7.08.2015

Grécia entra com pedido formal de empréstimo para zona do euro


Grupo de ministros das Finanças vai avaliar o pedido nesta quarta-feira.
Pedido deverá ser avaliado nesta quarta-feira pelo ESM.

Do G1
Grécia entrou com um pedido formal de um empréstimo de resgate junto ao fundo de suporte especial da zona do euro, disse nesta quarta-feira o porta-voz do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês).
O  grupo de ministros das Finanças da zona do euro vai avaliar o pedido, que é formalmente direcionado a seu presidente, Jeroen Dijsselbloem, em uma teleconferência nesta quarta-feira (8).
Pessoas fazem fila em frente a caixa eletrônico do Eurobank, em Atenas, nesta quarta-feira  (Foto: Reuters)Pessoas fazem fila em frente a caixa eletrônico do Eurobank, em Atenas, nesta quarta-feira (Foto: Reuters)

"O ESM recebeu o pedido grego, que será negociado com o EWG [Euro Working Group] hoje", afirmou o porta-voz, Michel Reijns, em mensagem publicada no Twitter.
Na manhã desta quarta-feira, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse que o país precisa de um acordo "que permita ver a luz no fim do túnel", com reformas críveis, mas que ao mesmo tempo "redistribuam o fardo aos que podem assumi-la".
Em um discurso na Eurocâmara, onde foi recebido com aplausos e vaias nas distintas bancadas do plenário, Tsipras afirmou que a Grécia "foi um laboratório de testes da austeridade que fracassou".
O primeiro-ministro destacou que a situação "sem saída" do país não se deve aos cinco meses em que está no cargo, mas sim aos "cinco anos de resgates que condenaram a economia grega".
"É preciso deixar de fazer como foi feito até agora, com o peso recaindo sobre os ombros do povo", acrescentou Tsipras, destacando que a carga das reformas deve recair em quem pode assumi-las.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, garantiu que vai apresentar propostas de reformas nesta semana para garantir um acordo de resgate que possa manter a Grécia na zona do euro.
Fim do prazo
A Grécia tem até o final da semana para chegar a um acordo com os europeus para conseguir ajuda financeira, afirmou na véspera o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, após reunião dos lideres da zona do euro em Bruxelas.
"Até agora tenho evitado falar em prazos finais. Mas hoje tenho que dizer alto e claro, que o prazo final termina esta semana. Todos temos responsabilidade pela crise e responsabilidade de resolvê-la", afirmou.
"Queremos consenso sem perdedores ou ganhadores", afirmou Tusk. "Se isso não acontecer, significará o fim das negociações, com todas as possíveis consequências, incluindo o pior cenário, em que todos perderemos". "Não tenho dúvidas de que esse é o momento mais crítico da nossa história, da União Europeia e da zona do euro."
Programa expirado
No último dia 30, expirou o programa de ajuda à Grécia, existente desde 2012 e firmado por meio de um mecanismo criado pelos europeus para ser temporário, conhecido como EFSF. A Grécia ainda tinha € 1,8 bilhão a receber por meio desse mecanismo, mas o governo recusou as condições de austeridade impostas, que incluíam aumento de impostos e cortes nas aposentadorias.
BC europeu
O Banco Central Europeu manteve esta semana uma linha de crédito emergencial para garantir a liquidez dos bancos gregos. Nesta quarta-feira, um dos membros do Conselho do BCE, Ignazio Visco, afirmou que a instituição está pronta para tomar todas as medidas disponíveis para conter os efeitos financeiros indesejados da crise da dívida grega, mas não pode sustentar os bancos gregos por muito mais tempo.
Visco, que é presidente do BC da Itália, disse, no entanto, que o BCE não continuará a dar o apoio por muito tempo se não houver progresso nas negociações políticas por um acordo de dinheiro em troca de reformas.
Com o prolongamento da crise na Europa, o EFSF foi substituído pelo Mecanismo de Estabilização Europeia (ESM, na sigla em inglês), que é permanente e o único canal para novas ajudas das instituições europeias a países em crise. Por isso o novo pedido grego de ajuda foi direcionado para o ESM.
No domingo (5), os gregos foram às urnas e disseram "não" às duras condições impostas pelos europeus, em um referendo convocado por Alexis Tsipras, que acredita que o resultado dá mais força à Grécia nas negociações de ajuda. Sem um acordo, o país pode acabar deixando a zona do euro.
RESUMO DO CASO
- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
- Em 30 de junho, venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro. Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu em 30 de junho
- Em 5 de julho, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo "não"
- Os líderes europeus se reuniram esta semana para discutir a situação grega e deram um ‘ultimato’ ao governo grego, exigindo uma proposta até dia 9 de julho
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
Situação crítica
Nesta terça, o presidente do Conselho Europeu afirmou que a inabilidade de chegar a um acordo "pode resultar na quebra da Grécia e na insolvência do sistema bancário grego, e isso será o mais penoso para o povo grego". "Não tenho dúvida de que isso vai afetar toda a Europa, também no senso geopolítico. Se alguém tem alguma ilusão de que não será assim, é ingênuo".
"A situação é muito crítica e infelizmente não podemos excluir esse cenário negro. Sem acordo até domingo. E isso significa que precisamos discutir as consequencias para toda a União Europeia, não apenas para a zona do euro. Também é importante discutir possível ajuda humanitária pra a Grécia se for necessário".

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