5.23.2015

Tamancos e Chapéus

Recursos Humanos – Conceitos, Definições e Planejamento


Julio Cesar Santos

Quais São as Atividades Básicas do Setor de RH de Uma Organização?


Definições

É um conjunto de princípios estratégicos e técnicos que contribuiu para atrair, manter, motivar, treinar e desenvolver o patrimônio humano de qualquer organização. Outra definição nos é fornecida por TOLEDO (1986), segundo a qual Recursos Humanos seriam “o ramo de especialização da ciência da Administração que desenvolve todas as ações que têm como objetivo a integração do trabalhador no contexto da organização e o aumento de sua produtividade”.
Diante disso, pode-se afirmar que essa área da organização trata do recrutamento, da seleção, do treinamento, do desenvolvimento, da manutenção, do controle e da avaliação dos funcionários de uma empresa. Sendo assim, pode-se considerar que a existência da área de Recursos Humanos está diretamente relacionada à melhora da efetividade dos funcionários nas empresas, implicando na melhor efetividade organizacional. (CHIAVENATO, 1981).

Conceitos

Gerenciar pessoas se tornou uma atividade estratégica dentro das empresas, pois a globalização e o acirramento da concorrência nivelaram as organizações nos produtos e nos preços.
Sendo assim, a cada momento fica mais importante selecionar novos funcionários que demonstrem capacidade de absorção de novas habilidades e uma forte tendência a reagir positivamente aos processos motivacionais.
A seleção de profissionais com esse perfil, aliada aos sistemas de avaliação de desempenho focados em resultados e complementados por sistemas motivacionais, poderão levar as empresas a se destacarem no mercado.
Dessa forma, a adoção do Gerenciamento de Pessoas será o grande diferencial entre as empresas, visto que, cada vez mais, o bom atendimento aos clientes (internos e externos), a racionalização dos custos, o cuidado com os bens da empresa (produtos, insumos e ativos) e a permanente motivação de seus Recursos Humanos serão condições básicas de sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo e globalizado.


Planejamento de Recursos Humanos

É o processo de decidir sobre os recursos humanos que serão necessários para atingir os objetivos empresariais, dentro de um determinado período de tempo. Trata-se de antecipar quais forças de trabalho e talentos humanos serão necessários para a realização de uma ação organizacional futura.
A tarefa de contratar pessoal começa com uma previsão sobre quantas pessoas – e de que tipo – serão necessárias para realizar o trabalho na empresa. Essa atividade é conhecida como “Planejamento de Recursos Humanos” e alguns autores o definem como o processo de prever e promover o movimento de pessoas para dentro – internamente – ou para fora de uma organização, com o objetivo de apoiar a estratégia de negócios da organização. O Planejamento de Recursos Humanos consiste de quatro fases:

 Planejamento para as necessidades futuras: um profissional de RH estima de quantas pessoas – e com que habilidades – a organização irá necessitar para operar num futuro previsível

 Planejamento para a rotatividade futura: o profissional prevê quantos funcionários atuais permanecerão na empresa e, a diferença entre este número e o número de empregados necessários, o levará à próxima etapa.

 Planejamento para recrutamento, seleção e demissões: a organização precisa se envolver em atividades de recrutamento, seleção e demissões a fim de alcançar o número necessário de empregados.

 Planejamento para treinamento e desenvolvimento: uma empresa sempre precisa de trabalhadores experientes e competentes e, esta etapa, envolve o planejamento e as providências para programas de treinamento e de desenvolvimento que assegurem o suprimento contínuo de pessoas com habilidades adequadas.

Levy chama uma bombeira


Governo anuncia corte de R$ 69,9 bilhões e, agora, espera apoio do Congresso para aprovação do pacote fiscal. Para ajudá-lo na articulação, ministro da Fazenda recruta Cláudia Lyra, técnica com 33 anos de experiência no Legislativo

Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br)
Na tarde de sexta-feira 22, o governo anunciou um corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento. A tesourada do Planalto, medida emergencial necessária para recompor as contas públicas, atingiu todas as áreas da administração federal, incluindo setores como Educação e Saúde. A expectativa é de que, com a divulgação do corte, o caminho para a aprovação do pacote do ajuste fiscal, enviado pelo governo ao Congresso, fique mais fácil. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no entanto, parece não contar somente com isso. Precisando dos votos dos parlamentares em meio a um Congresso conflagrado, Levy decidiu seguir a máxima de Pinheiro Machado, influente senador da República Velha. Acossado por uma multidão, Machado disse ao cocheiro que lhe perguntara como deveria agir para se livrar da turba. “Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo”. O meio termo encontrado por Levy para não afrontar os políticos e, ao mesmo tempo, não demonstrar temor foi a contratação de uma velha conhecida dos parlamentares, experimentada nos gabinetes legislativos. Desde a semana passada, a analista legislativa Cláudia Lyra, 33 anos de carreira, sete dos quais como secretária-geral da Mesa Diretora, atua na Câmara e no Senado como assessora de Levy. Especialista em processo legislativo, Cláudia, quando era servidora do Senado, ganhou a admiração dos parlamentares graças ao profundo conhecimento do regimento interno e, principalmente, à sua intimidade com os escaninhos do poder. Galgou degraus até a se tornar braço-direito do ex-presidente José Sarney e do atual, Renan Calheiros. Agora, do outro lado do balcão, está imbuída da missão estratégica de evitar que as MPs 665 e 664 sejam rejeitadas e comprometam os planos de corte de Levy. Mas a quantidade de incêndios que ela teve que apagar já na sua primeira semana de trabalho mostra que o trabalho será árduo.
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NA BATALHA
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, precisa evitar que as MPs 665 e 664
sejam rejeitadas no Congresso e, com isso, comprometam
o ajuste fiscal idealizado pelo governo
Por exemplo, ficou claro nos acontecimentos da última semana que os problemas do ministro da Fazenda e da sua nova articuladora política estão longe de se limitar à rebelde bancada do PMDB, capitaneada por Renan e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Antes de pacificar o PMDB, a dupla precisará arrumar a própria casa. Na quarta-feira 20, onze senadores da bancada governista, liderados pelos petistas Lindbergh Farias (RJ) e Paulo Paim (RS), lançaram um manifesto contrário às medidas de ajuste fiscal defendidas pelo Planalto. “Eu vou votar contra porque eu acho que o ajuste tira direitos dos trabalhadores e não foram os trabalhadores que geraram esse desequilíbrio fiscal”, declarou Lindbergh. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), traduziu a preocupação do governo com as defecções não só na base de apoio como no próprio partido da presidente Dilma Rousseff. “Se o Senado rejeitar uma das medidas do pacote fiscal, o país quebra”, disse Guimarães. O manifesto dos parlamentares avaliza um texto divulgado recentemente por personalidades como o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Márcio Pochmann. Segundo o documento, “o ajuste fiscal é recessivo” e “somente com o crescimento econômico haverá equilíbrio fiscal e desenvolvimento”. O texto está em sintonia com discurso entoado nos últimos dias pelo ex-presidente Lula. Em pronunciamento feito durante seminário promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) na última quarta-feira 20, Lula afirmou sem meias palavras que o governo erra no remédio adotado para restaurar as contas públicas. “Claro que o Lula, ao agir assim, contamina os aliados. É como se desse aval para que outros fizessem o mesmo”, lamentou um ministro de Dilma.
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ALIADA NAS COSTURAS
Nova auxiliar de Joaquim Levy, Cláudia Lyra transita com desenvoltura entre os
parlamentares e conhece como poucos os atalhos do Congresso
A equipe econômica tinha pressa em ver aprovada a MP 665, que altera regras na concessão de seguro-desemprego. Mas esse comportamento da base aliada fez com que o governo desistisse de colocar a medida em votação no fim da semana. A decisão do adiamento ocorreu porque líderes da base do Planalto detectaram que teriam margem pequena para votos favoráveis. Nos bastidores, os parlamentares governistas alegam que a insatisfação decorre da postura do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ele é acusado de segurar a nomeação de indicações partidárias para cargos de segundo escalão.
A ideia de Dilma era anunciar os cortes no Orçamento somente depois da aprovação da MP. Nesse caso, a tesourada seria menor, O atraso, no entanto, atrapalhou os planos do Planalto. O corte foi anunciado na sexta-feira 22 sem a garantia de aprovação do projeto no Senado. Agora, a preocupação do governo é com a validade da medida. Se não for aprovada até o dia 1º de junho, a MP caduca e a presidente terá de editar outra se quiser que seus efeitos entrem em vigor.
Até mesmo governadores do PT não pouparam o governo de críticas.
Reivindicação é pela distribuição de recursos
Mas para obter sucesso em votações futuras no Congresso, o governo também terá de amansar os governadores. Reunidos com Cunha e Renan no Salão Negro do Congresso, na tarde de quinta-feira 21, os chefes dos Executivos estaduais desfiaram um rosário de críticas ao Planalto. Queixaram-se que a União não repassa receitas devidas, paralisou a assinatura de convênios e, paralelamente, tem apertado a cobrança de tributos. Em confronto aberto com o governo, Renan orientou os governantes a encontrar uma forma de forçar a União a repartir as riquezas justamente em um momento que o governo tem um único objetivo: concentrar receitas. As críticas à centralização dos recursos partiram até mesmo de governadores do PT. “Somos herdeiros de uma política que seqüestrou recursos dos Estados para a União. Com isso, cada Estado caminha para o abismo. Contamos com a ajuda do parlamento para proceder a descentralização”, afirmou o governador do Acre, Tião Viana (PT).
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CLIMA HOSTIL
Em reunião com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara,
Eduardo Cunha, governadores (abaixo) desfiaram um rosário de críticas ao
governo. Na quarta-feira 20, Planalto (acima) preferiu adiar votação
da MP do ajuste por não ter garantia de aprovação
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Na última semana, a única vitória alcançada pelo governo foi a aprovação do jurista Luiz Edson Fachin para a vaga deixada por Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF). Por 52 votos a 27, os senadores referendaram o nome indicado por Dilma para assumir a máxima Corte. Apesar da forte ligação com o PT e com o governo, o currículo e o bom desempenho do jurista na sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 12 tiraram dos senadores contrários à indicação argumentos para rejeitar o nome de Fachin. Também pesou favoravelmente à aprovação do candidato de Dilma ao STF o apoio explícito da representação parlamentar de seu Estado, o Paraná, simbolizado pela atuação do senador tucano Álvaro Dias, normalmente um ferrenho oposicionista,e a solidariedade de seus futuros colegas de Supremo, em especial o presidente Ricardo Lewandowski. Portanto, o triunfo de Fachin não pode ser atribuído somente a uma articulação governista. Mesmo assim, o governo não saiu da votação sem arranhões. Ao apreciar outra indicação – a do embaixador Guilherme Patriota – para chefiar representação brasileira na Organização dos Estados Americanos (OEA), os parlamentares disseram um sonoro não a Dilma. Patriota trabalhou com o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia no Planalto e seu nome foi associado a um apadrinhamento do petista.
Fotos: Jane de Araújo/Agência Senado; Sergio Lima/Folhapress, André Dusek/Estadão Conteúdo 

Mudanças nos hábitos na classe média

A classe média na penúria

Produtos e serviços com elevação de preços maior que a inflação oficial destroem o poder de compra e obrigam milhões de brasileiros a mudar os hábitos de consumo

Mariana Queiroz Barboza (mariana.barboza@istoe.com.br)
Enquanto a crise econômica não chega ao bolso das pessoas, elas tendem a achar que os problemas anunciados pelos especialistas não passam de miragem. O PIB empacou? Os investimentos caíram? O governo trabalha sem superávit? Se isso não afeta a vida ou trabalho de alguém, provavelmente não vai significar coisa alguma. Mas as questões financeiras dos brasileiros passam por um momento singular. A inflação, aquela velha senhora que parecia domada, está de volta. Junto dela, ressurgem lembranças ruins e os temores que pareciam confinados a um passado distante. Para quase todo mundo, não há nada mais chocante e verdadeiro no campo econômico do que a descoberta de que os preços estão em forte disparada. Isso não só escancara a crise – sim, ela está aí e desta vez veio com força – como causa impactos financeiros imediatos. Para a classe média, essa realidade é ainda mais cruel. A conta para esse grupo de brasileiros está pesada. Entre janeiro e abril, as mensalidades escolares subiram, em média, 10%. No supermercado, alguns alimentos ficaram, neste ano, 40% mais caros. O preço da gasolina acelerou 9%. Nos cursos de idiomas, a alta superou 11%. Tudo isso para uma inflação oficial de 4,56% nos quatro primeiros meses de 2015. Está caro demais viver no Brasil – e, se o governo não agir com tenacidade, vai ficar ainda mais.
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DE SAÍDA
Paolina Pin, 21, trancou a faculdade para estudar nos EUA. “Mesmo com o dólar
a R$ 3, sai mais em conta viver lá do que morar sozinha em São Paulo”, diz.
Paolina mora com a mãe, a empresária Catia, 43, e o irmão, Levi, 2.
Para economizar, Catia tem cortado o cabelo do filho em casa
O estouro inflacionário deixou a classe média no sufoco e vem provocando mudanças nos hábitos de consumo. A publicitária e blogueira Loreta Berezutchi, 32 anos, está acostumada a fazer contas para encaixar as necessidades e caprichos dos filhos Pedro, 7, e Catarina, 5, no orçamento que divide com o marido, o engenheiro civil Flávio, 37. No começo do ano, quando viu que as mensalidades da escola subiriam cerca de 15%, Loreta passou um pente fino na imensa lista de materiais pedidos e reciclou lápis, pastas e cadernos. Ao perceber que o avanço dos preços era generalizado, sobretudo o do leite, que praticamente passou a custar o dobro, a blogueira tomou medidas ainda mais radicais. Cortou os R$ 300 que ela e o marido gastavam na academia e dividiu um professor com outros moradores do prédio onde mora, ao custo de R$ 70 por pessoa. Na mesma época, o plano de celular e internet, que antes custava R$ 99, aumentou para R$ 135. “Não dava para manter como estava”, diz Loreta. “Então reduzi meu tempo de ligação e dados de internet. Continuei pagando o mesmo valor, mas por um serviço pior.”
A família de São Paulo mostra como a inflação, aliada à desaceleração da economia, tem reduzido o poder de compra da classe média nos últimos meses. Agora, esses brasileiros não só deixam de sair de casa para jantar, como prestam mais atenção às ofertas e batalham descontos, dão menos importância às marcas, frequentam menos os salões de beleza e evitam os passeios em shopping centers. Alguns chegaram a adiar a troca do carro e, a despeito dos protestos dos filhos, cancelaram a viagem das férias de julho. O cenário pessimista é compartilhado por empresários e economistas. Na semana passada, o mercado elevou suas projeções pela quinta vez consecutiva e a expectativa é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a medida oficial da inflação no Brasil) encerre o ano em 8,31%. Se o número provar-se verdadeiro, essa será a maior variação em 12 anos.
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Embora os preços nos supermercados e restaurantes assustem, o que mais pesa para a classe média são as despesas com habitação. Nesse grupo social, as casas costumam ter mais equipamentos eletrônicos e lâmpadas. Por isso, gastam mais energia. Não por acaso, o recente reajuste nas tarifas elétricas atingiu em cheio a população. De janeiro a abril, segundo o IPCA, a conta de luz subiu 38%. Considerando só a classe média, esse item aumentou 19% apenas em abril e 47% neste ano, de acordo com o Índice do Custo de Vida da Classe Média (ICVM), elaborado pela Ordem dos Economistas do Brasil. O ICVM mede a variação dos preços de 468 itens na Grande São Paulo, mas, segundo seu coordenador, o economista José Tiacci Kirsten, tem alcance mais amplo, já que o comportamento não difere muito no interior do Estado.
Na hora de pagar as contas, o aumento sentido parece muito maior que as estatísticas oficiais. Parte dessa sensação pode ser explicada pela economia comportamental. O psicólogo israelense Daniel Kahneman, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2002, afirma que as pessoas tendem a dar mais importância aos eventos negativos que positivos. No livro “Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar”, Kahneman cita um experimento para comprovar sua tese. Segundo ele, uma única barata tira todo o apelo de um pote cheio de cerejas, mas uma única cereja é incapaz de tornar um pote de baratas mais atraente.
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É fácil de entender como o raciocínio se aplica à economia. Basta colocar lado a lado três produtos com o mesmo peso: A, B e C. Se o valor de A subir 10%, o de B permanecer estável e o de C cair 10%, a inflação no período será zero. Contudo, para quem consome mais o produto A – item, portanto, que terá mais peso na cesta –, a sensação de que a inflação subiu é muito maior. “Na prática, famílias com crianças em idade escolar percebem uma inflação mais alta quando ocorrem aumentos nas mensalidades escolares e famílias com idosos a percebem com os aumentos dos remédios e planos de saúde”, diz André Braz, analista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas. “Já famílias de baixa renda, aquelas que recebem até 2,5 salários mínimos mensais, notam mais a inflação quando os preços dos alimentos e das passagens de ônibus urbano ficam mais caras.” Assim, para chegar a uma média nacional, o IPCA é medido em 13 regiões metropolitanas e abrange famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos.
Alguns economistas argumentam que um pouco de inflação não faz mal. Em países estáveis e com economia relativamente desenvolvida, uma taxa ao redor de 2% e 3% é até saudável para o crescimento do PIB. Isso porque estimula os investimentos, o aumento dos salários e o consumo – se um produto ficasse mais barato dia após dia, não haveria razão para comprá-lo agora, nem investir na compra de um equipamento, no caso de uma empresa. Mas a questão brasileira é bem diferente. Quando o índice ultrapassa o limite saudável, os efeitos são perversos. Segundo o próprio Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, essas distorções podem ser observadas “no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos, bem como na deterioração da confiança de empresários.” Em resumo, corrói o poder de compra, o consumo e o potencial de crescimento da economia, o que afeta também a geração de empregos e a renda. É nesse pesadelo que o País está mergulhado.
Quando fizeram as contas de quanto gastariam numa noite de diversão no Rio de Janeiro, a produtora de eventos Raphaela Rodrigues, 32 anos, e o publicitário André Olive, 45, desistiram de sair na última hora. O valor do ingresso do show (R$ 80 para cada) mais o táxi (R$ 75) e os gastos com bebida seriam um exagero que não podem mais cometer. Optaram por fazer um jantar em casa. “Tinha preguiça de cozinhar, mas agora não tem outro jeito”, diz Raphaela.
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Para conter a inflação, o governo tem usado a velha estratégia de aumentar os juros, o que encarece o crédito e, no fim do ciclo, espanta consumidores. Na última reunião, em 29 de abril, o Copom elevou a taxa básica de juros, Selic, em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Segundo especialistas, ela deve seguir a trajetória ascendente. O Banco Central, afinal, já disse que continuará a subir os juros até suas projeções apontarem para uma taxa de 4,5% no fim de 2016. Além do crescimento da demanda por serviços, existem outros motivos na raiz do aumento de preços e da redução do poder de compra. Para Rodrigo Zeidan, professor de economia e finanças da Fundação Dom Cabral (FDC), o choque inflacionário que o País enfrenta é, em parte, resultado da desvalorização cambial e do realinhamento dos preços administrados (como combustíveis e eletricidade). Para ser mais direto: o governo represou preços em 2014 e a conta veio agora. Em Brasília, o professor Sidney Barbosa, 66 anos, enche o tanque do carro a cada quatro dias. Com o aumento da gasolina neste ano, ele sentiu essa despesa subir um terço.
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Na opinião de Zeidan, da FDC, para conter o avanço do IPCA é muito melhor fazer um ajuste fiscal, em que o governo gaste menos, do que monetário – com a vantagem de que isso ainda diminuiria a relação dívida/PIB no longo prazo. “A questão é que aumentar os juros é mais fácil para o governo, porque não precisa de autorização do Congresso”, diz o pesquisador. José Tiacci Kirsten, da Ordem dos Economistas do Brasil, confia no efeito positivo do ajuste fiscal para o ano que vem, quando a pressão inflacionária deve arrefecer. “Neste ano, estamos comprometidos, não tem mais salvação”, afirma.
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Numa perspectiva de longo prazo, não há fórmula mágica. A cartilha dos economistas recomenda melhora na produtividade, o que implica em modernização da infraestrutura, qualificação da mão-de-obra e reformas estruturais. Hoje o Brasil é um dos países com pior desempenho no Ranking Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, ocupando o 57º lugar. No índice organizado pela Confederação Nacional da Indústria, com 14 nações, o País só ganha da Argentina. O exemplo para mudar essa realidade poderia vir do agronegócio. Nas últimas duas décadas, a produção nacional de grãos avançou mais de 200%, enquanto a área cultivada ampliou-se em apenas 50%.
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Enquanto isso não acontece, é preciso variar as formas de investimento para proteger as aplicações financeiras. Queridinha dos brasileiros, a poupança não é mais uma opção. Seus ganhos têm sido corroídos pela inflação desde dezembro do ano passado. Uma alternativa seria aplicar nos títulos do Tesouro Direto. Uma espécie de poupança protegida da inflação, o Tesouro Direto está ao acesso de praticamente qualquer um da classe média. Entre as opções disponíveis, existem os papéis indexados ao IPCA e à taxa Selic, com rentabilidade média de 13%. Mas isso não vai salvar por completo as finanças de ninguém. O Brasil, afinal, enfrenta o cenário mais difícil – retração econômica combinada com inflação alta. Resolver essa equação é o dilema que se impõe ao governo Dilma Rousseff.
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(Com reportagem de Ludmilla Amaral e Luisa Purchio)
Fotos: Airam Abel/Ag. Istoé, Thiago Bernardes/Frame; Frederic Jean/Ag. Istoé 

Ajuste fiscal: governo anuncia corte de 69,9 bilhões de reais do Orçamento

Contas públicas

por Agência Brasil —
Ministérios das Cidades, da Saúde e da Educação lideraram os cortes. Juntas, as três pastas concentraram 54,9% do contingenciamento

José Cruz / Agência Brasil
O governo federal decidiu cortar 69,946 bilhões de reais do Orçamento Geral da União como parte do ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas do país. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira 22 pelo Ministério do Planejamento. O objetivo do governo é atingir a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
contingenciamento e o estabelecimento de um limite de despesas de cada ministério constam de decreto que será publicado ainda hoje em edição extraordinária do Diário Oficial da União. Segundo a Lei Orçamentária de 2015, vence hoje o prazo para edição do decreto. A cada dois meses, o tamanho do corte poderá ser reavaliado.
O governo aguardava a aprovação demedidas provisórias encaminhadas aoCongresso Nacional para anunciar o contingenciamento e definir como faria o reequilíbrio das contas. Entre as MPs estão mudanças no acesso a benefícios comoseguro-desemprego e pensão por morte. Com o atraso das votações, o governo teve de estabelecer a retenção dos gastos a partir de hoje, como determina a Lei Orçamentária. O contingenciamento poderá ser reduzido ao longo do ano caso aumentem as estimativas de receita da União ou melhorem as projeções para a economia em 2015.
Cidades, Saúde e Educação
Os ministérios das Cidades, da Saúde e da Educação lideraram os cortes no Orçamento Geral da União de 2015. Juntas, as três pastas concentraram 54,9% do contingenciamento (bloqueio) de R$ 69,946 bilhões de verbas da União. 
No Ministério das Cidades, o corte chegou a 17,232 bilhões de reais. Na Saúde, o bloqueio atingiu 11,774 bilhões de reais. Na Educação, o contingenciamento totalizou outros 9,423 bilhões de reais. Em seguida, vêm os ministérios dos Transportes (5,735 bilhões de reais) e da Defesa (5,617 bilhões de reais).
Mesmo com o contingenciamento, o governo garantiu que os principais programas sociais estão preservados. Segundo o Ministério do Planejamento, o orçamento do Ministério da Educação continuará com valor acima do mínimo estabelecido pela Constituição em 15,1 bilhões de reais, preservando os programas prioritários e garantindo o funcionamento das universidades e dos institutos federais.
Retração do PIB
Com as mudanças, O Ministério do Planejamento informou que a equipe econômica aumentou para 1,2% a previsão de retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) em 2015. Anteriormente, o governo previa para este ano contração de 0,9%. A estimativa para a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu levemente, de 8,2% para 8,26%. O governo projeta ainda dólar comercial em 3,22 reais no fim do ano.
Apesar do anúncio, a demora na votação das medidas do ajuste fiscal se refletirá na arrecadação dos próximos meses, aumentando o impacto das desonerações nos cofres federais. A avaliação é do chefe do Centro de Estudos Tributários da Receita Federal, Claudemir Malaquias, que ontem divulgou o resultado da arrecadação. A arrecadação registrou o menor resultado para o mês de abril em cinco anos: R$ 109,241 bilhões. Houve queda de 4,62% em relação a abril de 2014, descontada a inflação oficial.
Inicialmente, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tinha previsto uma arrecadação extra com a elevação de tributos próxima de 20,6 bilhões reais. Em janeiro deste ano, anunciou o ajuste fiscal e fez mudanças no Programa de Integração Social (PIS) e na Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre os combustíveis, além de adiantar o retorno da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide). O aumento da taxação dos lucros dos bancos, que consta de medida provisória publicada hoje, renderá de 3 bilhões a 4 bilhões de reais extras.
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Mulheres que tiraram os seios fazem topless para marca de lingerie unissex

 

  • Candace Doyal/ Play Out/Divulgação
    As imagens mostram Emily Jenson (à esq.) e Jodi Jaecks em momentos do cotidiano
    As imagens mostram Emily Jenson (à esq.) e Jodi Jaecks em momentos do cotidiano
A empresa americana de roupas íntimas unissex Play Out utilizou três sobreviventes ao câncer de mama --que se submeteram à mastectomia dupla e não optaram pela reconstrução dos seios-- e que são homossexuais para posar de topless em sua nova campanha publicitária. As informações são da versão online do jornal britânico "Daily Mail".
De acordo com as fundadoras da marca, Sylvie Lardeux e Abby Sugar, o projeto quer desafiar as normas de gênero e explorar o que significa ser feminina, além de celebrar os novos corpos de suas personagens.
"A campanha não quer apenas conscientizar sobre câncer da mama e, sim, falar a respeito de sexo, lingerie, feminilidade e a doença para a comunidade LGBT", escreveu Abby Sugar no blog de sua empresa.
Nomi Ellenson/Play Out/Divulgação
Melly Testa se vê com orgulho no espelho
As empresárias uniram-se a um grupo on-line de suporte aos sobreviventes de câncer de mama e membros da comunidade LGBT, que optaram viver sem prótese, a fim de criar as imagens poderosas e reais para a campanha.
"Em vez de olhar as imagens e apenas pensar em como essa pessoa lutou contra a doença, pedimos às pessoas que reflitam e digam: 'que coragem de desafiar as expectativas da sociedade e vencer'", questionou Abby no site da empresa.
De acordo com o veículo britânico, as estatísticas mostram que 58% das mulheres que se submetem a mastectomias optam pela não reconstrução da mama. No entanto, muitas vezes, elas são levadas a acreditar que a reconstituição é o caminho mais correto.
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Brasileira publica fotos de homens e mulheres sem camisa no Facebook8 fotos

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A fotógrafa brasileira Julia Rodrigues iniciou o projeto "Pode e Não Pode" após ter uma foto censurada no Facebook. O bloqueio ocorreu porque a imagem mostrava uma modelo com os mamilos à mostra. Desde então, Julia decidiu "testar" o que a rede social considera conteúdo inapropriado e publica fotos de homens e mulheres sem camisa. Até o momento, apenas os mamilos femininos foram censurados. "No início do projeto, a ideia era postar todo mundo sem tarja preta e esperar o sistema censurar, mas, como já recebi 24 horas de bloqueio, e o próximo vai ser mais longo, achei melhor segurar um pouco", explica ela em sua página Leia mais Reprodução/Facebook/Julia Rorigues

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