9.25.2017

Padilha ao 247: golpistas não tiveram coragem de acabar com Mais Médicos


Por Paulo Moreira Leite e Leonardo Attuch
Em entrevista à TV 247, Alexandre Padilha, ministro de Saúde entre 2011 e 2014, denuncia o desmanche do SUS, explica que a emenda constitucional que limita os gastos públicos já começa a fazer efeitos perversos, como o fechamento das Farmácias Populares e estimula estudos para suprimir a distribuição de gratuito medicamentos, inclusive insulina, fundamental no tratamento de diabetes.
Avaliando a visão do ministro Ricardo Barros, Padilha aponta para um retrocesso de caráter histórico: “em 2018 nós vamos ter trinta anos de criação do SUS. Desde que o SUS foi criado todos os ministros, mesmo do governo Fernando Henrique Cardoso, do governo Sarney, do governo Collor, faziam um discurso de defesa do SUS, de reconhecimento de que é um direito para todos que era preciso perseguir. O único, na história desse país, que não assume que é ministro do SUS, é o ministro do governo Temer”.
Padilha explica essa novidade pela postura privatista do ministro, que chegou ao ponto de planejar retirar o controle dos planos de saúde das mãos do Estado, deixando tudo por conta do consumidor. Ele explica: “padaria que é padaria tem regra. Camelô tem regra. O churrasco grego que a gente come na beira do estádio, tem regra. A Anvisa tem que estar lá”.
Vestindo uma “guayabera”, camisa típica de Cuba, “para homenagear o Mais Médicos”, programa que lançou em 2014, levando 18 000 médicos a 4 000 municípios carentes, Padilha falou na entrevista sobre seu enfrentamento com corporações que fizeram uma campanha aberta – com momentos de grosseria estúpida – contra o projeto.
“O governo golpista prometeu acabar com o Mais Médicos mas não teve coragem. Os prefeitos querem os médicos cubanos”. Ele recorda que enfrentamentos semelhantes ocorreram em outros países que resolveram se afastar de um ideal liberal de medicina – exercida por sistemas privados – para tentar socializar a Medicina, como a Inglaterra, Canadá e mesmo Cuba, 1969, dez anos depois da revolução de Fidel Castro. Conta que nos tempos em que era universitário participou de mobilizações que cobravam um tratamento digno às populações pobres, que tradicionalmente costumam servir de cobaia para o treinamento dos futuros médicos mas não têm direito ao atendimento de qualidade reservado aos clientes endinheirados. “Nosso movimento dizia: ‘chega de aprender com os pobres para depois só tratar dos ricos”.
 Vice-presidente do Partido dos Trabalhadores, Padilha foi responsável pela organização do ato em defesa do presidente Lula em Curitiba, no segundo depoimento a Sérgio Moro, mobilização que reuniu 7000 pessoas na capital paranaense. Ele reconhece as incertezas da situação política, dizendo: “do jeito que está o clima no país, pode não ter eleição. Temos de estar preparados para todos os cenários”.
Padilha está convencido de que Lula é a opção de A a Z do Partido dos Trabalhadores, pela qual a legenda deve combater em todas as instâncias e possibilidades.  Ele recorda que uma punição a Lula, com base num “julgamento político”, irá se tornar uma ameaça ao sem-terra que luta por seus direitos, às mulheres que combatem a desigualdade e assim por diante.
Padilha esteve na Caravana pelo Nordeste e voltou de lá com a certeza de que, aos 71 anos, Lula representa um elemento político novo na cena de país um país de cidadãos desenganados e irritados: “depois de 2013 para cá você tem manifestação contra. Ou contra alguém, ou contra direitos que estão caindo, ou contra a corrupção. O ato na Paraíba (em março, sobre a transposição do Rio São Francisco) e as caravanas foram grandes mobilizações de massa a favor de alguma coisa.”

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