3.05.2016

O festival de Injustiça e a Espiral do Medo


O dia em que a democracia viu o dedo do fascismo
Hoje o povo brasileiro acordou com uma notícia, que no resto do mundo soou como estarrecedora, mas que por aqui mereceu aplausos, elogios e loas.
O ex-presidente Lula foi levado coercitivamente a prestar depoimentos na Operação Lava Jato.
Não sei se os aplausos se deveram à ignorância, inocência, ódio ou uma mistura de tudo isto.
Sim porque nos últimos meses Lula prestou depoimentos e informações em 4 inquéritos, inclusive no âmbito da Lava Jato. Pediram a quebra do sigilo bancário e fiscal. Mas esta quebra já havia sido feita pelo próprio Lula e os documentos estão de posse do MPF e inclusive já foi vazado ilegalmente para a imprensa. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: pq ação coercitiva se em momento algum ele se negou a dar os depoimentos? A resposta para muita gente é bem clara. Mas como para outros não, eu passo a explicar.
Trata-se de um jogo político, baixo, antidemocrático e que conta com participações enveredadas em empresas privadas e instituições públicas.
É um estratagema que foi bem descrito na década de 60 pela filósofa alemã, Elisabeth Noelle-Neumann, que o denominou de Espiral do Medo. Em resumo foi uma constatação feita a partir de estudos sobre os efeitos dos meios de comunicação em massa sobre a população e se baseia em três premissas:
1-As pessoas têm uma intuição ou um sexto-sentido que lhes permite saber qual a tendência da opinião pública, mesmo sem ter acesso a sondagens;
2-As pessoas têm medo de serem isoladas socialmente, e sabem qual o tipo de comportamento que poderá contribuir para esse isolamento social, tendendo a evitá-lo;
3-As pessoas apresentam reticências ou até medo em expressar as suas opiniões minoritárias, por terem receio de sofrer o isolamento da sociedade ou do círculo social próximo. À medida que a distância entre a opinião dessa pessoa e a opinião pública aumenta, aumenta também a probabilidade de essa pessoa se calar e de se autocensurar. Os meios de comunicação de massa são um fator essencial de estabelecimento da “espiral do silêncio”, na medida em que formatam a opinião pública. Perante uma opinião pública formatada, as pessoas que não concordam com a mundividência, digamos assim, politicamente correta, emanada da comunicação social, entram em “espiral do silêncio” muitas vezes constituindo uma “maioria silenciosa”. Daí o termo.
A Teoria do Espiral do Silêncio ajuda a entender como a mídia funciona em relação à opinião pública e silencia suas ideias, através de três mecanismos pelos quais a teoria influencia a mídia sobre o público: ACUMULAÇÃO, que se refere ao excesso de exposição de determinados temas na mídia (explicando o fato de a imprensa publicar diuturnamente notícias de seu interesse enquanto que outras de extrema relevância são ignoradas); a CONSONÂNCIA, que se refere à forma semelhante como as notícias são produzidas e veiculadas(vide as capas de Veja e Folha e matérias veiculadas no JN) e finalmente a UBIQUIDADE, que se refere à presença da mídia em todos os lugares (vide o twiter de repórter da Globo às 2 da manhã dizendo que em poucas horas o país iria ficar com mais “paz e amor”).

O certo é que os aplausos talvez fossem dirigidos a um Lula com algemas –nada contra pessoas optarem por A ou B, uma vez que a democracia prescinde disto- mas acertaram em cheio a derrubada do Estado Democrático de Direito, ao atentado contra a Justiça e a Constituição e a esperança de que as verdadeiras raízes da corrupção fossem mostradas.
O resultado? Bom, a partir de hoje você pode ser preso se não gostarem da sua cor, da sua crença, da sua condição financeira, da cor dos seus olhos ou da camisa que veste. Daqui em diante você terá que ser como ELES...
Mas se enganam achando que a espiral do medo funciona para todos. Não passarão!!!

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