2.22.2016

Os riscos da automedicação


Medicamentos sem receita podem prejudicar fígado, rim e até levar à morte, advertem especialistas. O alerta foi reforçado por matéria publicada no site R7 (4/1), que recomenda moderação na prática. “O paciente nunca deve tomar este tipo de remédio por mais de dois dias sem orientação médica. Deve usar a menor quantidade possível, para aliviar uma dor, e não ficar repetindo o seu uso”, disse Paulo Picon, consultor do comitê de medicamentos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, que defende a limitação legal para a venda de qualquer medicamento.



Ele cita como exemplo o analgésico paracetamol que, se ingerido em dosagem alta (7 gramas), pode gerar necrose hepática. Segundo ele, a dipirona também oferece o mesmo risco, já que pode causar a forma mais grave das anemias, independentemente da dose – e, em casos extremos, levar à morte. Também há perigo no uso indevido de antiácidos (que podem causar cálculos renais) e de laxantes (sob o risco de “acomodar” o intestino), orientou Picon.



A automedicação também prejudica o controle e tratamento dos efeitos colaterais. A reportagem registrou, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), que, a cada ano, cerca de 20 mil pessoas morrem no Brasil, vítimas da automedicação (números que incluem fármacos isentos de receita, como colírios e descongestionantes) e que os medicamentos são causa de 28% de todas as notificações de intoxicações registradas pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fiocruz.



Os dados também mostram que o número de farmácias por habitantes no Brasil – uma para cada 3 mil – é superior ao que recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS) – uma para cada 8 mil -, não contabilizando medicamentos ofertados em feiras livres e pela internet. Além disso, há no país número superior a 12 mil substâncias e 32 mil rótulos de remédios disponíveis no mercado brasileiro, quando o limite recomendado pela OMS é de 300 rótulos ou 6 mil substâncias para cada país.
Com informações da Revista Radis (edição de fevereiro de 2016)

Os Perigos da Automedicação

Quem nunca tomou um medicamento sem prescrição após uma dor de cabeça ou febre? Ou pediu opinião a um amigo sobre qual medicamento ingerir em determinadas ocasiões? A automedicação, muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas, pode trazer consequências mais graves do que se imagina.

A medicação por conta própria é um dos exemplos de uso indevido de remédios, considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINTOX), em 2003, os medicamentos foram responsáveis por 28% de todas as notificações de intoxicação.

O uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que a utilização inadequada pode esconder determinados sintomas. Se o medicamento for um antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada. O uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de microorganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos. (Hoje já não pode ser vendido medicamentos, que tenham antibióticos na sua composição sem receituário médico Próprio).

Outra preocupação em relação ao uso do medicamento refere-se à combinação inadequada. Neste caso, o uso de um medicamento pode anular ou potencializar o efeito do outro.

O uso de medicamentos de maneira incorreta ou irracional pode trazer, ainda, consequências como: reações alérgicas, dependência e até a morte.

Conceito

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existe o uso racional de medicamentos (URM) quando “os pacientes recebem medicamentos apropriados às suas necessidades clínicas, em doses e períodos adequados às particularidades individuais, com baixo custo para eles e sua comunidade”. A definição foi proferida durante Conferência de Nairobi, Quênia, em 1985.

Tipos de Uso Irracional de Medicamentos

  • Uso abusivo de medicamentos (polimedicação);
  • Uso inadequado de medicamentos antimicrobianos, frequentemente em doses incorretas ou para infecções não-bacterianas;
  • Uso excessivo de injetáveis nos casos em que seriam mais adequadas formas farmacêuticas orais;
  • Prescrição em desacordo com as diretrizes clínicas;
  • Automedicação inadequada, frequentemente com medicamento que requer prescrição médica.
Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS)
  • Em todo o mundo, mais de 50% de todos os medicamentos receitados são dispensáveis ou são vendidos de forma inadequada.
  • Cerca de 1/3 da população mundial tem carência no acesso a medicamentos essenciais.
  • Em todo mundo, 50% dos pacientes tomam medicamentos de forma incorreta.
Ações para o Uso Racional de Medicamentos

O Ministério da Saúde criou, em março de 2007, um Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional de Medicamentos (URM) – uma instância colegiada, representativa de segmentos governamentais e sociais afins ao tema e com caráter deliberativo.

O Comitê tem como papel propor estratégias e mecanismos de articulação, de monitoramento e de avaliação de ações destinadas à promoção do URM. Para garantir as implementações das ações, foi criado o Plano de Ação, composto por vertentes em quatro áreas: regulação, educação, informação e pesquisa.

Educanvisa

Com o objetivo de facilitar o aprendizado de temas complexos em saúde para o ensino fundamental, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou os jogos educativos Trilha da Saúde e Memória, disponíveis no site da Anvisa. O material didático serve como apoio ao aprendizado sobre propaganda e o uso racional de medicamentos.

O lançamento dos jogos educativos aconteceu em Santa Catarina, durante encontro realizado para apresentação do Programa Educanvisa, no projeto político-pedagógico das escolas para o biênio 2008/2009. A Educanvisa contempla orientações sobre o consumo responsável de medicamentos e de outros produtos sujeitos à vigilância sanitária, além dos riscos da automedicação e da influência da propaganda enganosa, abusiva e errônea.

Hospitais Sentinelas

Para incentivar o uso racional de medicamentos, a Anvisa também desenvolve ações na área de farmacovigilância. Um exemplo é o programa Rede de Hospitais Sentinela, que reúne um conjunto de hospitais e unidades de todo o país. Cada hospital integrante da rede possui um responsável por notificar efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos.

Fonte: Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde.

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