9.03.2016

Após afastamento, reprovação a Temer chega a 70% e avaliação de Dilma melhora, diz pesquisa


O primeiro mês do governo interino de Michel Temer teve efeitos opostos na avaliação do peemedebista e da presidente afastada Dilma Rousseff, segundo pesquisa da consultoria Ipsos. No período, o índice de reprovação de Temer subiu e o de Dilma caiu.
De acordo com o levantamento, de maio a junho, a porcentagem de pessoas que desaprovava totalmente ou um pouco o interino cresceu de 67% para 70%. Para a petista, indicador passou de 80% para 75%. A aprovação de Dilma, por sua vez, foi de 15% para 20%. A de Temer também aumentou, indo de 16% para 19%.
Ainda de acordo com a pesquisa, em junho 43% dos entrevistados afirmaram considerar o governo federal ruim ou péssimo, marca mais positiva do que a última registrada pelo governo Dilma, em maio (69%).
Os dados foram coletados entre 2 e 13 de junho, por meio de 1.200 entrevistas em 72 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.
Danilo Cersosimo, diretor na Ipsos Public Affairs e responsável pela pesquisa, diz que a baixa popularidade de Temer é explicada por três fatores: a falta de uma agenda clara de mudanças, a imagem de político tradicional e o contexto turbulento no qual governa.
Segundo Cersosismo, por não ter passado por eleições, Temer não teve um conjunto de medidas apresentado e aprovado pela população. Seus problemas em comunicar as ações intensificariam o problema. Soma-se a isso o momento de instabilidade, com escândalos de corrupção, Congresso arredio, queda de ministros e a própria interinidade de sua gestão.
"Dado que não passou por um crivo popular, não teve uma agenda aprovada e nunca foi gestor, não se sabe o que esperar dele."
O diretor da Ipsos lembra que o peemedebista não foi escolhido pelos brasileiros como o sucessor de Dilma, mas que sua posse foi consequência de uma vontade de tirá-la do poder.
"Era muito mais o impeachment dela, do que uma esperança que se depositava nele. O pensamento era: com ela se tornou tão insustentável que é impossível o vice ser pior."
Os resultados ruins para Temer e a leve recuperação de Dilma, no entanto, não significam que houve uma transferência de popularidade ou um certo saudosismo, alertam os especialistas.
Para Cersosismo, o aumento da aprovação da petista se explica por seu afastamento. Ela não estaria mais no "olho do furacão", o que diminuiria o desgaste de sua imagem. O culpado pelos problemas agora seria Temer, alvo da opinião pública.
Já o cientista político e professor do Insper Carlos Melo vê um processo de vitimização gerado pelo impeachment.
O discurso de golpe teria reunido uma base social mais de esquerda que, mesmo crítica à presidente afastada, estaria defendendo seu mandato. Dessa forma, ao responderem que aprovam a petista, não necessariamente elogiam a sua gestão, mas se mostram contrários a um processo supostamente antidemocrático.

Corrupção e economia

Melo explica que até o ano passado Temer era um grande desconhecido e as avaliações sobre ele eram mais dúvidas com viés positivo ou negativo.
A partir do começo de seu governo, com um gabinete criticado pela falta de mulheres, a saída de três ministros, supostas ameças à continuidade da Lava Jato e vários recuos, muitas das interrogações se tornaram visões críticas.
Para o professor, dois pontos pesam nessa definição: os casos de corrupção e a falta de respostas imediatas para os problemas políticos e econômicos.
"Ele cometeu um erro inegável ao compor o gabinete com um monte de gente investigada. Colocar o (Romero) Jucá como segundo ministro mais importante foi um erro. Isso é percebido (pela população)."
Jucá teve de deixar o Ministério do Planejamento horas após o jornal Folha de S. Paulo divulgar uma gravação em que ele sugere uma articulação para conter a Operação Lava Jato, estratégia que incluiria o impeachment da então presidente. Ele também é investigado por suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo Rita Biason, coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Corrupção da Unesp, esperava-se que a equipe do interino não estivesse tão envolvida com a Lava Jato e oferecesse um período de tranquilidade em meio a tantos escândalos. O que não aconteceu.
"É a corrupção que continua, acrescida à crise e ao desemprego. O brasileiro é mais sensível aos problemas políticos em tempos de dificuldade econômica. Quando há uma prosperidade, ele não olha muito, a exemplo do que aconteceu no mensalão."
Sobre a economia, Melo diz que as ações anunciadas até então, como a PEC que estipula um teto para o crescimento dos gastos públicos, ainda são abstratas. Elas dão sinais positivos para o mercado e os empresários, mas não dizem muito para o cidadão comum.
"Nada disso significou queda de desemprego ou aumento de renda, e é o que as pessoas veem."

Avaliação do governo

A falta de mudanças na política e na economia, diz o diretor da Ipsos, também foi o fator crucial para a má avaliação do governo interino na pesquisa. Em junho, para 43% dos entrevistados, o governo federal era ruim ou péssimo. O número é menor do que o último registrado no mandato de Dilma - 69% - mas é um mau começo, pondera Cersosismo
A queda na reprovação não foi traduzida em aprovação (que caiu de 9% para 6%), mas no aumento do "regular' (de 21% para 29%) e do "não sabe/não respondeu" (de 2% para 22%), o que seria um resultado comum nesses primeiros meses de gestão.
"É como se as pessoas estivessem esperando mais para avaliar", diz o diretor da Ipsos.

Rumo do país

Além de indicar a desaprovação do presidente interino e de seu governo, o levantamento também mostrou pessimismo quanto ao futuro do país. Para 89% dos entrevistados, o Brasil está no rumo errado. A porcentagem se mantém no patamar dos 90% desde junho de 2015.
Após o processo de impeachment, não deveria se esperar uma visão mais otimista? O cientista político Carlos Melo afirma que não.
"Isso passa pela autoestima. O governo A pode ser um pouco melhor do que o B, mas o país no geral não está bem. A violência, a insegurança, o sentimento de infelicidade....o governo é parte desse mal estar, mas não é o todo."
A falta de credibilidade dos políticos e da política estariam incluídos nesse ceticismo, diz Melo.
"O que deputados, senadores e governadores falam é pouco assimilado. Toda a ideia de líder está em crise."

A merda é o ouro dos espertos

Como a "Olimpíada da Superação" é usada para forjar identidade, unidade e consenso no Brasil do impeachment

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Menino do morro da Mangueira assiste os fogos da cerimônia de encerramento dos Jogos. AFP
A inversão é fascinante. A Olimpíada foi idealizada, em 2009, para colocar no pódio o Brasil grande. A apoteose do eterno país do futuro que finalmente chegava a um presente grandioso. Em 2016, o “sucesso” da festa busca recolocar o Brasil não apenas como o país que – ainda – tem futuro, mas como o país da “superação”. Não se trata mais, como era em 2009, de lançar a Olimpíada como a imagem que expressa “a verdade final” sobre o país. Em 2016, a Olimpíada é disputada, pelos vários atores, como a imagem capaz de tapar os buracos de um país. E devolver uma unidade, qualquer uma, ou um consenso, qualquer um, a um Brasil partido não em dois, mas em vários pedaços.
Em 2009, a questão era: veja como somos capazes de construir um país. Em 2016, a questão tornou-se: veja como somos capazes de fazer uma festa.
Não dá para tratar essa mudança de paradigma, como tantos têm tratado, como se fosse a mesma coisa. O foco, aqui, são as interpretações simbólicas dessa Olimpíada num momento tão agudo do Brasil. E o papel que exercem sobre a construção da realidade.
Quando dizem orgulhosos que a Baía da Guanabara estava maravilhosa e que o Rio continua lindo, trata-se da festa. A pergunta que trata de um país é: mas a Baía da Guanabara foi despoluída? E a resposta é não. A resposta é: a Baía da Guanabara continua cheia de merda.
Quando dizem eufóricos que nenhum atleta pegou Zika vírus, a pergunta é: mas e a população do Rio? Está salva do Zika e, mais do que do Zika, da dengue? E as mulheres que tiveram e ainda terão crianças com sérios danos cerebrais, têm e terão acesso à proteção e à saúde? Estas são as perguntas que tratam do país – e não da festa.
Quando dizem esfuziantes que o Rio nunca foi tão seguro como nos 17 dias de Olimpíada e que os mais de 80.000 policiais e soldados deveriam continuar nas ruas para defender os cidadãos “de bem”, a pergunta é: e nas comunidades? Morreu gente nas favelas, e não apenas o soldado da Força Nacional Hélio Andrade. Em geral, ele é considerado a única baixa no período dos jogos, já que os demais mortos são aqueles que o país se acostumou a considerar “matáveis”. Pelo menos 31 pessoas morreram e outras 51 ficaram feridas em 95 tiroteios no Rio Olímpico, segundo a Anistia Internacional. Não interessa para a festa? Deveria interessar para o país.
Qual foi o custo financeiro dessa festa (gastos ainda à espera de transparência), para um estado que decretou situação de “calamidade pública” menos de dois meses antes do megaevento, para uma cidade falida e para um país em crise? Quem mede o sucesso ou quem diz o que é sucesso? Ou sucesso para quem? Certamente não para os milhares de “removidos” para a realização das obras.
Diante do país sem rosto, cola-se a cara gasta de sempre
E, importante, sucesso aos olhos de quem? Quando alguém exalta que a Baía da Guanabara estava límpida, o que se entende é que a pessoa comemora o feito de conseguir esconder por duas semanas a merda dos olhos dos “gringos”, a quem interessa mostrar que seguimos bonitos por natureza. E alegres, muito alegres.
A frase no Facebook é cristalina: “Somos um país de pés-rapados, mas arrasamos numa festa”. Diante do país sem rosto, cola-se a cara gasta de sempre, a de que somos muito bons em festa. E na festa somos cordiais, alegres e hospitaleiros. Assim, tenta-se tapar buracos que já não podem ser tapados. Conflitos que já não podem ser encobertos pela “festa da miscigenação”. Mitos em decomposição.
Este é um país em que as cenas de pessoas se espancando por usarem camisetas de cores diferentes se tornaram corriqueiras. Era de se prever que qualquer unidade, onde não há nenhuma, qualquer consenso, onde não há nenhum, seria agarrado por quem disputa a narrativa. É bastante fascinante que a unidade forjada, que o brasileiro único, “O” brasileiro, seja, de novo e mais uma vez, essa pessoa muito boa em festa. É bastante fascinante que os brasileiros, que – ainda bem – já não podem dizer quem são ou o que são, possam ter o conforto de uma identidade fugaz. Ainda que essa identidade seja a de “arrasar na festa”.
A unidade forjada é a do velho clichê do brasileiro bom de festa
O mais fascinante, porém, é que essa narrativa tem se imposto com muito pouca crítica. A Olimpíada se deu com o processo de impeachment em curso. Acabaram os jogos e começou o julgamento da presidente Dilma Rousseff no Senado. Em vez de interpretar os sentidos, disputa-se a autoria do “sucesso”. E, assim, em nome da agenda de ocasião, ou da eleição de 2018, ocultam-se – ou mesmo apagam-se – as contradições. Apresentada – e consensuada pelos vários atores políticos – como um legado de “sucesso”, a quem pertence a Olimpíada é tudo o que passa a interessar. Em vez de disputar o país, disputa-se a festa. É nesse nível o rebaixamento do debate.
É também assim que se invoca, de novo e mais uma vez, o Complexo de Vira-Lata, conceito do cronista Nelson Rodrigues, grande intérprete do futebol e do Brasil do século 20. Obviamente o vira-lata é sempre o outro. A suspeita de que a Olimpíada não iria funcionar – ou “dar certo” – seria fruto da falta de autoestima dos brasileiros, que se sentiriam inferiorizados diante dos gringos. Cogita-se também a possibilidade de que o verdadeiro vira-lata seja aquele que tem como única medida o olhar dos gringos e que necessita da sua aprovação para saber se tem valor. O curioso é que, na tese da viralatização, usa-se a festa como categoria totalizante. Se em alguns casos isso pode ser só um problema cognitivo, em outros soa como má fé.
É aí que entra um conceito essencial para compreender o momento: “superação”. A Olimpíada de 2009 foi sonhada como o coroamento de um país que já se superou. Ou que já se tornou sua própria promessa, com a melhoria da qualidade de vida de dezenas de milhões e a redução das desigualdades. Uma nação que já havia pavimentado seu lugar entre as grandes economias do mundo, um Brasil de “cidadania plena”, um “país de primeira classe”. Na Olimpíada de 2016, é a superação que passa a ser a qualidade de todo um país. A qualidade em si, o moto-contínuo. O looping eterno. O pé-rapado, que continua pé-rapado, mas que arrasa na festa.
É assim que nossos atletas tornam-se sempre “histórias de superação” a serem enaltecidas. Gente como Rafaela Silva e Isaquias Queiroz. Se eles superaram todas as desigualdades e assimetrias do Brasil e tornaram-se atletas capazes de ganhar medalhas no pódio, é um orgulho para eles. Mas é imperativo lembrar que venceram apesar do Brasil. E esse fato deveria ser motivo de vergonha para o país.
Consumido pela máquina de fazer dinheiro que envolve mídia e megaeventos, o que é exceção – vencer contra tudo e contra todos – é convertido em qualidade totalizante. Assim, é o Brasil inteiro que se torna o país “da superação”. É a Olimpíada “da superação”. O que deveria ser vergonha, o fato de o país não garantir a base mínima para suas crianças e jovens desenvolverem suas potencialidades no esporte – e também na matemática e na literatura –, é convertido em orgulho nacional.
A capacidade de superação é mística fartamente distribuída onde a renda é concentrada na mão de poucos e dos mesmos
Essa falsificação serve a muitas coisas. Entre elas, enriquecer muita gente e alimentar o entretenimento disfarçado de jornalismo de algumas redes de TV. Serve ainda a algo bem perverso, com graves consequências na vida concreta do país, que é estimular a crença de que basta ter vontade pessoal para conseguir vencer num país em que a maioria vive em terra arrasada, em escolas arrasadas, em insegurança alimentar, seja por desnutrição ou por obesidade. Assim, se você não vence, é problema seu. O Estado é deresponsabilizado, as distorções históricas são apagadas. E, portanto, não há razão para pensar em redistribuição de renda ou em reforma agrária ou em demarcação de terras tradicionais. O brasileiro, esse unicórnio, se supera. É pé-rapado mas arrasa numa festa.
É o discurso de Galvão Bueno, da Rede Globo, calculadamente lacrimoso: “O esporte é a ferramenta que faz Rafaela Silva, nascida na pobreza da Cidade de Deus, e o supercampeão Bernardinho, filho da classe média carioca, dividirem o mesmo sonho e chegarem ao mesmo lugar”. Qual é a mensagem dessa igualdade forjada em um dos países mais desiguais do mundo? No país da superação, não é preciso tocar nos privilégios, porque tudo depende da força de vontade individual. A capacidade de superação é mística fartamente distribuída onde a renda é concentrada na mão de poucos – e dos mesmos.
Deveria produzir alguma interrogação o fato de que alguém como Galvão Bueno, com tudo o que é e representa, tenha se tornado uma espécie de porta-voz do espírito olímpico. Discursos semelhantes ao dele, de exaltação da Olimpíada, foram repetidos até mesmo por intelectuais que até ontem exibiam pensamento complexo. Não só pela direita, mas também pela esquerda.
Parte da esquerda adere à mesma falsificação da mídia que no restante do tempo acusa de golpista
Para parte da direita, trata-se, entre outras coisas, de garantir que o país tem unidade para seguir após o impeachment, com a agenda conservadora em curso. O Brasil é o que sempre foi, o período Lula-Dilma apenas uma interrupção momentânea. Para uma parcela da esquerda, o ponto é garantir a Olimpíada como um legado usurpado de Lula, caso ele chegue às eleições de 2018. Em nome dos projetos de poder, sacrifica-se a complexidade e forja-se o consenso oportunista. O que não cabe na versão é relegado a questões de menor importância.
Mais uma vez, em nome da agenda de ocasião, parte da esquerda se cala diante das tantas falsificações da Olimpíada da Superação. E reedita uma espécie de conciliação imagética, uma espécie de trégua olímpica, com a mesma mídia que no restante do tempo acusam de golpista. Disputa-se a assinatura do espetáculo, o sucesso já foi pactuado.
Na mística da superação, quando aqueles que deveriam se superar sofrem uma derrota, são punidos como se traíssem todo um país. É neste momento que os conflitos aparecem, e o racismo, a homofobia e o machismo do povo alegre que arrasa numa festa explodem. Como tão bem compreendeu Rafaela Silva, que ao ser derrotada na Olimpíada de Londres, em 2012, foi chamada de “macaca” nas redes sociais, em tal volume e virulência que quase desistiu do judô. Em 2016, ao ganhar o ouro na sua categoria, virou heroína nacional. Ninguém dúvida que, se perdesse, seria de novo “macaca”.
A nadadora Joanna Maranhão conheceu bem a “cordialidade” do povo brasileiro ao ficar fora da semifinal dos 200m borboleta. Joanna, que anos atrás teve a coragem de denunciar que foi abusada por seu técnico quando menina, ouviu nas redes sociais que, por ter perdido, “deveria ser estuprada novamente”. O Brasil é homofóbico, machista, racista e xenófobo, denunciou Joanna, desafiando o país alegre e hospitaleiro – ou “o povo que se comportou muito bem nesta Olimpíada”. Joanna e Rafaela exibiram maturidade ao não se deixarem engolir pela máquina de entretenimento. Ao contrário, arriscaram-se a expor os conflitos quando ninguém queria saber deles.
O país não fracassa quando um atleta perde numa Olimpíada. Brasileiras como a judoca Rafaela Silva são vitoriosas apenas por chegarem vivas à idade adulta. Alcançar uma Olimpíada, ganhando ou não, é uma enormidade. O Brasil fracassa porque no mesmo período da Olimpíada em que Rafaela subiu ao pódio, jovens como ela foram executados a tiros bem perto dali.
O “sucesso” – ou a “superação” – do Brasil olímpico parece ser o de ter conseguido esconder dos olhos dos gringos a merda toda por duas semanas. E não apenas a da Baía da Guanabara. É verdade que um país pode ser medido não pelo seu sucesso, mas pela régua com que mede seu sucesso.
A Olimpíada, como conceito fechado, é grandiosa. Os atletas se dedicam duramente para fazer desse momento um espetáculo, para criar beleza. Fizeram espetáculo mesmo na Olimpíada de Berlim, em 1936, na Alemanha nazista. Uso esse exemplo radical porque ele ajuda a deixar mais claro que uma Olimpíada não pertence apenas aos atletas nem serve apenas à celebração dos povos. Parece óbvio, mas não é o que temos visto em tantas justificativas. Os usos de uma Olimpíada, assim como as narrativas sobre ela, são políticos, no sentido amplo (e seguidamente também no rasteiro). E a forma como cada um dela participa também é política.
A reedição do Complexo de Vira-Lata pode revelar a impossibilidade de criar conceitos originais num momento tão desafiador
É neste campo que chamo a atenção para “o Brasil provou que sabe fazer uma Olimpíada”. Há que se ter muito cuidado com quem coloca algo tão complexo na perspectiva do pessimismo/otimismo. Há que se ter considerável delicadeza mesmo com o conceito do Complexo de Vira-Lata. Não se sabe se ele foi revivido porque de fato faz eco, ou pela incapacidade de criar conceitos originais para um momento tão desafiador do Brasil. Tendo a apostar mais nesta segunda hipótese – e sigo defendendo que nossa crise é também de palavra. De linguagem e de estética.
Há uma diferença entre ser capaz de fazer uma festa, a medalha de ouro de 2016. E ser capaz de construir um país, a medalha de ouro de 2009. É preciso marcar essa diferença para não perder a Olimpíada do dia seguinte.
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum

Dilma ironiza Temer: não se acha golpista?


Roberto Stuckert Filho/PR:
Em coletiva à imprensa internacional ao lado do advogado José Eduardo Cardozo, Dilma Rousseff destacou que "há uma grande inconformidade dos golpistas com a palavra golpe", um dia depois de Michel Temer ter dito que não irá tolerar ser chamado de golpista; sobre o fatiamento da votação que manteve seus direitos políticos, comentou, sobre o resultado a seu favor: "eles [os parlamentares] se desnudam. Eu acho que é estranhíssima essa dupla votação. É no mínimo estranho"; Dilma também condenou a repressão da polícia às manifestações contra o governo Temer – "é assim que se começam as ditaduras" – e faz críticas à cobertura da mídia brasileira sobre o impeachment; "Agora não vão poder dizer que o New York Times é petista, ou que o Le Monde é petista", brincou A presidente Dilma Rousseff comentou pela primeira vez nesta sexta-feira 2, em uma entrevista coletiva à imprensa internacional, no Palácio da Alvorada, o fatiamento da votação do processo de impeachment que manteve seus direitos políticos e de ocupar cargos públicos nos próximos oito anos.
"No processo de votação, eles se desnudam. Eu sei que tinham muitos senadores indecisos, desconfiados que esse processo não era o que pintava. Mas sei também que o governo interino fez uma enorme pressão [para conseguir votos]", disse. Para Dilma, "o segundo voto é o voto daqueles que não consideram que cabiam uma punição. São senadores que estavam indecisos que sofreram pressões".
"Essa cassação é de fato uma pena principal. Você já afasta uma pessoa sem crime de responsabilidade. E depois tira os direitos também sem crime de responsabilidade? E aí?", questionou. "Eu não acho que atenua ou não atenua o que fizeram. Acho que são detalhes em decorrência do que fizeram. O ato é que me condenaram a uma morte política, que é a retirada do meu mandato", condenou, completando que a "dupla votação" – no caso, a mudança do resultado – é "estranhíssima". "É no mínimo estranho", opinou.
Um dia depois da primeira fala de Michel Temer como presidente da República, dizendo que não irá tolerar ser chamado de golpista, Dilma afirmou que "há uma grande inconformidade dos golpistas com a palavra golpe. Tenta-se de todas as maneiras evitar que fique evidente o caráter desse processo". "É um golpe parlamentar, mas é um golpe", lembrou.
Dilma também condenou a repressão da polícia às manifestações contra o governo Temer que vêm ocorrendo nos últimos dias. "Nós sempre convivemos com manifestações democráticas, nunca reprimimos, como está ocorrendo nesse momento", observa. "É assim que se começam as ditaduras, e não precisam ser só militares, podem ser civis disfarçadas", alerta a petista.
Afirmando que ficará "alerta" em relação à violência nos atos, Dilma disse também que não se pode aceitar que se digam que "a culpa é dos manifestantes". "Isso não se pode deixar acontecer", defendeu. Nesta sexta, os jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo publicaram editoriais chamando os manifestantes de "fascistas" e pedindo maior repressão da polícia de Temer contra eles.
"A força do estado é muito maior do que a força das pessoas, o terrorismo de estado é gravíssimo, o estado não pode fazer isso principalmente porque vivemos numa democracia e também porque a poder do estado é muito forte", reforçou.
Dilma também fez críticas à cobertura da mídia brasileira sobre o processo de impeachment e destacou a importância de veículos internacionais e das redes sociais na visão de que se trata de um golpe o que ocorreu no Brasil. "Agora não vão poder dizer que o New York Times é petista, ou que o Le Monde é petista. É muito importante o que aconteceu e o papel da mídia internacional no Brasil", disse.


Dilma alerta: primeiro cegam uma menina, depois matam alguém

Temer diz que protesto é coisa de “40, 50 que quebram carro"

:
Da China, onde participa de reunião do G20, Michel Temer minimizou os protestos que ocorreram todos os dias em São Paulo e em várias capitais do País, desde que o Senado confirmou o afastamento da presidente Dilma Rousseff; "São pequenos grupos, parece que são grupos mínimos, né? (...) Não tenho numericamente, mas são 40, 50, cem pessoas, nada mais do que isso. Agora, no conjunto de 204 milhões de brasileiros, acho que isso é inexpressivo. O que preocupa, isto sim, é que confunde o direito à manifestação com o direito à depredação", disse ele, neste sábado 3; megamanifestação está prevista para ocorrer na tarde deste domingo; pesquisa Ipsos revelou que 68% dos brasileiros – 140 milhões de pessoas – o rejeitam
OEA se manifesta e sugere que impeachment foi golpe
Roberto Stuckert Filho/PR: <p>dilma</p>
“A CIDH expressa a sua preocupação frente às denúncias sobre irregularidades, arbitrariedade e ausência de garantias do devido processo nas etapas do procedimento”, informou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), em seu primeiro comunicado oficial após a destituição da presidente Dilma Rousseff; a comissão informou ainda que irá analisar um pedido formulado pela defesa de Dilma que requer uma decisão cautelar contra seu afastamento

9.02.2016

Vexame: Rodrigo Maia agora fala em salvar Cunha


Um dia depois de tomar uma decisão ilegal, e que desafia o próprio STF, ao demitir o jornalista Ricardo Melo, que tem mandato fixo na EBC, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anuncia outra decisão vergonhosa: uma pena alternativa para Eduardo Cunha (PMDB-RJ), operador do golpe e beneficiário de varias contas no exterior; o ambiente foi criado depois que Dilma Rousseff foi afastada do cargo, mas manteve os direitos políticos; mesmo sendo situações completamente distintas, uma vez que Cunha deve ser cassado por quebra de decoro parlamentar, a Câmara já avalia atender a um pleito do deputado para que seja aplicada apenas uma pena de suspensão

'Time': Impeachment de Dilma é início da crise do Brasil, não o fim


Matéria publicada pela Time magazine nesta sexta-feira (2) analisa que o impeachment da presidente Dilma Rousseff, primeira mulher brasileira eleita para o cargo, deve desencadear uma crise política ainda maior que a anterior. A quarta maior democracia do mundo está dividida entre a esquerda e a direita como nunca antes visto. Talvez pela narrativa de golpe, ou pela crise econômica e política já existentes ha mais de um ano, opina a publicação.
Segundo reportagem da Time Magazine, Dilma fez um discurso emocionante após a votação do impeachment, afirmando que os senadores que votaram por sua saída haviam "condenado uma inocente" em "uma grande injustiça". Seu substituto, Michel Temer, ao tentar manter um tom de estadista em seu primeiro discurso como presidente negou o "golpe" contra Dilma.Resultado de imagem para Dilma

A Time destaca que após a decisão de cassação da presidente se iniciaram uma série de manifestações contra Temer. Os grupos localizados no Rio de janeiro, São Paulo e Brasília, apesar de ter poucos adeptos, tem se mostrado violento e pronto para lutar até o fim. 

Time Magazine afirma que pesquisas mostram que a maioria dos brasileiros não apoiam o governo Temer 
Time Magazine afirma que pesquisas mostram que a maioria dos brasileiros não apoiam o governo Temer 
O noticiário diz que Dilma Rousseff agora vai apelar no Supremo Tribunal. Ela deve desocupar o Palácio da Alvorada para Temer seguir seu mandato pelos próximos dois anos e três meses. Ele foi empossado pelo Congresso na quarta-feira (31) e foi para a China participar da cúpula do G20.
As pesquisas mostram que a maioria dos brasileiros não apoiam o governo Temer. Ele já disse que não vai concorrer à eleição em 2018. Seu sucesso dependerá em grande parte se ele poderá salvar o Brasil de sua pior recessão desde a década de 1930, com o PIB caindo há seis trimestres consecutivos, finaliza a Time.

Recursos do impeachment podem trazer Dilma de volta


Jonas Pereira:
Temor é da advogada Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment, e do jurista Miguel Reale, que também assina o documento; ela explica que se os recursos apresentados pelos partidos da base de Michel Temer contra o fatiamento da votação do impeachment, que manteve o direito de Dilma Rousseff assumir cargos públicos, forem aceitos, o Supremo pode pedir um novo julgamento e, depois de 180 dias, Dilma voltaria imediatamente ao cargo; irritada, enxerga nos parlamentares algo que provavelmente nunca tinha percebido até então, uma simples disputa de poder: "Vocês estão cegos! Cegos pela vaidade! Cegos pela ganância! Cegos pela sanha punitiva! Reflitam!"

Porrada nos manifestantes (Folha e Estadão)


247 – Os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo publicaram editoriais nesta sexta-feira 2 sugerindo ao governo Michel Temer que amplie a repressão contra manifestantes, que a Folha chama de "fascistas". "A polícia revela-se pouco preparada para manter a ordem e garantir que apenas os manifestantes violentos sejam coibidos. Não faltaram episódios em que policiais cruzaram os braços em face da baderna ou exorbitaram na repressão, atingindo inocentes", diz trecho do texto da Folha (leia a íntegra aqui).
"Grupelhos extremistas costumam atrair psicóticos, simplórios e agentes duplos, mas quem manipula os cordéis? O que pretendem tais pescadores de águas turvas? Quem financia e treina essas patrulhas fascistoides? Está mais do que na hora de as autoridades agirem de modo sistemático a fim de desbaratá-las e submeter os responsáveis ao rigor da lei", continua o editorial.
Já o Estado de S. Paulo defende que "cabe às autoridades constituídas reprimir a baderna" e afirma que Dilma Rousseff "incita os brasileiros à divisão, por todos os meios", depois de ter se "dedicado, com sua incompetência, arrogância e sectarismo, a levar o País à beira do abismo". Segundo o editorial, "os confrontos com a polícia são deliberadamente provocados pelos próprios baderneiros" (leia aqui)
"Cabe às autoridades constituídas reprimir a baderna e impedir que a desordem se torne rotina. É preciso saber distinguir o legítimo e democrático direito a manifestação no espaço público da baderna que atenta contra o direito da população de viver seu cotidiano em paz. No primeiro caso, o poder público tem o dever de oferecer aos cidadãos a garantia de se manifestar pacificamente. No segundo, tem a obrigação de impedir a ameaça potencial ou a ação daqueles que infringem a lei. A baderna nas ruas, longe de ser uma forma legítima e democrática de manifestação popular, é um grave atentado ao direito fundamental que os cidadãos, o povo, têm de viver em paz", diz um trecho do texto.
O editorial do Estado diz ainda que "o que se viu na quarta-feira nas ruas de São Paulo e ontem em pleno recinto do Senado Federal – onde baderneiros interromperam os trabalhos de uma comissão presidida pelo senador Cristovam Buarque – são exemplos de que os movimentos 'populares' estão a transgredir de forma abusiva os limites estabelecidos pela lei. Pois não há 'direito' que justifique a violência nas ruas ou a ela sobreviva".
Na noite do dia do impeachment de Dilma Rousseff, 31 de agosto, a fachada da Folha teve que ser protegida pela Polícia Militar para não sofrer um escracho.

No Facebook, internauta celebra cegueira de jovem agredida pela PM

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"Jovem que estava na manifestação perdeu a vista esquerda e foi curada do comunismo, agora só enxerga com a direita! Se foi a PM, agradeço pela conversão e pelo trabalho prestado", postou Tatiana Pignatari, sobre a universitária Deborah Fabri, que foi ferida durante ato contra Temer na Paulista Pode ser chocante, mas o ferimento de uma estudante que chegou a perder a visão de um olho durante protesto contra Michel Temer foi comemorado por alguém.
"Jovem que estava na manifestação perdeu a vista esquerda e foi curada do comunismo, agora só enxerga com a direita! Se foi a PM, agradeço pela conversão e pelo trabalho prestado", publicou Tatiana Pignatari, no Facebook.
A jovem ferida foi Deborah Fabri, aluna da Universidade Federal do ABC e integrante do movimento Levante Popular da Juventude. Ela foi ferida por um estilhaço de bomba no olho, segundo informações do Jornalistas Livres.
"Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo, mas estou bem", informou Deborah pelas redes sociais na manhã desta quinta-feira, um dia após o protesto.

Governo Golpista



 
Hellder Benjamim

 
Dilma, sua postura firme e correta mesmo diante de tanta perseguição e investigações,  dificilmente será copiada. Ficou claro que é honesta e que foi julgada por uma maioria corrupta. Os golpistas sem votos perderam a vergonha e assumiu o governo sem credibilidade popular, pois a maioria tem seus nomes envolvidos em crimes ou delações. O povo ainda cego, não percebe a cobra que rasteja e se aproxima para um único golpe, porem o suficiente p/ atrasar o Brasil em dezenas de anos de eleições diretas. A crise continuará, o governo golpista fará suas alianças com a Mídia, o "rombo" será  muito maior e o povo mais uma vez é quem pagará a conta, Aliás  já está pagando.

O Hall da Infâmia

Lá estarão, desprovidos de dedos, palmas e punhos, com os braços interligados, apodrecendo juntos por toda a eternidade, Cunha, Temer e Renan Calheiros.


Flavio Aguiar Beto Barata
Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!
 
Auriverde pendão da minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança!
Estandarte que a luz do sol encerra,
E as divinas promessas da esperança!




Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteada dos heróis à lança,
Antes de houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha! 
 
Castro Alves, o Navio Negreiro.
 
Em Brasília há um panteão dos heróis nacionais. Lá estão gravados os nomes de Zumbi, Sepé Tiaraju, Tiradentes, Anita Garibaldi, dentre outros. Não duvido de que um dia os nomes de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff lá estarão.
 
Mas seria bom, a partir deste 31 de agosto de 2016, quando se consumou o golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, que se erigisse ao lado um… bem, não um panteão, mas sim um Hall da Infâmia, já que todos e todas que perpetraram este golpe são americanófilos e, portanto, este nome lhes cai melhor.
 
O patrono deste Hall é Joaquim Silvério dos Reis, na boa companhia de Carlos Lacerda, Café Filho, Rainieri Mazzili e Auro de Moura Andrade, além de todos os signatários do Ato Institucional no. 5, Carlos Alberto Brilhante Ustra, só para começar.
 
Bem, vai ser impossível designar aqui todos os candidatos a terem seus nomes e fotos, em posições infames, inscritos neste Hall da Infâmia. Além disto, cuidado! Não basta ter praticado algum ato infame para adentrar este valhacouto ou covil. É necessário haver um devido processo, que prove o requinte da infâmia. A seguir, portanto, tratarei apenas de alguns dos infames declarados, e de alguns outros que são bons candidatos a terem seu nome perpetuado neste Hall.
 
Para começar, descartemos os infames de segunda categoria. Por exemplo: a caterva de promotores menores, policiais federais, juízes e juízas de nenhuma relevância, que ajudam o golpe, com milhares de coxinhas idiotas que foram às ruas achando que estavam lutando para acabar com a corrupção, ou mesmo de má fé, defendendo a volta da ditadura, por exemplo. Estes e estas serviriam no máximo para serem incluídos no tapete de entrada do Hall, pisados e repisados pelos pés dos visitantes que, na entrada, passariam por um portal da lama para carregá-la adentro, enlameando os nomes ali eternizados.
 
Também eliminemos os concorrentes à Comenda Pôncio Pilatos, como os ministros e ministras do Supremo Tribunal Federal que sistematicamente se negaram a se pronunciar - pelo menos até agora - sobre o mérito de um processo injusto, vazio e iníquo, no estilo daquele que condenou Joana d’Arc à fogueira. Seu destino seria terem seus nomes e fotos eternizados em placas de metal que ficariam gravitando em torno do Hall, nele impedidos de entrar, assim como os omissos, no Inferno de Dante, correm sem parar junto à sua porta perseguidos por enxames de vespas, moscas, mosquitos, pernilongos que se saciam na sua carne apodrecente.
 
Não, no Hall da Infâmia entrarão apenas os eleitos, o supra-sumo da malfeitoria. 
 
Para começar, lá estarão, desprovidos de dedos, palmas e punhos, com os braços interligados, apodrecendo juntos por toda a eternidade, Cunha, Temer e Renan Calheiros. No seu centro, com os olhos na nuca, pois só pode ver o passado, estará Meirelles, este exterminador do futuro, da infância e da juventude de nosso país, com seu plano nefasto e nefando de impedir investimentos em educação e saúde, e outras áreas sociais. Logo a seguir virá o chanceler José Shell (antes conhecido como Serra Chevron), com uma peculiaridade: ao invés de mãos terá cascos de cavalo e em lugar dos pés, patas de rinoceronte. Ao abrir a boca, só sairão dela bombas de fragmentação, ferindo seus companheiros de Hall, ungido pela destruição não apenas da política externa independente e altiva de seus antecessores imediatos, mas também da laboriosa tradição construída desde Alexandre de Gusmão e os dois Rio Branco, o Visconde e o Barão.
 
Na ala da idiotice contumaz estará reinando o senador Aécio Neves, por declarar que com o golpe perpetrado a Brasil redescobriu a democracia e recuperou o respeito internacional, quando é exatamente o contrário que se dá. Terá os olhos e os ouvidos permanentemente tapados, pois assim agiu neste e em outros momentos.
 
Já na ala da hipocrisia e mentira se encontrarão os diretores e arautos da mídia conservadora, Estadão, Globo, Veja, Folha de S. Paulo, Zero Hora, Isto É e outros e outras, tendo suas línguas distendidas permanentemente esfregadas  com sabão de sebo cru.
 
Ao lado deles, o juiz Gilmar Mendes terá as pálpebras permanentemente abertas, sem nunca poder fecha-las, condenado, como diz São Tomás de Aquino, a um choro sem lágrimas e a um soluçar silencioso. Ao tentar gritar, nenhum som sairá de sua boca, somente um hálito fétido que empestará a respiração dos demais eleitos do Hall.
 
Haverá muito mais neste Hall da Infâmia. Convido leitoras e leitores a soltar a imaginação.
 
Mas há ainda os candidatos que deverão passar pelo crivo de serem examinados em processo.
 
Por exemplo, cito alguns casos. Primeiro, o juiz Sérgio Moro. Sabe-se que se ele atuasse nos Estados Unidos, país que tanto ama, e fizesse o que vem fazendo, já teria perdido o cargo. É um caso a ser estudado. Trata-se de paranoia ou mistificação? Com a palavra os psicanalistas e juristas do futuro. Idem, o caso da trinca Janaína Paschoal, Reale Júnior e Helio Bicudo. Afinal, a primeira se vendeu por quarenta e cinco mil dinheiros. É muito pouco. E os demais? Ganharam mais, menos, ou apenas cederam perante a vaidade e a glória? O mesmo se pode dizer de agentes de segunda mão, como Cristovam, Marta, Romário, Anastasia… Seriam farsantes apenas? 
 

Outro a ser estudado é o general Etchegoyen. Estará à altura dos seus antepassados conspiradores e golpistas?

Caso sejam reprovados nos devidos exames, ficarão no tapete de entrada, com os ajudantes do golpe, enlameados como os demais.

Sic transit gloria mundi.

Temer é reprovado por 68% dos brasileiros

247 – Mais do que simplesmente considerá-lo ilegítimo para o cargo que agora ocupa, a população brasileira, em sua grande maioria, rejeita a conduta de Michel Temer.
É o que aponta pesquisa Ipsos, divulgada nesta sexta-feira pelo jornal Valor (leia aqui). O levantamento indica que Temer é reprovado por nada menos que 68% dos brasileiros, ficando à frente apenas de Dilma (71% de reprovação) e Eduardo Cunha (77% de reprovação). O ex-presidente Lula aparece após Temer, com 67%
Na sequência, aparecem o senador Aécio Neves (MG), 64% de desaprovação, e, empatados com 59%, o chanceler José Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. 
Isso demonstra que a crise deflagrada pela Operação Lava Jato arruinou toda a elite política no Brasil. Para o cientista político Bernardo Sorj, um dos problemas decorrentes da "dramática" situação atual é o afastamento de quadros com vocação pública. "E o risco maior é o surgimento de demagogos, que se apresentam como apolíticos, de forma autoritária ou salvadores da pátria", diz. "É o pior tipo que tem", conclui.

Wagner: Temer devia ter sido preso por conspiração


Ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner disse que se "a democracia brasileira fosse mais madura", o futuro do agora presidente Michel Temer "podia ser mais sombrio"; em resposta ao discurso do novo presidente de que não é golpista, Wagner afirmou que "ele vai ser chamado a vida inteira de golpista, vai ser chamado de presidente interventor, porque não tem legitimidade"; Jaques Wagner sugeriu ainda que em países com democracia consolidada há mais tempo Temer poderia ser preso por conspiração; "Na verdade, quem devia estar preso era ele, porque conspirou... É porque a gente é generoso demais. O Palácio do Jaburu virou o centro da conspiração"

“Queda de Dilma foi ordenada por Wall Street"




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Em artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel Chossudovsky, da Universidade de Ottawa,  afirma que a queda de Dilma foi ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”; segundo ele, em breve o Brasil de Michel Temer e Henrique Meirelles voltará a conversar com o Fundo Monetário Internacional de pires na mão; ele afirma ainda que o golpe de 2016 contou com farto aparato de propaganda fornecido pelos meios de comunicação brasileiros.
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Ex-presidente enviou uma carta aos governantes de cada um dos países com os quais o Brasil mantém relações com o objetivo de denunciar o golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff e a campanha "para excluir do processo político, por meios arbitrários", o PT e ele próprio do poder; "As forças conservadoras querem obter por meios escusos aquilo que não conseguiram democraticamente: impedir a continuidade e o avanço do projeto de desenvolvimento e inclusão social liderado pelo PT", diz Lula na carta; o texto também foi enviado a ex-governantes com os quais ele dialogou durante seu período na presidência

Maia desafia STF e nomeia aliado de Cunha na EBC

Como presidente da República em exercício, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) demitiu o jornalista Ricardo Melo da presidência da EBC, nomeou para seu lugar Laerte Rimoli, aliado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e extinguiu o conselho curador da empresa; para o senador Lindbergh Farias, Maia agiu como "golpista em exercício"; detalhe: a demissão de Melo havia sido tentada por Temer e foi negada pelo Supremo Tribunal Federal, uma vez que o jornalista tem mandato de quatro anos à frente da EBC; "Vamos ao STF ainda hoje", diz Marco Aurélio Carvalho, advogado de Ricardo Melo; "Essa decisão mostra a forma autoritária como esse governo biônico pretende agir, afrontando inclusive o próprio STF"