanha na Copa!, foi, do ponto de vista israelense, um gesto de gigante.
A reação disparatada, 66 anos depois, só não é estranha porque faz parte do comportamento dos governantes israelenses há muito tempo. Ajuda, no plano externo, a evitar a discussão que interessa: a necessidade de interromper um novo ataque brutal a população palestina, massacrada numa região de onde não pode sequer escapar. A nota do governo brasileiro lembra, corretamente, os direitos da população palestina, atacada cotidianamente.
Também ajuda a estimular o nacionalismo judaico, um elemento importante na política israelense desde sempre.
Já em 1949, o drama dos refugiados palestinos – milhares foram retirados e expulsos de suas casas e conduzidos até a fronteira – tornou-se um assunto da diplomacia internacional.
Interessado em encontrar uma saída negociada, o governo do presidente americano Harry Truman mostrou-se decepcionado com a postura de Israel, que não exibia a menor disposição de encontrar uma saída satisfatória para a situação. Fazendo uma analogia dramática, mas que seria usada com frequencia pelos críticos e adversários de Israel nos anos seguintes, Truman usou um emissário para informar Ben Gurion, ministro da Defesa de Israel e seu patrono, para registrar uma mudança em sua visão do problema naquela região que ia muito além de uma simples querela diplomática. Truman mandou dizer que "agora estava inclinado a apoiar os árabes, da mesma forma que anterioramente havia suportado a causa sionista porque tinha simpatia com com os refugiados judeus, sobreviventes do Holocausto." ("1949 – the first israelis," de Tom Segev, página 35 e seguintes).
O mesmo Tom Segev, historiador registra a reação de Ben Gurion a mensagem do presidente dos EUA. Em seu diário, Ben Gurion sustenta que Israel foi criado por conta própria e não deve satisfação a ninguém – nem a aliados internacionais, nem a ONU. "O Estado de Israel não foi estabelecido como consequencia da resolução da ONU," escreve ele. Mais adiante: "a América não levantou um dedo para nos salvar..." Ainda: "não existem refugiados – mas combatentes que querem nos destruir (...) nos exterminar uma segunda vez." E ainda: "nossa autopreservação é mais importante para nós do que a obediência" aos Estados Unidos.
O que se construiu, ao longo dos anos seguintes, foi uma visão mitológica de Israel, avalia o estudioso Geoffrey Wheatcroft, no livro "The Controversy of Zion." Analisando um histórico que envolveu várias formas de perseguição, como progroms na antiga Russia, sem falar no Holocausto, Wheatcroft lembra que "é claro que Israel deu aos judeus um novo sentido de orgulho e auto-respeito." Mas adverte: "sem apoio do Ocidente, Israel não poderia sobreviver." Investigando essa contradição, Wheatcroft lembra duas questões. Se o nacionalismo judaico ajudou a emancipar os judeus como homens "donos de seu destino", a criação de Israel se fez na "dependência e generosidade" norte-americana, situação que ajuda a compreender traços que define como "paranóicos" no discurso político israelense.
Há um aspecto curioso nessa dependência em relação aos Estados Unidos, contudo. Envolve uma ajuda militar entre 3 e 5 bilhões de dólares por ano mas não pode ser descrita como uma clássica relação do tipo metrópole-colonia. Os interesses israelenses tem uma presença descomunal na política interna norte-americana.
Desde a guerra pelo Canal de Suez, em 1957, quando mostrou sua importância para enfrentar a resistência dos países árabes, Israel tornou-se a nação amiga dos países ocidentais numa região hostil a exploração imperial do petróleo. Este é seu papel e sua função geopolítica. Mas, se Harry Trumann já havia encontrado problemas com a política de Israel em relação aos vizinhos, o republicano Dwight Einsenhower também encontrou os seus. Explorando a divisão de poderes, lobistas israelenses fizeram uma fortaleza no Congresso americano, graças a um sistema político favorável a intervenção de grandes interesses. Não só não há limites para contribuições privadas em eleições. Também não há verbas públicas para o funcionamento de gabinetes dos parlamentares, que dependem, assim, de amizades endinheiradas para pagar assessores – oferecidos pelas grandes empresas – para tocar boa parte de seus gabinetes. O saldo é que os lobistas de Israel tem a maior organização de Washington, e só perdem para a NRA, a associação dos fabricantes de armas. Embora a população judia dos Estados Unidos represente pouco mais de 2,2% da população, seus lobistas têm 50 milhões de dólares por ano para gastar. Na década passada, venceram por 60 a 0 uma disputa no Senado. Conforme um levantamento da insuspeita revista Economist, sua única derrota relevante ocorreu na década de 1950. Naquela época, o secretário John Foster Dulles, chegou a dizer, ironicamente, que não se considerava inimigo dos judeus "mas não podemos ter nossas políticas feitas em Jerusalém."
A historiadora brasleira Arlene Clemesha já registrou que os Estados Unidos usaram seu poder de veto mais de 40 vezes para impedir a aprovação de resoluções desfavoráveis a Israel no Conselho de Segurança da ONU. Ela lembra:
"Por que duvidar que a manutenção do conflito israelo-palestino não seja do interesse dos Estados Unidos? Lobistas em Washington pouco poder teriam se suas posições não estivessem em frequente acordo com interesses dos sucessivos governos norte-americanos."
Esta é a questão. Falar em anões é só um disfarce.

Polícia recomeça as buscas pelos restos mortais de Eliza Samudio

Agentes do Departamento de Homicídios, Corpo de Bombeiros e PM estão no terreno próximo ao Aeroporto de Confins (BH) onde a amante do goleiro Bruno estaria enterrada

Adriana Cruz
Belo Horizonte - Sob uma forte chuva que cai na manhã desta sexta-feira, em Belo Horizonte, a polícia local recomeçou as buscas pelos restos mortais de Eliza Samudio. Agentes do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), com apoio do Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar (MG), começaram a operação por volta das 10h30, no bairro Santa Clara, em Vespasiano, Região Metropolitana de BH. Jorge Luiz Rosa Sales, primo do goleiro Bruno e que relatou onde a modelo estaria enterrada, também está no local ao lado de seu advogado, Nélio Andrade e de todos os delegados que participaram do caso.
Para a realização das buscas, os policiais fecharam a Rua Aranhas e o trabalho acontece ao lado do número 870. Sob a orientação de Jorge, eles utilizam retroescavadeiras, enxadas e pás. Já foram encontrados dois objetos que seriam uma luva de construção e um sapato. Moradores da região afirmaram que o terreno, próximo da residência de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, sempre esteve abandonado. No entanto, afirmaram que não viram algum movimento estranho no período em que o corpo de Eliza Samudio teria sido enterrado no local.
Sob a orientação de Jorge, primo do goleiro Bruno, policiais usam uma retroescavadeira nas buscas pelos restos mortais de Eliza Samudio, num terreno em Vespasiano (MG)
Foto:  Ernesto Carriço / Agência O Dia
Jorge viajou na quinta-feira para a capital mineira, escoltado em viaturas descaracterizadas do Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio (Bope). Seu advogado pediu apoio à corporação, porque Jorge diz temer ser morto. O primo de Bruno levou o defensor ao terreno onde o corpo estaria enterrado antes de se apresentar à polícia mineira.
“As informações que ele deu são cabíveis de verificação. Mas isso não muda em nada a situação de quem já foi julgado e condenado”, afirmou o delegado Wagner Pinto, referindo-se aos três condenados pela morte da modelo: Bruno, acusado de ser o mandante do crime; o ex-amigo dele, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, condenado pela execução e ocultação do corpo de Eliza.
Jorge Luiz Rosa Sales (de casaco verde) participa ativamente do trabalho de buscas pelos restos mortais de Eliza Samudio orientando os policiais
Foto:  Ernesto Carriço / Agência O Dia
Nélio Andrade contou que Jorge resolveu falar o que sabia porque entrou para igreja evangélica. “O arrependimento e o apoio de um tio fizeram ele falar. De 0 a 10, ele tem certeza absoluta do que contou. Tenho um nome a zelar, se não acreditasse nele, eu não faria nada”, afirmou o advogado, acrescentando que o rapaz — que cumpriu medida socioeducativa pelo crime quando era menor — não vai entrar em programa de proteção à testemunha.
O terreno fica a cerca de 13 quilômetros de Vespasiano, cidade onde Bola morava e, de acordo com o Ministério Público, local da morte. Jorge afirmou que a vítima não foi esquartejada, como contou anteriormente. “A mão dela foi cortada ainda em vida e decepada com uma faca de açougueiro, depois de morta. O corpo foi enrolado em um lençol e lacrado em um saco preto”, garantiu.
Vídeo:  Advogado fala sobre revelação de Jorge
Assistindo ao crime, ele disse que segurava no colo Bruninho, filho do jogador com a modelo, cujo valor da pensão alimentícia originou a desavença. “O menino chorava muito. Parecia que sabia que a mãe estava sendo morta”. O local teria sido indicado por Bola. Jorge afirma que um buraco profundo, cavado por trator, estava aberto. “Tiramos o corpo da mala do EcoSport, da avó de Bruno, e jogamos terra por cima”, garantiu.
Contradições marcam depoimentos do jovem
Ao longo das investigações, Jorge Luiz Rosa Sales mudou sua versão sobre o crime várias vezes. Ele, que chegou a contar com proteção policial por ter fornecido detalhes do crime, sustentou, nos primeiros depoimentos, que o corpo de Eliza teria sido esquartejado e dado como comida a cães da raça rottweiler. O que sobrou teria sido concretado em uma parede.
Depois, afirmou que a modelo foi levada para a casa do jogador na Barra da Tijuca, onde permaneceu por dois dias, até ser levada para o sítio em Esmeraldas (MG). Na quinta, porém, garantiu que ela saiu de hotel direto para Minas, sem passar pela casa do goleiro.
Bruno, Bola e Macarrão foram condenados pela morte de Eliza, em 2010: crime teria sido cometido porque goleiro não queria assumir filho
Foto:  Divulgação
Os depoimentos de Jorge também mostram contradições em relação a presença de Dayanne, ex-mulher de Bruno, no sítio de Esmeraldas. Em entrevista no ano passado, Jorge chegou a insinuar que Bruno sabia desde o início do plano de matar Eliza, ao contrário do que disse na quinta-feira à ‘Rádio Tupi’.
Advogados se surpreendem
Na entrevista à ‘Rádio Tupi’, Jorge alegou que mentiu no primeiro depoimento por orientação do seu ex-advogado, Eliezer de Almeida. O defensor negou e disse que nunca soube dessa nova versão. “Ele nunca me contou essa história. Se eu soubesse, o teria convencido a falar”, alegou Eliezer, que suspeita da veracidade do relato, já que é o quinto de Jorge.
Maria Lúcia, advogada da mãe de Eliza, ficou surpresa: “Se for comprovado que o corpo está lá, como o Jorge confirmou sua participação, deve ser denunciado por ocultação de cadáver. Se for mentira, pode ser por falso testemunho”.
Advogado Nélio Andrade pediu escolta da PM do Rio para levar a testemunha a Minas
Foto:  Ernesto Carriço / Agência O Dia
Leonardo Diniz, que defende Macarrão, se recusou a comentar a entrevista, dizendo que as acusações não terão relevância para o processo. “Meu cliente está julgado. Não existe revisão para prejudicar réu”, disse. Já Fernando Magalhães, defensor de Bola, contou que seu cliente reagiu com indiferença.
“Jorge tem questão pessoal contra Bola e há anos tumultua a vida dele. Se fosse verdade, tentaria uma revisão e até anulação do processo, já que não houve esquartejamento nem a qualificação pela forma cruel que o crime teria sido cometido. Caso o corpo apareça, Bola será o principal interessado na perícia que, certamente, o inocentará”, concluiu

Ator pornô gay é preso em Los Angeles com droga introduzida no ânus

Ele precisou ser encaminhado a um hospital porque não conseguiu remover um dos pacotes com o entorpecente

O Dia
Los Angeles (EUA) - O ator pornô gay Bruno Knight foi preso nesta quarta-feira ao tentar embarcar no Aeroporto da Califórnia para o Reino Unido com três pacotes do material entorpecente conhecido como 'Crystal Meth' introduzido no ânus. Ele foi detido por oficiais da Alfândega após denúncia encaminhada por agentes do Departamento de Combate às Drogas norte-americano.
De origem britânica, Phillip Gizzie, nome real do astro pornô, levantou suspeita dos agentes ao caminhar de maneira estranha pelo aeroporto e por estar suando muito. Abordado pelos oficiais, ele admitiu no interrogatório que havia consumido cocaína, maconha, GHB (também conhecido como ecstasy líquido) e metanfetaminas e que estava com cerca de 225 gramas do Crystal Meth introduzido no ânus. Este tipo de anfetameina ficou mundialmente conhecido por ser citado no seriado 'Breaking Bad'.
O ator conseguiu retirar dois dos três pacotes, mas o último acabou ficando preso em seu corpo
Foto:  Reprodução Internet
O ator conseguiu retirar dois dos três pacotes, mas o último acabou ficando preso em seu corpo. Ele foi encaminhado para um hospital em Inglewood, onde o terceiro pacote foi removido. Após ter alta, Gizzie foi encaminhado para uma penitenciária de Los Angeles, onde aguarda audiência de julgamento do caso.  




Criador de ‘Dilma Bolada’ explica por que tirou perfil da internet

Algumas pessoas que não gostam e aquelas que são filiadas aos partidos da oposição são muito agressivas, ai é melhor deixar quieto.

Na última quarta-feira, o assunto nas redes sociais foi um só: o criador do perfil ‘Dilma Bolada’, o estudante de publicidade Jeferson Monteiro, de 24 anos, apagou os perfis — que, juntos, somam mais de dois milhões de seguidores — do ar. Jeferson comunicou a decisão através do seu perfil pessoal no Facebook e avisou que não iria atender à imprensa para falar sobre o assunto. Mas, ontem, em entrevista exclusiva à coluna, ele falou sobre a repercussão da página, dinheiro e política. Confira.
Foto: Reprodução de Internet
Foto: Reprodução de Internet
Por que você tirou a página ‘Dilma Bolada’ do ar?
Estamos entrando num período muito conturbado, que é o eleitoral. Então, por ora, vou deixar as páginas quietinhas e avaliar se vão continuar ou não. É uma exposição muito grande e por isso tem que ser pensado. Apesar de eu gostar da Dilma e ter votado nela, tem um apelo muito grande. São mais de 2 milhões de pessoas seguindo.

Quantos seguidores você contabiliza no Facebook e no Twitter?
No Facebook quase um milhão e meio e no Twitter, 253 mil seguidores. Somando com outras redes sociais, como Instagram, chegam aos 2 milhões.

Teve alguma orientação para tirar a página para evitar problemas com o Tribunal Eleitoral?
Não. Inclusive, tudo que eu publiquei através do perfil da ‘Dilma Bolada’ sempre foi muito tranquilo. Eu, como qualquer outra pessoa, tenho o direito de me posicionar, o fato é que eu tenho um público muito grande.

Você acha que as páginas poderiam ser consideradas uma campanha pró-Dilma?
Eu não acho que seja uma campanha. As páginas existem desde 2010 e sempre exaltaram, de forma irreverente, a pessoa Dilma. A minha questão é: “Você vai continuar apoiando a Dilma no período das eleições?”. O que eu já fiz algumas vezes é alfinetar algumas coisas, mas nunca houve baixaria, nem mesmo com a oposição. Eu jamais inventaria calúnia. Algumas pessoas que não gostam e aquelas que são filiadas aos partidos da oposição são muito agressivas. Tem um blog de um cara do PSD que diz que eu ganho R$ 120 mil por mês do PT para manter a ‘Dilma Bolada’.

E aquela história de que você recebeu uma proposta de uma agência de publicidade para ganhar R$ 500 mil para falar mal da Dilma?
Foi verdade. A agência AMA me procurou, perguntando se eu topava apoiar um candidato presidenciável e fazer campanha através das redes sociais. Eu topei conversar para entender quem era e do que se tratava, mas estranhei. Até porque tinha que falar mal de outros candidatos. Num segundo contato, eles disseram que não tinham conseguido falar com o PT, o PSB do Eduardo Campos tinha negado e o PSDB do Aécio Neves estava muito interessado. Depois, descobri que o pessoal do PSDB não sabia de nada, e ainda inventaram que nunca me procuraram. Conversando com alguns amigos em São Paulo, soube que, de fato, alguns partidos estavam comprando as pessoas dessa forma. E eu acho isso canalhice.

Você é filiado a algum partido?
Não, mas tenho um lado. Não voto em legenda.

Qual é sua fonte de renda?
Toda fonte de renda que eu tenho vem dos posts que faço de marcas no Twitter, no Instagram…

Você nunca recebeu dinheiro de partido?
Não! Sempre de empresas. Sou agenciado.

Quanto custa um post patrocinado?
Ah, você está querendo saber demais. É o de mercado.

Recebeu alguma ameaça nesse tempo?
Não.

Dilma Bolada vai voltar dependendo do resultado das eleições?
Não sei, não. Se for para voltar, ela volta antes.

Quando?
Não sei. Eu ainda preciso analisar algumas coisas. Se eu deixasse a página no ar, eu não iria me controlar.

Quando fala de se controlar, você se refere a quê?
Se eu tivesse deixado os perfis no ar, eu não conseguiria ficar só olhando. Eu iria logar e postar na página. Da mesma forma que crio conteúdo, eu retuíto também.

A Dilma soube que você iria tirar o perfil do ar?
Não soube. Acho que agora já deve estar sabendo. Ela é uma pessoa supergentil, fofa, gosto muito dela.

Postado por: Leo Dias

ÁLCOOL AFETA VISÃO NOTURNA DOS MOTORISTAS

Álcool afeta visão noturna dos motoristas

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o álcool pode danificar a qualidade óptica da imagem que percebemos porque, entre outras coisas, ele modifica o filme lacrimal que reveste a superfície dos olhos. 
Um estudo conduzido pela Universidade de Granada (Espanha) comprovou cientificamente que o consumo de álcool afeta a visão noturna ao aumentar a percepção de círculos luminosos (halos) e outras perturbações visuais. Além disso, em pessoas que consomem álcool em excesso (mais do que o limite legal recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS), a deterioração da visão é significativamente maior.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o álcool pode danificar a qualidade óptica da imagem que percebemos porque, entre outras coisas, ele modifica o filme lacrimal que reveste a superfície dos olhos. A rigor, o etanol das bebidas alcoólicas atinge a camada mais externa do filme lacrimal (lipídica) e facilita a evaporação da parte aquosa da lágrima. Quando isso acontece, a imagem formada na retina é distorcida – podendo comprometer gravemente atividades noturnas, principalmente a condução de veículos.

Na opinião do médico oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, não é só o consumo excessivo de álcool que pode comprometer bastante a visão e aumentar os riscos de um grave acidente de trânsito. “Problemas visuais como embaçamento da visão e catarata – que muitas vezes são diagnosticados tardiamente – costumam dificultar a visão do motorista em relação ao que os pedestres estão vestindo (roupas escuras, por exemplo). Sendo assim, os reflexos necessários para evitar acidentes ficam altamente comprometidos. Até mesmo dificuldades moderadas para enxergar acabam reduzindo a habilidade de enxergar um pedestre à noite”.

Outro estudo, divulgado no jornal Investigative Ophthalmology & Visual Science, revelou que nenhum dos motoristas que simularam ter catarata conseguiu identificar um pedestre que usava roupas pretas. Já quando listras refletivas eram utilizadas, a visão aumentava para 82,3%. Essa pesquisa também demonstrou que a redução da capacidade de enxergar à noite altera a noção de distância e, consequentemente, atrasa a visão que o motorista tem do pedestre.

“Aqui no Brasil, os acidentes são uma das principais causas de morte. Portanto, estar em dia com a saúde ocular costuma evitar boa parte dos acidentes. Até 40 anos, o motorista deve passar por um exame completo de visão de três em três anos. Entre 40 e 65 anos, esse espaço deve ser reduzido para dois anos. Já depois dos 65 anos, os exames devem ser anuais. Infelizmente, há muitos jovens com alto grau de miopia dirigindo sem óculos ou lentes corretivas”, diz o médico.

Enquanto as doenças oculares podem e devem ser diagnosticadas precocemente e tratadas, o consumo excessivo de álcool depende de uma tomada de consciência e de muita determinação para ser superado. Para José Juan Castro, que coordenou o estudo espanhol, o consumo de álcool somado à baixa iluminação pública são fatores presentes na maioria esmagadora dos acidentes de carro.

7.24.2014

Casal preso acusado de matar e esquartejar zelador se torna réu

Justiça aceitou denúncia do MP contra publicitário e advogada.
Juiz ainda determinou transferência de Ieda Martins do RJ para SP.

Kleber Tomaz Do G1 São Paulo
Advogada e publicitário são acusados de matar zelador (Foto: Reprodução/TV Globo) 
Advogada e publicitário são acusados de matar zelador
(Foto: Reprodução/TV Globo)
A Justiça de São Paulo aceitou nesta semana a denúncia do Ministério Público (MP) contra Eduardo Tadeu Pinto Martins, de 47 anos, e Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, de 42, presos suspeitos de matar e esquartejar o zelador Jezi Lopes Souza, 69, em 30 de maio deste ano na capital paulista. Desse modo, o casal se torna réu no processo no qual são acusados dos crimes.
O próximo passo da Justiça será a marcação de uma audiência de instrução, que precede a um eventual julgamento. Nessa etapa, testemunhas de defesa e acusasão prestarão depoimentos, os acusados serão interrogados e defensores e Promotoria debaterão sobre o caso. Em seguida, a Justiça decidirá se os réus deverão ser julgados pelo crime por um júri popular. 
O G1 não conseguiu localizar nesta quinta-feira (24) o advogado Marcello Primo, que defende o publicitário e a advogada, para comentar o assunto.

Em sua decisão, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, determinou na quarta-feira (23) que o publicitário Eduardo responda por homicídio doloso, no qual há a intenção de matar; ocultação de cadáver; falsificação de documento e porte ilegal de arma. A advogada Ieda responderá por homicídio, ocultação e porte de arma.

Prisões preventivas
O magistrado decretou ainda a prisão preventiva de Ieda acusada de participar do assassinato do zelador Jezi, no prédio onde ela morava com Eduardo e o filho do casal, na Casa Verde, Zona Norte de São Paulo. A advogada está detida atualmente no Rio de Janeiro por decisão da Justiça daquele estado, onde foi acusada de matar o ex-marido, o empresário José Jair Farias, 57, em 20 de dezembro de 2005. Em seu despacho, o juiz determinou também que Ieda seja transferida novamente para São Paulo, onde deverá ficar presa.

Eduardo permanece preso preventivamente em São Paulo. Ele foi transferido na semana passada do 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, região central da capital, para o Centro de Detenção Provisória (CDP) da Vila Independência, na Zona Sul. A informação é da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Ainda de acordo com a pasta, a polícia paulista informou que Ieda permanecerá presa no Rio até o início de agosto. Depois disso, será avaliado se ela será mesmo transferida para São Paulo e como isso será feito.

O publicitário também é investigado pela Polícia Civil do Rio por suspeita de ajudar Ieda a assassinar José. Ele foi morto a tiros perto de sua empresa. Tanto Eduardo quanto Ieda negaram à polícia qualquer envolvimento nesse crime. O caso do assassinato do empresário já havia sido encerrado sem apontar culpados, mas foi reaberto após a repercussão da morte do zelador em São Paulo.

publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins,  zelador Jezi Lopes de Souza, (Foto: Caio Prestes/G1) 
Zelador Jezi Lopes de Souza, (Foto/ reprodução)
Zelador
Em seu depoimento à polícia de São Paulo, Eduardo confessou ter matado Jezi de forma acidental após discutirem e brigarem – o idoso teria batido a cabeça e morrido no apartamento onde o publicitário morava. O acusado admitiu, no entanto, que ficou desesperado e resolveu esquartejar o corpo do zelador. Em seguida, colocou as partes em malas.

Câmeras de segurança do edifício gravaram Jezi sair do elevador no andar do casal Martins e não aparecer mais. As imagens também mostram o publicitário e a advogada levando as bagagens ao carro deles que estava na garagem. Apesar dessas filmagens, Eduardo inocentou a mulher. Segundo ele, ela não sabia de nada.

Após a família de Jezi registrar seu desaparecimento, a polícia passou a investigar o sumiço do zelador. E foi até Praia Grande, no litoral paulista, onde prendeu Eduardo em flagrante queimando os restos mortais da vítima numa churrasqueira.
Tanto para a investigação quanto para a acusação, Ieda ajudou a matar, esquartejar e esconder o cadáver de Jezi.

“O delito doloso contra a vida tem materialidade e autoria, confessada por Eduardo, comprovadas. A participação de Ieda, na modalidade instigação e promessa de auxílio material após o delito não pode ser de plano afastada considerando o que consta do caderno investigatório e deverá ser cotejada durante a instrução processual em contraditório”, lembrou o magistrado em sua decisão. “Eduardo confessou ter ocultado e destruído o cadáver da vítima e o inquérito não excluí a participação de Ieda”.

Empresário
A polícia fluminense decidiu reabrir o inquérito que apurava a morte de José após a polícia paulista apreender armas que estavam com o casal em São Paulo e em Praia Grande. Foi pedido um laudo de comparação balística entre elas e as balas que mataram o empresário no Rio. O resultado apontou que o cano de pistola 380 e silenciadores apreendidos no apartamento dos Martins foram usados para matar o ex-marido de Ieda.

Um revólver calibre 38, encontrado no litoral teria sido usado para dar uma coronhada na cabeça de Jezi. Todo o armamento estava em situação irregular: o casal não tinha autorização para tê-lo. Questionados pela polícia, Eduardo e Ieda não derem informações de como conseguiram as armas. Sobre o assassinato de José, os dois também negaram o crime.

Em entrevista ao Fantástico, a advogada falou que é inocente. “Eu sou inocente, eu sou inocente. Mas provar a minha verdade eu não sei se eu vou conseguir”, disse. A advogada disse que o marido e o zelador “brigavam muito”. “Mas, assim, eu jamais podia imaginar que ele fosse matar o zelador”. 

Filho acusa a mãe
O filho de Ieda com o empresário, José Jair Farias Júnior, declarou que a mãe mente. “Ela arrancou ele [o empresário, que é seu pai] de mim. Eu não pude aproveitar ele. Ele morreu, porque ela matou ele", afirmou o jovem de 18 anos, que vive no Rio de Janeiro com a avó materna desde a morte do pai.

Ele disse que a avó também não mantém contato com a filha Ieda desde então. “Ela nunca foi uma pessoa boa nem comigo nem com a família. A convivência dela com o meu pai sempre foi briga por dinheiro, discussões.”

Se gigante é matar crianças e mulheres, prefiro que o Brasil seja sempre anão diplomático

 
Ministro luis Alberto Figueiredo, rebate Israel e diz que Brasil não é 'anão diplomático'

Governo israelense criticou postura do brasileiro de convocar o embaixador em Tel Aviv por causa do conflito em Gaza

Reuters
São Paulo - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, rebateu nesta quinta-feira as declarações do porta-voz da chanceleria de Israel que teria chamado o Brasil de "anão diplomático" ao criticar a decisão do país de chamar para consultas seu embaixador em Tel Aviv por causa do conflito na Faixa de Gaza.
Em evento em São Paulo, o ministro também rebateu nota da chancelaria israelense que afirmou que a decisão brasileira ignorava o direito de Israel de se defender.
Israel critica postura do governo brasileiro sobre conflito em Gaza
"Somos um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU e temos um histórico de cooperação pela paz e ação pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles", disse o ministro a jornalistas.
"Mas não contestamos o direito de Israel de se defender, jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas", acrescentou.
Na noite de quarta-feira, o Itamaraty divulgou nota em que considera "inaceitável" a escalada da violência em Gaza e condena "energicamente o uso desproporcional da força por Israel" no conflito, que já matou 747 palestinos. Na mesma nota, o Brasil anunciou que chamou seu embaixador em Tel Aviv para consultas.
O Ministério das Relações Exteriores israelense reagiu em nota, declarando-se "desapontado" com a decisão do governo brasileiro que, segundo o órgão, "não reflete o nível das relações entre os dois países e ignora o direito de Israel se defender".
O documento afirma ainda que a atitude brasileira não contribui para promover "a calma e a estabilidade" no Oriente Médio e que dá "vento favorável" ao terrorismo, além de "naturlmente afetar a capacidade do Brasil de "exercer influência".
"Israel espera apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países ao redor do mundo", afirma o documento divulgado no site do Ministério de Relações Exteriores de Israel.
Além da nota da chancelaria, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, disse, segundo a imprensa israelense, que a decisão do Brasil de chamar seu embaixador para consultas é uma demonstração das razões que levam o Brasil, apesar de ser "um gigante econômico e cultural, permanecer um anão diplomático".

O Lelê, o Lalá, o Fred vem aí, e o bicho vai pegar.

Fred volta aos trabalhos no Fluminense

Expectativa é que o craque atue na partida contra o Goiás

Marcelo Bertoldo
Fred retoma trabalhos no Flu
Foto:  André Mourão
Rio - Fred está de volta. O atacante retomou as atividades no Fluminense após a Copa do Mundo, participou do primeiro treino, mas ainda não tem data para voltar a jogar. Ele será reavaliado pela comissão técnica, mas a expectativa mais positiva é que o camisa 9 tenha condições de jogo somente na partida contra o Goiás, no dia 3.
Os departamentos de marketing e comunicação do clube estão organizando uma ação especial para o retorno do atacante. Nove torcedores foram escolhidos e, com placas e camisetas, foram distribuídos ao longo do trajeto entre a casa do jogador, no Leblon, até as Laranjeiras.
Fred realizou um rápido trabalho de aquecimento, participou do treino técnico e fez uma atividade de finalização. Cristóvão Borges, que deixou claro que aguarda ansioso pelo retorno do craque, mostrou otimismo com o que viu do camisa 9 nesta quinta-feira.
Esta semana vem servindo de preparação para o Fluminense. Sem jogar durante o meio de semana, o Tricolor só volta a campo na partida contra o Atlético-PR, às 16h de domingo, na Arena da Baixada.

Primo do goleiro Bruno revela onde está enterrado o corpo de Eliza Samudio

Jorge Rosa Sales, testemunha do crime, diz à radio que amante do ex-capitão do Flamengo está num terreno próximo ao Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte


O Dia
Rio - Quatro anos após seu sumiço, mais uma pista foi dada nesta quinta-feira sobre a localização do corpo de Eliza Samudio. Em entrevista para a Rádio Tupi, o primo do goleiro Bruno, Jorge Rosa Sales, de 21 anos, deu detalhes de como a amante do ex-capitão do Flamengo foi morta em junho de 2010 e afirmou que ela está enterrada num terreno próximo ao Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte.

"Ela (Eliza Samudio) está enterrada num sitiozinho em Belo Horizonte, próximo ao Aeroporto de Confins, antes de chegar no aeroporto. Passa por uma estrada de chão, bastante deserta, não tem muito movimento. É um lugar praticamente abandonado. É perto de um pé de coqueiro que é meio curvado. Tiramos ela dentro do porta-malas do carro e no local já tinha um buraco bem fundo feito com uma retroescavadeira. Quando chegamos, o buraco já estava pronto. Ela está enterrada lá", revela.

Segundo Jorge Sales, Bruno (foto) não sabia do sequestro de Eliza
Foto:  Reprodução

De acordo com Jorge, diferente do que foi relatado no início do caso, Eliza não foi esquartejada. Ela teve somente sua mão cortada pelo ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, enquanto era asfixiada por Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.

"Nesse dia estávamos eu, Macarrão, a criança (Bruninho) e o Bola. Ele (Bola) tirou um pedaço da mão mesmo. Ela foi cortada com uma faca de açougue. O macarrão a segurou ela e o Bola cortou a mão. Ela está enterrada com o corpo inteiro", disse Jorge, afirmando que o crime aconteceu na casa do ex-policial.

Criança viu a mãe ser assassinada

O primo do ex-goleiro do Flamengo afirmou que Bruninho, na época com apenas quatro meses, presenciou o assassinato da mãe. "A criança parecia que estava sentindo. Eu estava segurando a criança e ela chorando, vendo tudo. Depois que ela estava morta, o Macarrão perguntou onde iria colocar ela. Depois nós saímos dali e fomos até o local onde ela está. Tiramos ela dentro do porta-malas do carro. No local já tinha um buraco bem fundo feito com uma retroescavadeira. Quando chegamos o buraco já estava pronto".

Primo do goleiro disse que Eliza teve mão cortada pelo ex-policial Bola
Foto:  Reprodução Internet

Jorge acredita que o goleiro Bruno não sabia que Eliza Samudio seria morta. "Antes da morte dela, estávamos no sítio eu, Bruno, Dayane (ex-esposa do goleiro), a família toda. O Bruno disse para colocar as malas da Eliza no carro que ela iria para o hotel. No carro, o Macarrão mudou o trajeto e a levou para a casa do Bola".

Primo do Bruno, que na época do crime era menor de idade, confessou ao repórter Marcus Marinho ter participado do sequestro de Eliza no Rio de Janeiro. "A única participação que eu tive foi no sequestro dela aqui no Rio. Ela ligou para o Macarrão pedindo para o Bruno levar um negócio para ela. Quando ela entrou no carro, eu a rendi. Quando ela viu que eu puxei o revólver, ela entrou em desespero".
Ainda de acordo com Jorge, no dia seguinte, Bruno questionou o motivo de Eliza estar machucada em sua casa. E que depois de uma conversa particular entre o goleiro e Macarrão, foi decidido que eles viajariam para Minas Gerais com Eliza.
"O Bruno não sabia de nada. Não é porque é meu primo, pois isso nao vai mudar a condenação dele. Ele só soube (do sequestro) disso quando ele a viu machucada no dia seguinte. Ele ficou doido, perguntando o que ela estava fazendo lá. O Bruno questionou o que iria fazer com ela, foi quando o Macarrão disse: 'não vai ter mais jeito'. Depois eles foram para o escritório do Bruno e conversaram. Em seguida, o Macarrão voltou falando que a gente iria viajar".

Jorge explicou o motivo de ter mudado sua versão diversas vezes desde o início do caso. "Foi muita pressão. Eu inventava, pois falando a verdade eles não iriam me soltar. O meu advogado pedia para eu tentar mudar as coisas, para eu mentir. Eu era menor, não sabia o que era estar preso. Tinha uma delegada (Ana Maria) que ficou muito em cima de mim. Aí eu peguei e fui criando uma história em cima da outra", afirmou.
Condenado no ano passado, Bruno está preso desde julho de 2010 e cumpre pena de 22 anos e 3 meses de reclusão pela morte de Eliza Samudio, no presídio de Segurança Máxima de Francisco Sá, no norte de Minas Gerais. Bola foi condenado pelo mesmo período, já Macarrão cumpre pena de 15 anos.

Filé à Cubana


Como a roupa, o automóvel e os móveis, a comida também costuma sair de moda por Alberto Villas — 


Pratos somem da mesa, desaparecem do mapa com o andar da carruagem. Há três décadas não como um arroz de forno, daqueles tradicionais, com um franguinho desfiado por cima e cheio de petit pois. Na era do arroz de forno, chamávamos ervilha de petit pois.
Não sei quanto tempo faz que não como um olho de sogra numa festinha infantil. Lembra daquele docinho de coco amarelo com uma ameixa preta? Ele sumiu da mesa onde ainda resistem firmemente os brigadeiros.
Quem não se lembra daquele pavê feito com camadas de biscoito champagne? Quem não se lembra do manjar de coco com ameixas por cima. E do lombo de porco rodeado de abacaxi e pêssego em calda? Vai me dizer que não se recorda daquela gelatina cheia de cubinhos coloridos?
Pratos também saem da moda. Já foi moda – e chique – servir melão com presunto num jantar requintado para amigos Vips. Como já foi moda o estrogonofe, o arroz à grega, o coquetel de camarão e o canudinho de doce de leite.
Alguns pratos ficam na nossa memória, lá da infância. Não sei se vocês se lembram, mas eu me recordo como se fosse hoje de um pudim feito com pão velho, com uva passa e que, na minha casa, era servido com um fio de mel por cima. Naquele tempo não se falava “fio de mel” mas hoje é bacana. Como bacana é uma palavra antiga mas que voltou à moda.
Mas tem alguns pratos que a gente nem se lembra mais. Semana passada, andando pelo bairro de Pinheiros, aqui em São Paulo, bati os olhos num restaurante desses bem antigões que tinha um aviso na porta: “Hoje: Filé à cubana”. Confesso que a última vez que ouvi falar em filé à cubana, Fidel Castro ainda não tinha feito a sua revolução. É uma lembrança muito remota, de criança mesmo.
O filé à cubana era um prato muito comum em todos os restaurantes do centro da cidade. Era uma época em que não havia pratos individuais, a não ser o PF, que resistiu também bravamente esse tempo todo.
A família ia ao restaurante e pedia um prato só e ele dava pra todos e ainda sobrava. Lembro do meu pai perguntando ao garçom se aquele filé à cubana dava para os sete da família e o garçom, sempre com um bloquinho e uma toalhinha branca nas mãos, respondia.
- Sim, esse prato serve bem sete pessoas.
Claro que cheguei em casa e fui direto ao Google para saber o que é mesmo esse tal de filé à cubana. E encontrei várias receitas. Quando cliquei em imagens, lembrei imediatamente do tal prato. O filé à cubana que nunca mais tinha passado pela minha cabeça é aquele prato que vai um bife à milanesa, arroz, banana também à milanesa, batata palha, uma rodela de abacaxi e umas folhas de alface pra enfeitar.
Lembrei direitinho do prato que comíamos no centro de Belo Horizonte, geralmente aos domingos. Mas confesso a vocês que já fui a Cuba duas vezes, comi camarões deliciosos nos Paladares, tomei até Coca-Cola mexicana, mas não vi em restaurante nenhum uma placa escrito: “Hoy: Filé à cubana”. Acho que a moda passou.

Por que escolhemos Dilma Rousseff

Queiram ou não, Aécio Neves e Eduardo Campos serão tragados pelo apoio da mídia nativa e da chamada elite. Ou seja, da reação

por Mino Carta — 
Celso Junior/Estadão Conteúdo
Dilma-Rousseff
A presidenta não esmoreceu na luta contra a desigualdade
Começa oficialmente a campanha eleitoral e CartaCapital define desde já a sua preferência em relação às candidaturas à Presidência da República: escolhemos a presidenta Dilma Rousseff para a reeleição.
Este é o momento certo para as definições, ainda mais porque falta chão a ser percorrido e o comprometimento imediato evita equívocos. Em contrapartida, estamos preparados para o costumeiro desempenho da mídia nativa, a alegar isenção e equidistância enquanto confirma o automatismo da escolha de sempre contra qualquer risco de mudança. Qual seria, antes de mais nada, o começo da obra de demolição da casa-grande e da senzala.
O apoio de CartaCapital à candidatura de Dilma Rousseff decorre exatamente da percepção de que o risco de uns é a esperança de outros. Algo novo se deu em 12 anos de um governo fustigado diária e ferozmente pelos porta-vozes da casa-grande, no combate que desfechou contra o monstruoso desequilíbrio social, a tolher o Brasil da conquista da maioridade.
CartaCapital respeita Aécio Neves e Eduardo Campos, personagens de relevo da política nacional. Permite-se observar, porém, que ambos estão destinados inexoravelmente a representar, mesmo à sua própria revelia, a pior direita, a reação na sua acepção mais trágica. A direita nas nossas latitudes transcende os padrões da contemporaneidade, é medieval. Aécio Neves e Eduardo Campos serão tragados pelo apoio da mídia e de uma pretensa elite, retrógrada e ignorante.
A operação funcionou a contento a bem da desejada imobilidade nas eleições de 1989, 1994 e 1998. A partir de 2002 foi como se o eleitorado tivesse entendido que o desequilíbrio social precipita a polarização cada vez mais nítida e, possivelmente, acirrada. Por este caminho, desde a primeira vitória de Lula, os pleitos ganham importância crescente na perspectiva do futuro.
CartaCapital não poupou críticas aos governos nascidos do contubérnio do PT com o PMDB. No caso do primeiro mandato de Dilma Rousseff, vale acentuar que a presidenta sofreu as consequências de uma crise econômica global, sem falar das injunções, até hoje inescapáveis, da governabilidade à brasileira, a forçar alianças incômodas, quando não daninhas. Feita a ressalva, o governo foi incompetente em termos de comunicação e, por causa de uma concepção às vezes precipitada da função presidencial, ineficaz no relacionamento com o Legislativo.
A equipe ministerial de Dilma, numerosa em excesso, apresenta lacunas mais evidentes do que aquela de Lula. Tirante alguns ministros de inegável valor, como Celso Amorim e Gilberto Carvalho, outros mostraram não merecer seus cargos com atuações desastradas ou nulas. A própria Copa, embora resulte em uma inesperada e extraordinária promoção do Brasil, foi precedida por graves falhas de organização e decisões obscuras e injustificadas (por que, por exemplo, 12 estádios?), de sorte a alimentar o pessimismo mais ou menos generalizado.
Críticas cabem, e tanto mais ao PT, que no poder portou-se como todos os demais partidos. Certo é que o empenho social do governo de Lula não arrefeceu com Dilma, e até avançou. Por isso, a esperança se estabelece é deste lado. Queiram, ou não, Aécio e Eduardo terão o pronto, maciço, às vezes delirante sustentáculo da reação, dos barões midiáticos e dos seus sabujos, e este custa caro.

Não é preciso esperar a CBF para mudar o futebol

Dilma recebe a turma do Bom Senso. Foco deveria ser os clubes (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Dilma recebe a turma do Bom Senso. Foco deveria ser os clubes (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
A mudança do futebol brasileiro não precisa passar pela Confederação Brasileira de Futebol. Teixeiras, Marins e Del Neros são muito mais sintomas do que causas da doença que fragiliza este esporte.
Os verdadeiros focos do problema estão nos clubes. É neles que deveria começar a renovação, a mudança de postura e a coragem de acabar com relações atrasadas e servis.
Uma liga forte e bem organizada, capaz de atrair para si as atenções da Rede Globo, enfraqueceria a CBF a ponto de força-la a cuidar do que realmente deveria ser sua única alçada: as seleções brasileiras.
Voltando aos clubes: fortes e arejados, eles passariam a encarar de forma diferente suas categorias de base. Chega de treinadores preocupados em servir aos agentes de atletas, e não ao futebol. Precisamos voltar a formar bons laterais e meias modernos – e isso é responsabilidade dos clubes.
E quanto ao atual cenário dos técnicos profissionais? Cabe aos clubes (sim, sempre eles) exigir mudanças urgentes de seus contratados. Chega de esquemas ultrapassados, cópias mal feitas do que se praticou na Europa até os anos 90. Que se abra espaço para o novo, para treinadores estrangeiros capazes de ensinar o que sabem.
Nada disso precisa passar pela CBF. Nada. O curso deste rio, cuja nascente está nos clubes, levaria a uma seleção naturalmente mais forte, treinada por alguém mais capaz do que aqueles que formam o atual cenário.
Clube dos 13
Em 1987, nascia cheio de boas intenções o Clube dos 13. Porém, por ter à frente os mesmos dirigentes de sempre (um de seus fundadores foi o são-paulino Carlos Miguel Aidar, hoje advogado da CBF, veja só vocês), logo se tornou apenas um canal de negociação pelos direitos de TV. Ou seja, uma entidade amigável e até subserviente ao poder dominante.
Assim, não foi difícil para Andrés Sanchez e alguns aliados minarem de vez esta entidade. Hoje, os clubes estão ainda mais isolados, cuidando individualmente de seus direitos e beijando as mãos de federações e de dirigentes da CBF.
Papel do torcedor e do Bom Senso F.C.
Cabe a nós, torcedores, participarmos mais ativamente do processo eleitoral dos clubes. Alguns já permitem que associados votem diretamente nos candidatos. Outros ainda não se modernizaram a ponto, forçando o voto em um “colégio eleitoral” de conselheiros.
Seja como for, as redes sociais estão aí para nos dar voz e poder de participação. Escolha candidatos dispostos a trazer coisas novas e a peitar a CBF e as federações locais. Simples assim.
Quanto ao Bom Senso F.C. seria interessante e inteligente buscar aliados entre dirigentes e conselheiros dos clubes. É inócuo lutar por mudanças diretas na cúpula da CBF, sem pensar nos clubes e federações.
Dá trabalho mudar o futebol. Assim como dá trabalho mudar um país. Apenas reclamar é atitude semelhante ao do eleitor que xinga todo e qualquer político, mas sequer se lembra em quem votou nas últimas eleições
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O uso da ritalina


Hiperatividade: medicamento é a solução?

Ritalina (metilfanidato) torna criança apática e sem criatividade, diz especialista

Hiperatividade: remédio é solução?
Comércio de Ritalina cresceu mais de 1600% em oito anos (RodSenna/Creative Commons)
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos, de 2000 a 2008, a venda de caixas de metilfenidato saltou de 71 mil para 1.147.000, um aumento de e 1.615%. De acordo com dados fornecidos pela consultoria IMS Health do Brasil, de julho de 2012 a julho de 2013 foram comercializadas 2,75 trilhões de caixas com metilfenidato.
Especialistas afirmam que os números podem indicar a prescrição desnecessária do medicamento. Na opinião de Ligia Sena, que tem pós-doutorado em Farmacologia, o diagnóstico, muitas vezes, é baseado apenas em relatos de pais e educadores que consideram as crianças “agitadas”, “curiosas”, ou “que falam demais”.
O metilfanidato, vendido com o nome de Ritalina ou Concerta, é uma droga que estimula o sistema nervoso central aumentando a concentração da dopamina e da noradrenalina, neurotransmissores do cérebro, e é indicada para o tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O problema é causado pelo mau funcionamento de estruturas neurais e tem como sintomas mais comuns a dificuldade de concentração, inquietude e impulsividade.
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 4% dos adultos e de 5% a 8% de crianças e adolescentes em todo o mundo tenham TDAH. No entanto, os dados sobre o comércio da droga no Brasil indicam uma discrepância no uso.por





Cirurgia no ensino da Medicina

REPRODUÇÃO DA OBRA “A LIÇÃO DE ANATOMIA DO DR. TULP ” DE HARMENSZOON VAN RIJN REMBRANDT
Cirurgia no ensino da Medicina
Novos cursos foram abertos no interior. A carreira pública continua, porém, pouco atraente

O Ministério da Educação aprova o estágio obrigatório na rede pública de saúde

Por Miguel Martins
Instituído por lei no fim do ano passado, o Programa Mais Médicos elegeu dois vértices para ampliar a cobertura do Sistema Único de Saúde. A solução emergencial de fixar médicos na rede pública em municípios do interior e nas periferias dos grandes centros ganhou maior destaque da mídia, em especial pelo acordo entre Brasil, Cuba e a Organização Pan-Americana da Saúde para trazer mais de 11 mil médicos cubanos, alocados em regiões carentes do País. Como resposta aos gargalos de longo prazo da saúde pública federal, cujo orçamento foi subtraído em 40% após o fim da CPMF, em 2007, o governo busca estimular a formação de especialistas em atenção básica no interior e contornar o déficit de atendimento pela inclusão dos estudantes na rotina de trabalho. O caminho pode ser menos oneroso do que criar uma carreira federal de medicina, como propôs o ex-ministro José Gomes Temporão em 2010. Mas a baixa atratividade da rede pública ainda é um entrave.
 
O Ministério da Educação acaba de aprovar as novas diretrizes curriculares dos cursos de Medicina no País. Formulado por uma comissão do Conselho Nacional de Educação, sob a relatoria do médico e professor universitário Arthur Roquete de Macedo, o texto atende a uma das demandas centrais do Mais Médicos: ao menos 30% da carga horária do estágio obrigatório, o chamado internato, deverá ser cumprida no SUS. No período, os futuros médicos poderão atuar em Unidades de Pronto Atendimento e Serviços de Atendimento Móvel de Urgência, mas devem dar prioridade à atenção básica da população.
 
Uma avaliação nacional dos estudantes a cada dois anos e um programa de qualificação dos docentes nas faculdades são outras novidades. As medidas podem contribuir para o sucesso dos cursos recém-abertos no País, com foco na formação de médicos voltados para o atendimento primário nos rincões. Em maio, foram aprovadas 420 novas vagas em universidades federais do interior do País. Em dezembro de 2013, foram 560. Na nova leva, Bahia foi o estado mais beneficiado, com a criação de três cursos.
Sob responsabilidade da Universidade Federal do Vale do São Francisco, o campus de Paulo Afonso, município de 120 mil habitantes na divisa entre Bahia e Alagoas, abrigará a sua primeira turma de medicina em 2014. Os 40 futuros médicos foram selecionados com base em suas notas no Enem. A instituição reserva 50% das vagas para estudantes egressos de escolas públicas. Eles terão aulas em um espaço provisório, uma antiga escolinha para os funcionários da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco.
 
Segundo Leonardo Sampaio, pró-reitor da Univasf, a faculdade respeitará as atuais diretrizes curriculares. “Será um curso para a preparação de profissionais para atuar no SUS, como foco na medicina da família e das comunidades.” Pelas novas regras, os estudantes podem cursar apenas 25% da carga horária total do internato fora de seu estado de origem. O objetivo é fixar os futuros médicos nas regiões de formação. Sampaio afirma que os equipamentos da rede pública em Paulo Afonso são escassos. “Talvez alguns sejam remanejados durante o estágio para unidades de assistência social ou centros de ressocialização de adolescentes.”
 
A Faculdade de Medicina da USP, considerada uma das melhores do País, também atravessa importantes mudanças curriculares. Mas a abordagem naturalmente é distinta daquela dos cursos abertos no interior. José Auler, vice-diretor da instituição, afirma que a missão da faculdade é formar lideranças. “Temos oito institutos especializados de residência, 62 laboratórios e dezenas de grupos de pesquisa. Não podemos focar apenas na formação de médicos para a atenção primária e negar a nossa origem.”
 
A principal preocupação da instituição é em relação ao currículo, considerado ultrapassado. Atualmente, os alunos passam 11 mil horas em sala de aula, número bastante superior às 7 mil horas sugeridas pelo MEC. O objetivo da reformulação curricular é diminuir as aulas expositivas e aumentar as atividades prático-hospitalares. Disciplinas eletivas serão mais frequentes, o que permitirá ao estudante sondar a área de especialização de seu interesse durante a graduação. Conveniada a instituições estrangeiras como as universidades de Montreal e Barcelona, a faculdade quer incentivar o intercâmbio internacional ao abrir mais janelas curriculares para os estudantes cursarem disciplinas no exterior. Há ainda o objetivo de oferecer cursos a estrangeiros, mas o regimento atual não permite aulas em inglês na graduação. Quanto ao estágio obrigatório na rede pública, a USP não terá problemas. Os estudantes realizam seus internatos no Hospital das Clínicas, conveniado ao SUS. Auler afirma ainda que haverá uma avaliação semestral coordenada pela própria faculdade.
 
Embora o Mais Médicos faça uma campanha pelo reforço da atenção básica nos currículos, os estudantes da USP, diz Auler, têm pouco interesse pela área. “O problema é a empregabilidade”, diz. “Onde o estudante formado em atenção básica vai trabalhar? Não há plano de carreira e organização na rede pública.” Sampaio concorda. “Se não forem criadas condições para os recém-formados se fixarem no SUS, a proposta da Univasf cai por terra. O governo precisa fazer a parte dele.” Como 97% dos estudantes de medicina encontram um emprego no setor privado ao sair da universidade, a reformulação da carreira pública não pode ser negligenciada. 
 

Publicado na edição 88, de julho de 2014

Culpados, até que se prove o contrário

Protestos e mídia

A cobertura acerca da prisão dos 23 manifestantes no Rio de Janeiro mostra, mais uma vez, a postura criminalizadora da mídia conservadora quando o assunto é luta social.



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"Sininho" na saída de um depoimento em fevereiro último, no Rio de Janeiro

* Por Mônica Mourão
A negação do pedido de habeas corpus para 23 manifestantes que tiveram sua prisão preventiva decretada a partir de investigação do Ministério Público traz novamente à tona a atuação da mídia na criminalização das lutas sociais.
Apesar das manifestações contrárias às prisões por parte de mandatos parlamentares e instituições como sindicatos, federações profissionais, além de organizações como a Anistia Internacional, Tortura Nunca Mais e a Ordem dos Advogados do Brasil, que chamam atenção principalmente para a falta de respaldo legal e as evidências de perseguição política nas ações, o enquadramento das matérias produzidas pela mídia conservadora prioriza a versão do Judiciário.
O tom da cobertura dos jornais da TV Globo e do diário impresso O Globo reforça a visão de que, quando se tratam de manifestantes, todos são culpados até que se prove o contrário. Obviamente, isso é feito de forma a pontuar “o outro lado”, jargão usado para manter, na prática, um ideal de objetividade e neutralidade que serve bem ao discurso de autoridade jornalístico, mas pouco a uma cobertura efetivamente equilibrada. “O outro lado” está, nesse caso, sempre se defendendo de acusações já colocadas anteriormente como verdadeiras. “O outro lado” está acuado, está se defendendo no tribunal midiático e no de justiça.
A matéria do Bom Dia Brasil desta terça-feira (22/7), que repetia trechos também veiculados na noite anterior no Jornal Nacional e domingo no Fantástico, foi aberta com a apresentadora afirmando que, das pessoas acusadas de praticar atos violentos nas manifestações de rua no último ano, cinco já estão presas. As demais são consideradas, pelo Judiciário e pela mídia, “foragidas”.
O “já” de alívio pela garantia da ordem pública conduzia o restante da matéria. Logo depois de apresentar o trecho de um vídeo em que a advogada Eloísa Samy, que teve a prisão preventiva decretada e pediu asilo político ao Uruguai, nega qualquer envolvimento com atos violentos, a edição da matéria é cortante. Um “mas” abre a sequência de acusações feitas contra ela em inquérito policial. O jogo textual e de imagens forma um discurso lógico: a culpa recai sobre aqueles ombros, sem sombra de dúvidas.
Além da falsa neutralidade, as matérias têm mostrado uma tendência antiga no jornalismo brasileiro: a relação de subserviência com fontes que são autoridades, como a policial. Faz parte de tal relação tanto o uso acrítico de informações oriundas da polícia como a cessão, muitas vezes com exclusividade para certos meios de comunicação, de materiais sigilosos da investigação. (Paradoxalmente, os próprios acusados e seus advogados não conseguem ter acesso aos autos dos processos). Para não restar dúvidas da isenção das informações policiais, o tempo de investigação para se chegar às prisões preventivas, de sete meses, foi repetido como mais uma ferramenta de respaldo da dupla autoridade imprensa-polícia.
A veiculação midiática de gravações feitas para inquéritos policiais está banalizada e foi fartamente utilizada nas matérias de TV dos últimos três dias. Uma delas, em que a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, pede ajuda de seu padrasto para ficar longe de cidades onde pode ser perseguida, prova muito mais o seu temor por uma punição do que qualquer ação criminosa praticada por ela.
Sininho, inclusive, é um caso emblemático na cobertura criminalizante, feita desde 2013, sobre os atos de massa. A moça foi catapultada à condição de líder pela própria mídia, desde matéria no jornal O Globo, cuja capa tratava da prisão de “70 vândalos”, em outubro de 2013. A condição de liderança sempre foi negada por ela e por movimentos sociais e, até hoje, quase um ano depois, nenhuma prova contundente foi apresentada. Desde então, o jornalismo se retroalimenta de sua própria cobertura. E Sininho se vê presa – também – num emaranhado de narrativas que se sustentam umas nas outras.
E os demais casos? O casal que comemora o lançamento de um coquetel molotov e as amigas que combinam uma oficina de fabricação de “drinks” (código para o coquetel)? Mesmo aqui cabe uma reflexão básica: estão sendo presas ou procuradas pessoas que ainda não tiveram seu julgamento concluído. Não se sabe ainda se são ou não culpadas. E, se forem, não se sabe qual pena terão de cumprir. A ação, contrária às normas democráticas, de punir primeiro para averiguar depois é feita pelo Judiciário com a aclamação e o reforço de parte da grande mídia. Prática corriqueira com presos comuns em programas policialescos, com a repercussão política das atuais prisões preventivas, o modus operandi ganha mais fortes contornos de absurdo.
Outra reflexão simples que parece ter faltado ao setor de jornalismo das Organizações Globo é sobre como são feitas as coberturas quando a violência está do lado de lá. O que seus jornais tiveram a dizer quando, no ano passado, milhares de pessoas – muitas que simplesmente tentavam ir embora das manifestações – foram encurraladas pelas ruas do Centro da cidade e da Lapa, no Rio de Janeiro, com bombas de gás lacrimogêneo? O que disseram quando, no dia da final da Copa do Mundo, policiais mantiveram pessoas em cárcere a céu aberto no entorno da praça Saens Peña, na Tijuca, em meio a bombas de gás e chuvas de cassetetes? O silêncio pode ser tão revelador quanto as palavras.
Enquanto isso, longe (de uma distância outra, nem sempre geográfica) das grandes avenidas e praças da cidade, quantas vezes Cláudias e Amarildos precisam provar o que estão fazendo naquele lugar e naquela hora, são sempre aquele “outro lado” que se defende de não ser traficante, de não ser criminoso?
No jornal impresso O Globo, pouco espaço para brechas, sutilezas, não ditos. Na edição de hoje (22/7), a matéria com o título “Conexão sindical” associa sindicatos de professores, da saúde e de petroleiros (Sepe, Sindprev e Sindpetro) do Rio de Janeiro a “protestos violentos”, conforme escrito pelo jornal e mostrado em foto com jovem provocando um incêndio na rua. Boxes com a retranca “Opinião” deixam muito evidente: para o veículo, tratar as prisões como casos de repressão política é “balela”, conforme edição de 15 de julho. Dois dias depois, manifestantes em geral e uma professora (Camila Jourdan) foram comparados a grupos que “desembocaram no terrorismo” na Alemanha, na Itália e no Peru. Também no último dia 15, o jornal alertou: “O Estado apenas cumpre sua função de defender a sociedade da ação de grupos violentos”.
E quem nos defende do Estado? Quem nos defende do discurso criminalizante do maior conglomerado de mídia do país? Melhor buscar rapidamente uma defesa, pois do crime de livre pensamento, manifestação e expressão, do crime de teimar em viver numa democracia, também somos culpados.
*Mônica Mourão é jornalista e integrante do Intervozes.