3.30.2015

Com vaias e cartazes, manifestantes impedem Cunha de discursar em Porto Alegre

                                                                 UM AUTÊNTICO FDP

Manifestantes seguram faixas e cartazes contra o presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha
Manifestantes seguram faixas e cartazes contra o presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha Foto: Flavio Ilha / O Globo

PORTO ALEGRE – O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), voltou a ser impedido de falar nesta segunda-feira por manifestantes ligados a partidos de esquerda num evento público. Pelo menos 50 pessoas se inscreveram no Fórum dos Grandes Debates, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, e vaiaram a presença de Cunha no auditório Dante Barone.
Com faixas contra a PEC 352, da reforma política, e cartazes em favor de comunidades LGBT, os manifestantes ligados ao PSOL e ao PSTU ocuparam a parte frontal do auditório e promoveram um “apitaço” logo que a mesa começou a ser formada. Houve ainda beijo gay durante os protestos. Nem ao longo da execução do hino nacional os manifestantes silenciaram. O evento, programado para discutir reforma política, teve de ser transferido para o plenário da Assembleia, onde o ingresso de pessoas foi restrito.
Além de Cunha, estavam na mesa o vice-presidente Michel Temer, o governador gaúcho José Ivo Sartori e o presidente da Assembleia Legislativa, Edson Brum – todos do PMDB.
Brum, responsável pela recepção dos convidados, foi impedido de se manifestar pelas vaias e palavras de ordem dos manifestantes. Depois de pedir calma e respeito, o presidente da Assembleia suspendeu o seminário e dissolveu a mesa. Brum tentou negociar com os manifestantes, mas a condição para o fim dos protestos era a saída de Cunha da mesa.
Já no plenário da Assembleia, o presidente da Câmara criticou a manifestação, que classificou como “intolerante”:
— Se os manifestantes não respeitam nem o hino nacional, não podem se permitir protestar contra nada. Não há problema nenhum debater essas questões, desde que com o respeito previsto na Constituição. Foi lamentável essa demonstração de intolerância, mas mesmo assim meus cumprimentos aos intolerantes —disse da tribuna.
Na nova etapa do seminário, entretanto, não havia mais manifestantes em plenário. Cunha confirmou que pretende colocar a votação da PEC 352 até a 40ª sessão plenária do ano, que deverá ocorrer, segundo o presidente da Câmara, entre a primeira e a terceira semana de maio.
Cunha disse que se não for possível votar nesse período, convocará uma semana de esforço concentrado apenas para votar a reforma política na Câmara. Ele afirmou que as regras precisam ser aprovadas a tempo de reger a eleição municipal de 2016.
— É uma decisão política já tomada. Não podemos repetir o patamar de confusão de 2014, ninguém aguenta mais disputar uma eleição assim – disse.
A segurança foi reforçada antes do evento e impediu a entrada de faixas, adesivos e material de propaganda do grupo. Mesmo assim, não barrou o ingresso dos manifestantes – que haviam feito inscrição no Fórum. Cunha foi chamado de racista, homofóbico e corrupto. Cartazes feitos a mão, do lado de dentro do plenário, lembravam que Cunha é investigado pela operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
O coordenador da ANE-L (Associação Nacional dos Estudantes-Livre), Matheus Gomes, disse que o Legislativo deveria "se envergonhar" de receber Cunha, "alvo de inúmeras denúncias de corrupção".
— Cunha deveria ser considerado persona bon grata pela Assembleia — criticou.
A representante do grupo Juntos, da juventude do PSOL, Marliane Ferreira dos Santos, criticou a reforma política "imposta" pelo PMDB.
— É uma reforma direcionada a prejudicar os pequenos partidos — avaliou.
Na sexta-feira, Eduardo Cunha já tinha sido alvo de protestos em uma das sessões da Câmara Itinerante na Assembleia Legislativa de São Paulo. Um grupo de cerca de 20 pessoas, membros do movimento Juntos! (ligado ao PSOL), também impediu que o presidente da Câmara iniciasse o discurso e a sessão teve que ser suspensa por 10 minutos. Os manifestantes deram beijo gay, além de levantar faixas e cartazes pedindo uma assembleia constituinte já. Na ocasião, a Polícia Militar foi chamada e retirou o grupo da Assembleia.


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