12.08.2017

Aldir Blanc pede prisão de Temer e Aécio na operação “De frente pro crime”

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247 – Depois que a Polícia Federal usurpou um trecho da canção "O bêbado e o equilibrista" para batizar a operação que invadiu a UFMG, o letrista Aldir Blanc e seu parceiro João Bosco divulgaram nota sarcástica, em que pedem que as autoridades agora prendam Michel Temer e Aécio Neves.
Os dois até decidiram emprestar uma canção – chamada "De frente pro crime" – para que a operação seja nomeada.
"Também esperamos que ninguém se suicide ou seja suicidado nessas operações, o que já é marca registrada das forças repressoras que servem aos direitistas do Brasil", diz a dupla.
Leia a nota de ontem de João Bosco e confira, abaixo, o texto dele e de Aldir Blanc:
"Depois da operação "Esperança Equilibrista", João Bosco e eu esperamos que a Polícia Federal prenda também Temereca, Mineirinho Trilhão157, que foi ajudado pela Dra. Carmen Lúcia, e o resto, aquela escória do Quadrilhão que impera, impune, no Plabaixo.
A nova Operação se chamaria "De frente pros crimes" dos que sempre ficam impunes, com ajudinhas de Gilmares, Moros, PFs, etc.
Também esperamos que ninguém se suicide ou seja suicidado nessas operações, o que já é marca registrada das forças repressoras que servem aos direitistas do Brasil.
Ass. João Bosco/ Aldir Blanc"

Desembargadora critica abusos do Judiciário e pede autocrítica



247 - A desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) e professora de Direito Processual Penal da Unirio, Simone Schreiber, elaborou um texto essencial, que circula nas redes sociais, em que ela classifica a condução coercitiva como "um ato violentíssimo e ilegal", que "só tem razão de ser por sua dimensão de espetáculo".
Para ela, levar uma pessoa forçadamente a depor, mesmo que não seja ré ou mesmo investigada, como tem ocorrido em diversas operações da Polícia Federal, como as recentes deflagradas nas Universidades Federais de Minas Gerais e de Santa Catarina, é um "espetáculo de humilhação da pessoa investigada. Não serve para rigorosamente mais nada, só para a polícia federal fazer sua propaganda institucional, mostrando sua 'eficiência no combate ao crime'".
Simone foi um dos integrantes do tribunal que deu voto favorável à liberdade do almirante Ohton Pinheiro, junto com o relator do caso, desembargador federal Ivan Athié. Ela destaca ainda que "nem o suicídio do Reitor Cancellier serviu para fazermos uma autocrítica". "Está mais do que na hora de refletirmos sobre nossos atos, sobre o papel que a Justiça Federal tem desempenhado nessa crise institucional e para onde estamos indo", conclui.
Leia a íntegra:
Por Simone Schreiber - Desembargadora Federal, TRF2 e professora de Direito Processual Penal da Unirio
A condução coercitiva é uma violência que não pode ser corrigida por habeas corpus, dada sua instantaneidade. A pessoa é conduzida pela polícia para prestar depoimento. Encerrado o propósito da diligência policial, é liberada. Contudo, é um ato violentíssimo e ilegal. Ilegal, pois a pessoa investigada não está obrigada a prestar depoimento, pode simplesmente invocar seu direito de não responder perguntas. E é evidente que se ainda não sabe nada sobre a investigação, e ainda não conseguiu conversar com um advogado sobre o tema, não deve responder a nenhuma pergunta. Então a condução coercitiva só tem razão de ser por sua dimensão de espetáculo. Espetáculo de humilhação da pessoa investigada. Não serve para rigorosamente mais nada, só para a polícia federal fazer sua propaganda institucional, mostrando sua "eficiência no combate ao crime".
Para mim está evidente que essa pretensa "democratização do direito penal, para pegar o andar de cima" sustentada com entusiasmo dentre outros pelo professor Luis Roberto Barroso só se presta à consolidação de uma jurisprudência de flexibilização de direitos fundamentais. Ao invés de avançarmos reforçando os direitos das pessoas "do andar de baixo" (para usar a expressão do Barroso), por exemplo, implementando as audiências de custódia, adotando a prisão preventiva em situações excepcionalíssimas, tornando efetivas as medidas cautelares alternativas, ampliando a atuação das defensorias públicas, etc, estamos adotando um caminho inverso, de desprezo, desamor pelos direitos fundamentais.
Cada um de nós deve refletir sobre que modelo de processo penal deseja em um Estado Democrático, ao invés de se impressionar com o "escândalo da vez". Há irregularidades nos contratos firmados por determinada Universidade Pública? Investiga-se sem fazer disso um espetáculo! Caso os fatos sejam confirmados após o processo, após produzidas as provas em contraditório judicial e exercida a ampla defesa, as penas previstas em lei são aplicadas. É assim que a justiça funciona ou deveria funcionar. E nós juízes deveríamos ser os primeiros a zelar pelo devido processo legal.
É extremamente grave o que está acontecendo, não sei bem como chegamos até aqui, mas é preciso que os juízes façam essa reflexão. O mais impressionante é que pessoas que se tornaram juízes já sob a égide da Constituição de 1988 não aplicam normas de garantia previstas no Código de Processo Penal da ditadura Vargas!
Nem o suicídio do Reitor Cancellier serviu para fazermos uma autocrítica! Está mais do que na hora de refletirmos sobre nossos atos, sobre o papel que a Justiça Federal tem desempenhado nessa crise institucional e para onde estamos indo!

Relaxando de verdade

Deixe a insegurança de estar sendo improdutivo
de lado e aproveite os momentos livres

Relaxar ; ouvir música ; geração Y ; curtir a vida ;  (Foto: Shutterstock)
Chegar em casa, deitar no sofá e ler um livro é a meta de muitas pessoas. Porém, a maioria não consegue deixar para trás inúmeras tarefas domésticas. Arrumar o quarto, a cozinha, o guarda-roupa e tudo mais que estiver desorganizado vira uma meta e caso isso não seja feito a única coisa que irá pensar é: como eu sou improdutivo.
Mas relaxar nem sempre é um significado de improdutividade. Especialistas dizem que parar um pouco pode nos ajudar ficar mais felizes e saudáveis, evitando doenças cardíacas e obesidade, atuar como um amortecedor contra depressão e até aumentar a imunidade. Além disso, quando você está calmo, executa tarefas uma forma mais inteligente eficiente, deixando mais tempo disponível para relaxar.
Caso você seja uma dessas pessoas que não consegue deixar os afazeres para depois, confira as dicas do Health.com e aprenda a relaxar: 
Primeiro, relaxe seu corpo
É difícil entrar em um estado zen se você for uma grande bola de tarefas. "Quando você vive uma vida cheia de demandas, seu corpo lança regularmente adrenalina e cortisol, aumentando o gasto de energia que pode resultar em tensão muscular", diz o Dr. Gregory Fricchione, diretor do Instituto Benson-Henry para Medicina do Corpo e Mente do Hospital de Massachusetts.
Experimente o relaxamento muscular progressivo: tencione seus dedos dos pés por cinco segundos, relaxe por 30 e repita esse exercício por todos os grupos musculares até o pescoço e a cabeça.
Desconecte-se durante a viagem
Durante a ida ao trabalho ou a volta dele, deixe o e-mail ou qualquer atividade que te deixe ainda mais estressado de lado e experimente um aplicativo de meditação como Insight Timer, Calm, ou Stop, Breathe & Think (todos gratuitos no iTunes e no Google Play). "Ligue para um amigo, ouça música - qualquer atividade que o separe da sua rotina normal de pensamento deve ajudar", diz Morgenstern.
Feche as redes sociais
Quanto mais as pessoas verificam o e-mail e as redes sociais, maior é o nível de estresse, revela o relatório de estresse na América em 2017 da Associação Americana de Psicologia. Os resultados do Pew Research Center (PwC) apresentam outro efeito negativo do Facebook: as mulheres são mais vulneráveis ao estresse das mídias sociais por estarem cientes de coisas ruins que estão acontecendo com amigos.
Dome os seus instintos
O desejo de arrumar constantemente a casa pode ser uma resposta ao caos ao seu redor. "Quando você está preso no trabalho e cheio de coisas para fazer em casa, ter as coisas em ordem pode aparentemente restaurar o equilíbrio”, diz Brigid Schulte, diretor do Better Life Lab no Washington, DC, think tank New America e autor de Overwhelmed. Portanto, uma maneira de domar o sentimento de que sua vida está fora do controle é organizar suas tarefas em apenas um lugar, seja em um calendário, bloco de notas ou e-mail. "Encontre um sistema único e confiável, e acabe com a preocupação", diz Morgenstern.
Pergunte a si mesmo
“Quando alguém assume que se não fizer suas tarefas, seu mundo cairá, é porque algo precisa ser questionado”, diz o especialista em atenção plena Ellen Langer, professora de psicologia da Universidade de Harvard. Encontre a razão em você mesmo: o que acontecerá se você não jogar alguns itens do seu armário hoje? Daqui a cinco anos, você ficará mais feliz por ter organizado o guarda-roupa ou por ter tomado café com um amigo?
Faça uma lista de alegria
Mesmo quando o tempo livre aparece, você não tem ideia do que fazer com ele. Pense sobre o que é bom para você e faça uma lista com todas essas coisas. "Muitas vezes ficamos presos durante o tempo de lazer porque tentamos escolher exatamente o que é perfeito para fazer, então se uma coisa na sua lista não atrair, escolha outra coisa!", diz Schulte.
Faça uma meditação ambulante
Não é do tipo de sentar e meditar? Então, aqui está um exercício de Morgenstern que irá te ajudar a aproveitar o momento e sair do normal: ao passear, envolva seus sentidos.  Observe o que você vê (edifícios com formas interessantes), o que você ouve (o sussurro das folhas) e o que você sente (a brisa no seu rosto). Segundo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, o efeito é melhor ainda se você estiver na natureza, pois é provável que diminua ainda mais os ruídos externos. 
Seja criativo
Isso pode te ajudar a imergir naquilo que você está fazendo e se afastar do que está em segundo plano. Experimente fazer tricô ou pintar um daqueles livros de colorir para adultos, e resista ao impulso de assistir novamente aquela sua séria favorita ao mesmo tempo.
Imagine e divague
Costumamos ficar presos em nossas rotinas e deixamos de lado descobertas cativantes. "Explorar é o oposto de fazer listas de tarefas, onde você sabe exatamente para onde as coisas estão indo", diz Hall. Pegue um novo caminho ou visite uma nova cidade e explore novas coisas.
Não desista de você
Comprometa-se a uma atividade regular e que seja agradável com alguém que faça você ir até o fim. “É mais provável que você siga o compromisso se tiver alguém que faça companhia”, observa Schulte, “Isso não deixará você relaxar”.
Não faça essas coisas
Se você não gosta dessas coisas, fique tranquilo, você não está sozinho:
1. Jardinagem: ervas daninhas! Insetos! Calor! Ugh!
2. Café da manhã na cama: não é tão legal quando temos que nos preocupar em não derrubar o alimento em todo o edredom.
3. Massagens: amassar músculos tensos? Agradável para alguns, doloroso para outros.
4. Compras: Agradável apenas até chegar aos vestiários iluminados.
5. Lendo o jornal na manhã de domingo: Obrigado, política, pelo aumento da pressão sanguínea.


Esse é o tipo de exercício que você precisa fazer para viver mais

Lula: todos os delatores estão fumando charuto e rindo da nossa cara



247 - No último dia de sua caravana pelo estado do Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desferiu duras críticas contra o juiz federal Sérgio Moro. Em discurso na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no campus de Nova Iguaçu, Lula disse que Moro "tem que saber se alguém brigou no País contra a corrupção foi o PT". 
Lula também os benefícios concedidos a delatores da Lava Jato. "Todos que prestaram delação estão fumando charuto e rindo da nossa cara, quem está fodido é o trabalhador", disse o ex-presidente. "Constroem a sociedade entorpecida, anestesiada, e colocam a culpa de toda a desgraça em alguém. Estão jogando a culpa da miséria do País na Previdência Social", disse Lula. Ele afirmou também que o presidente Michel Temer "não é um presidente, é um instrumento do poder financeiro brasileiro".
"Moro viu que o apartamento não era meu, que não teve dinheiro da Petrobrás, mas mesmo assim me condenou. Até testemunha de acusação, o Leo Pinheiro da OAS, o máximo que ele falou era que o Lula sabia, mas na audiência anterior falou que não sabia", disse. "Desafio alguém a dizer que pedi ou alguém me deu R$ 5. Eu vim de baixo, sei o que é ser pobre", afirmou.
O ex-presidente, que lidera todas as pesquisas de intenções de voto e pode vencer as eleições até mesmo no primeiro turno, criticou também a entrega do pré-sal brasileiro pelo governo de Michel Temer. "Nós estamos vendendo óleo cru e comprando gasolina refinada dos EUA, é o complexo de vira-lata. Ou assumimos o Brasil ou vamos voltar a ser colônia", declarou. "Aqui sempre prevaleceu o complexo de vira-lata. O Brasil passou a ser colonizado pelo complexo de vira-lata, tudo que é de fora é melhor do que o da gente", completou.

Juca Kfouri e Nelson Rodrigues



Ontem, vi na televisão uma entrevista de Juca Kfouri a Manuel da Costa Pinto. O colunista esportivo falava do seu livro “Confesso que perdi”, um título que em si já é um achado, pela mistura de Pablo Neruda, do livro Confesso que Vivi, e Darcy Ribeiro, que declarou certa vez: “eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.
Juca Kfouri, numa entrevista, é imperdível. Ele chega a ser melhor que na escrita. Inteligente, com uma atenção viva que capta o sentido das palavras no ato como se fosse um violeiro repentista. Em mais de uma ocasião ele se mostra culto, maduro de experiência feito, digno, como tem sido em seu trabalho jornalístico. Muito bem. Isso posto, vamos a um dos seus erros de julgamento na entrevista.
Lá pras tantas, ele fala ao entrevistador que Nelson Rodrigues foi um ótimo cronista em seu tempo. Lamento não ter o vídeo aqui, porque cito de memória as palavras de Juca Kfouri, mas este foi o sentido da sua fala:
“Nelson Rodrigues foi um bom cronista? Vírgula. Duvido que ele teria espaço no jornal hoje. As suas crônicas teriam lugar no caderno de cultura, mas no de esportes, não. Hoje não cabe mais aquilo de ‘o tape é burro’. O que é bem diferente de João Saldanha – ele escreve para hoje. Saldanha teria lugar de destaque no caderno de esportes agora”.
Primeiro, destaco que se deve fazer uma distinção entre comentarista esportivo e cronista esportivo. Do primeiro se exige o conhecimento do esporte e o talento de falar para o grande público. Do segundo se exige primeiro o saber escrever e depois a informação esportiva. Essa divisão, bem sei, põe limites no que a prática humana confunde e supera. Mas se fôssemos separar a fórceps, diríamos que João Saldanha era o primeiro sem segundo comentarista esportivo. E Nelson Rodrigues, o primeiro no mundo da crônica esportiva. A esse elogio, talvez Nelson Rodrigues até replicasse: “Olhe esse primeiro aí. Está me chamando de Nelson, o Neandertal”,
Em segundo lugar, não é justo comparar, ou mesmo opor os personagens mais que pessoas, João Saldanha a Nelson Rodrigues. Opor e comparar fora da política, esclareço, porque João Saldanha era comunista e Nelson Rodrigues um jornalista de direita. João, o João sem medo, foi um homem que entendia muito de futebol e escrevia como uma extensão da sua vida nos campos e no microfone do rádio. Já o trágico Nelson Rodrigues era um escritor, um escritor de gênio apaixonado por futebol. Nele falava mais alto o indivíduo de alta voltagem de espírito e de observações impagáveis.
Entre João Saldanha e Nelson Rodrigues devemos ficar com os dois. Em diferentes exigências da alma, eu acrescentaria. De João Saldanha lembraremos o comentarista aberto, corajoso, sincero, que corrigia no ato o locutor esportivo que gritava diante de um escanteio: “Quase, quase era gol, hem, João Saldanha?”. E ele, no ato: “Não, daquela posição a geometria condena”. Ou na sua crônica histórica sobre Garrincha no México:
“Estava muito difícil fazer gol. Poucas vezes vi um jogo disputado com tanta seriedade e respeito mútuos. Mas houve um espetáculo à parte. Mané Garrincha foi o comandante. Dirigiu os cem mil espectadores. Fazendo reagirem à medida de suas jogadas. Foi ali, naquele dia, que surgiu a gíria do ‘Olé’, tão comumente utilizada posteriormente em nossos campos. Não porque o Botafogo tivesse dado ‘Olé’ no River. Não. Foi um ‘Olé’ pessoal. De Garrincha em Vairo. 
Nunca assisti a coisa igual. Só a torcida mexicana com seu traquejo de touradas poderia, de forma tão sincronizada e perfeita, dar um ‘Olé’ daquele tamanho. Toda vez que Mané parava na frente de Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio. Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: ‘Ôôôôô’! O som do ‘olé’ mexicano é diferente do nosso. O deles é o típico das touradas. Começa com um ô prolongado, em tom bem grave, parecendo um vento forte, em crescendo, e termina com a sílaba ‘lé’ dita de forma rápida. Aqui é ao contrário: acentua-se mais o final ‘lé’: ‘Olééé!’ – sem separar, com nitidez, as sílabas em tom aberto.
Verdadeira festa. Num dos momentos em que Vairo estava parado em frente a Garrincha, um dos clarins dos ‘mariaches’ atacou aquele trecho da Carmem que é tocado na abertura das touradas. Quase veio abaixo o Estádio Universitário”.
E Nelson Rodrigues sobre o mesmo Garrincha, num de seus perfis imortais:
“Nos acrobatas chineses o que existe é o esforço, é a técnica, é o virtuosismo, ao passo que Garrincha é puro instinto. Possui uma riqueza instintiva que lhe dá absoluto destaque sobre os demais. Até Deus, lá do alto, há de admirar-se e há de concluir: – ‘Esse Garrincha é o maior!’. O ‘seu’ Mané não trata a bola a pontapés como fazem os outros. Não. Ele cultiva a bola, como se fosse uma orquídea rara”.
Cultivar a bola como uma orquídea rara – isso já deixou de ser futebol e penetrou na delicadeza da arte, no mesmo passo em que vemos a fina e macia pétala que se toca com a percepção da vida fugaz. Mas é uma bola. É uma crônica.
Nelson Rodrigues arrancava uma graça e humor em frases que guardavam sempre os mesmos recursos, imagens, mas que ainda assim surpreendiam. Ele na crônica escrevia à semelhança de Garrincha, que driblava para um só lado, e todos sabiam qual, mas ainda assim eram surpreendidos. Nelson usava sempre o exagero, as expressões mais despudoradas, melodramáticas, truques de circo na hipérbole, com o maior despudor e cinismo, mas ainda assim o leitor era driblado, assim como os marcadores de Garrincha. Que encanto! Com a diferença que a gente era driblado, mas não se frustrava, porque enchia o peito de felicidade.
Por que não republicam Nelson Rodrigues todas as semanas? No paraíso dos jornais, se houver, teriam lugar João Saldanha e Nelson Rodrigues na sua página de esportes. Lado a lado, mais as falas de Juca Kfouri.

Petroleiros acusam Moro de destruir empregos e a Petrobras


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No dia em que o juiz Sergio Moro foi recebido por Pedro Parente, que conduz a venda sem transparência de diversos ativos da Petrobras, os petroleiros divulgaram dados que apontam impactos negativos da Lava Jato para a companhia; entre 2014 e 2016, a Petrobras perdeu R$ 96 bilhões de seu valor de mercado, deixou de investir R$ 49 bilhões e registrou perdas de outros R$ 112,4 bilhões com a desvalorização de seus ativos; além disso, o estrago na Petrobras provocou a perda de dois milhões de empregos na cadeia produtiva do petróleo; na frente do prédio da Petrobras no Rio, membros do Levante Popular da Juventude fazem um escracho ao juiz federal; 


Shell faz chantagem no Senado para aprovar Refis das petroleiras


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247 - O advogado Samuel Gomes, assessor do senador Roberto Requião (PMDB-PR) na Liderança da Oposição no Senado, denuncia em artigo a pressão da petroleira anglo-holandesa Shell para a aprovação pelo Senado da Medida Provisória 795, já aprovada pela Câmara, que concede benefícios fiscais de R$ 1 trilhão às empresas estrangeiras na exploração do pré-sal brasileiro. 

"Se a MP do Mi-Shell não for aprovada pelo Senado, elas não assinarão os contratos que ganharam no leilão do pré-sal do dia 27 de novembro. São elas a angloamericana Shell, a francesa Total, a inglesa BP e a norueguesa Statoil", diz Gomes em artigo nesta sexta-feira, 8. 
"Para um governo desesperado em fazer caixa para salvar a própria pele mostrando que apesar da desgraça que se abate sobre a nossa economia e o nosso povo as contas do governo vão muito bem, obrigado, essa é uma pressão mortífera. O pseudo-governo Temer não gosta de desagradar aos seus senhores. As empresas estrangeiras e os seus governos neo-coloniais pressionam o governico Temer, que comprou a Câmara e quer fazer o mesmo com o Senado. A minha aposta, porém, é a de que, se o Brasil se levantar, o Senado rejeita a MP do Mi-Shell. O placar está apertado. A nossa esperança equilibrista está de volta", afirma. 
Leia o artigo na íntegra: 
O Refis das petroleiras
Por Samuel Gomes
O Brasil inteiro já sabe que a MP 795, a MP do Mi-Shell, gera perdas de arrecadação para o erário da ordem R$ 1 trilhão até 2040, destrói a nossa indústria naval, debilita de morte a indústria de bens e equipamentos, retira dinheiro da Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência Social) e destrói um milhão de empregos de brasileiros em favor da criação de empregos nos países centrais do capitalismo, permitindo que eles enfrentem suas crises aprofundando a nossa. Tudo isso para atender aos interesses e exigências das petroleiras internacionais, aquelas poderosas empresas que promovem guerras de rapina e destroem países mundo afora para roubar o seu petróleo. Se houvesse corrupção no Brasil e se este não fosse um governo sério e responsável, não seria uma temeridade (opa!) supor que o crimede lesa pátria foi imposto ao país à custa de dutos de dinheiro das mãos dos beneficiários para as mãos sujas de abjetos governantes e desprezíveis parlamentares entreguistas.
Mesmo sabendo de tudo isso, no dia 6 de dezembro de 2017 a Câmara Federal aprovou a MP 795, a MP do Mi-Shell. No dia da vergonha e da humilhação da nacional, 208 deputados entreguistas e traidores derrotaram 194 deputados que votaram contra com a bandeira nacional à frente dos olhos. Os 208 joaquim silvérios dos reis tinham as bandeiras dos Estados Unidos e da Inglaterra tremulando diante dos seus olhos de peixe morto.
Agora é a vez do Senado Federal votar a medida. Agora é a hora e a vez do Senado Federal, supostamente a Câmara Alta, a Casa da Federação, a casa da sabedoria, da reflexão e da prudência. Eis que senão quando, no dia de hoje, às vésperas da votação da MP do Mi-Shell pelo Senado, vem a público um estudo da Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal (Unafisco) mostrando que, além da doação de R$ 1 trilhão em renúncia fiscal em favor das empresas petrolíferas internacionais, a maldita lei do Mi-Shell Temer promoverá o perdão de R$ 54 bilhões de impostos que a Receita Federal está cobrando das multinacionais do petróleo por remessa ilegal de "lucros" ao exterior. Remessa ilegal de lucros é o nome técnico para o velho golpe que as multinacionais aplicam nos países onde se instalam de superfaturar compras nos seus países para mandar dinheiro para lá ao invés de investir aqui. Esse é um assunto sério e perigoso. Não esqueçamos que o presidente João Goulart foi apeado do poder em 1964 também por haver liderado, com a bancada de esquerda e nacionalista, a aprovação da Lei da Remessa de Lucros, que havia sido enviada ao Congresso ainda no governo Vargas (Lei 4.131/1962).
Pois bem. Se o Senado já tinha um trilhão de razões para mandar para o lixo, que ao lixo pertence, a MP do Mi-Shell, agora tem um argumento adicional, o argumento da vergonha na cara. Não é possível que a Receita Federal cobre impostos dos brasileiros e não apenas seja impedida de cobrar impostos da ordem de 1 trilhão de empresas que vem aqui explorar o nosso petróleo como também tenha que perdoar 54 bilhões de impostos que elas sonegaram criminosamente aos cofres públicos mediante contratos- fantasma para remessa ilegal de "lucros".
Os deputados que votaram a favor da MP do Mi-Shell e que agora dizem que não sabiam do perdão de R$ 54 bilhões de impostos devidos por remessas ilegais de lucro ao exterior pelas multinacionais do petróleo vão fazer hara kiri coletivo na Praça dos Três Poderes? E os senadores querem saber já ou preferem "arrependimento" posterior? Faça chegar essa pergunta e sua indignação a cada senador, a cada senadora. Pergunte se o Senado vai botar a sua digital no criminoso Refis das petroleiras internacionais: 1 trilhão de renúncia fiscal e 54 bilhões de perdão por impostos sonegados. Vamos ver se o Senado Federal se comportará como a Casa da Federação ou uma casa da luz vermelha.
A pressão sobre o Senado é gigante. A imprensa noticia hoje, 8 de dezembro de 2017, que as empresas estão ameaçando o governo: se a MP do Mi-Shell não for aprovada pelo Senado, elas não assinarão os contratos que ganharam no leilão do pré-sal do dia 27 de novembro. São elas a angloamericana Shell, a francesa Total, a inglesa BP e a norueguesa Statoil. Para um governo desesperado em fazer caixa para salvar a própria pele mostrando que apesar da desgraça que se abate sobre a nossa economia e o nosso povo as contas do governo vão muito bem, obrigado, essa é uma pressão mortífera. O pseudo-governo Temer não gosta de desagradar aos seus senhores. As empresas estrangeiras e os seus governos neo-coloniais pressionam o governico Temer, que comprou a Câmara e quer fazer o mesmo com o Senado. A minha aposta, porém, é a de que, se o Brasil se levantar, o Senado rejeita a MP do Mi-Shell. O placar está apertado. A nossa esperança equilibrista está de volta. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. A votação será na terça-feira, dia 12. A hora é agora. Pressão total! De pé, Brasil! Não à MP do Mi-Shell!
Samuel Gomes
Advogado em Brasília
Assessor do Senador Requião na Liderança da Oposição no Senado

Lula dá nova “sarrada” e garante lutar contra desmonte de Temer

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Rio 247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita nesta sexta-feira, 8, o campus de Nova Iguaçu da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Lula voltou a denunciar o desmonte da educação pública promovido pelo governo de Michel Temer e posou com estudantes fazendo novamente o gesto conhecido como "sarrada no ar", que viralizou nas redes sociais na caravana pelo Nordeste.
Em discurso para estudantes e professores, Lula defendeu a importância das universidades brasileiras. "Ainda hoje temos proporcionalmente menos jovens na universidade do que o Chile. Isso demonstra o descaso que a elite brasileira sempre teve com seu povo", criticou. 
Segundo Lula, o que está acontecendo com o Brasil é como se fosse uma cirurgia. "Você está anestesiado e não sente nada na hora, só vai sentir depois. Eles conseguiram acabar como todas as conquistas dos trabalhadores desde 1943", afirmou. 
"Para poder fazer a cirurgia e aplicar a anestesia, eles inventaram uma doença. Foi a mesma que inventaram contra Getúlio, Juscelino, Jango. E só sete anos depois que eu saí do governo, porque antes não tinham coragem. Todo mundo queria ser meu amigo", acrescentou. 

Acompanhe o discurso de Lula na UFRRJ:

Mais cedo, em entrevista à Rádio Tupi, Lula disse que nenhum presidente eleito teria "coragem" de executar a agenda pautada pelo governo Temer. "Nenhum presidente da República que fosse eleito teria a desfaçatez de fazer o que o Temer está fazendo. Eles queriam que a Dilma fizesse e ela se recusou. Por isso tiraram ela", avaliou.
Lula citou a reforma trabalhista como exemplo e criticou a medida que permite o trabalho intermitente. "O que fizeram com a reforma foi um crime. Criaram um tal de trabalho intermitente em que o trabalhador nunca vai saber quanto vai ganhar no fim do mês. Rasgaram tudo que foi feito em 1943", analisou. Para o ex-presidente, trabalhadores não sentirão os efeitos da reforma "nem hoje, nem amanhã", mas "ao longo do tempo".
Sobre a Previdência, Lula criticou o modelo proposto pelo atual governo, que em breve deve ser analisado pelo Congresso. "Você não pode jogar a culpa da crise econômica no aposentado. A previdência foi superavitária de 2004 a 2014 porque geramos emprego, aumentamos o mínimo, formalizamos as domésticas. Tem que gerar empregos pra gerar contribuição", ressaltou.
Lula pelo Rio de Janeiro
O ex-presidente encerra nesta sexta-feira a caravana Lula pelo Rio de Janeiro, com um ato na UERJ, às 19h. Durante a viagem, Lula defendeu ajuda federal ao Rio para recuperação da situação financeira do estado. Sobre a segurança pública, o ex-presidente ressaltou que o meio mais efetivo de se combater o aumento da criminalidade é promovendo a geração de empregos.

Moro diz que não debate com pessoas condenadas por ele, como Lula



247 - O juiz federal Sérgio Moro disse que não iria comentar as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que disse que a atuação da Justiça só tem servido para desmoralizar o Rio de Janeiro e a Petrobras – porque "não debate publicamente com pessoas condenadas por crime". 
Lula foi condenado(sem provas) a uma pena de 9,6 anos, em primeira instância no processo do chamado triplex do Guarujá, no âmbito da Lava Jato, pelo próprio Moro.
Moro, que nesta sexta-feira (8) participou de um evento na sede da Petrobras, também criticou o foro privilegiado e condenou o que chamou de "desvio de poder" quanto ao fato das Assembleias Legislativas estaduais evitarem a prisão de parlamentares.
"O foro privilegiado fere o princípio da igualdade. Todas as pessoas têm que ser tratadas de maneira igual perante a lei. O princípio da igualdade está na base da nossa democracia. Por outro lado, na prática, os tribunais superiores estão assoberbados de processos, estão sobrecarregados de recursos", disse.
"Houve aquela discussão se está sujeita ou não uma prisão de um parlamentar a uma casa legislativa, não vou entrar no mérito da controvérsia. Mas, ainda que se for reconhecer alguma espécie de proteção, ela deve ser utilizada para proteger o parlamentar quanto a eventual perseguição política por conta da sua opinião pública e não para protegê-lo de investigações ou perseguições por corrupção", completou em seguida.
Nota: Se todos são iguais perante a Lei, porque este juiz não permite averiguação da fabricação de provas contra o presidente Lula, denunciada pelo funcionário da Odebrechet,  sr. Tacla Duran.
 

Prevenindo o infarto

Programa desenvolvido por uma importante instituição de cardiologia reúne cuidados primordiais para dar vida longa ao músculo cardíaco.


Era um desses encontros pra entrar para a história: depois de horas de reunião, um grupo de renomados cardiologistas americanos chegava, enfim, à lista dos dez fatores que mais influenciavam a saúde cardiovascular. Desses, três são elementos imutáveis, ou seja, não há hábito ou remédio capaz de anular seus efeitos – falamos da idade, do sexo e da carga genética.

Os outros sete (e aí vem a boa notícia!) são passíveis de mudança. Isso significa que, ao atuar sobre eles, podemos minimizar nossa exposição a infartos e AVCs, dupla de males que são a principal causa de morte no Brasil. Entram nesse rol a alimentação, o grau de atividade física, o peso, a medida da pressão, o colesterol…
Surgia, assim, o Life’s Simple 7, conjunto de metas e medidas para prevenir sustos ao peito da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês). A iniciativa é encarada com tanta seriedade nos Estados Unidos que virou uma das principais estratégias para atingir o objetivo da entidade: reduzir em 20% o número de eventos cardiovasculares até 2020. “A ideia é focar nas mudanças no estilo de vida e trazer benefícios de longo prazo à população”, defende a nutricionista Rachel Johnson, consultora da AHA.
Após quatro anos da implementação do Life’s Simple 7, os cientistas (e a própria sociedade) começam a colher seus frutos. Uma revisão de estudos da Universidade Johns Hopkins constatou uma queda significativa nos índices de ataques cardíacos e derrames entre pessoas que adotaram as premissas do programa.
Outra investigação, assinada pela Universidade de Minnesota e baseada em dados de 13 mil pessoas ao longo de três décadas, registrou uma menor probabilidade de desenvolver insuficiência cardíaca entre os sujeitos que seguiam as recomendações depois reunidas pela AHA. “Isso só reforça a importância de adotar hábitos saudáveis mais cedo a fim de prevenir o problema”, diz o epidemiologista Aaron Folsom. Chegou a hora de os brasileiros conhecerem e botarem em prática os mandamentos em prol do coração.
Controlarás a pressão
“A hipertensão é a doença crônica que mais mata no globo”, sentencia o cardiologista Luiz Bortolotto, do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo. A pressão alta causa um aperto nos vasos, o que exige esforço extra do músculo cardíaco para bombear o sangue. Se a situação persiste por anos a fio, ela cobra seu preço na forma de infarto, derrame, falência renal… Não à toa, conservar as medidas de pressão dentro dos parâmetros é um dos pilares do Life’s Simple 7.
Nesse sentido, o Instituto Nacional do Coração, dos Pulmões e do Sangue dos Estados Unidos testou até que ponto os valores deveriam baixar em 9 mil hipertensos. Metade tinha que reduzi-los para 13 por 9 – valor aceitável atualmente – enquanto a outra parcela passou por um tratamento agressivo a fim de derrubar a medição para 12 por 8. O estudo precisou ser interrompido no meio porque o grupo da terapia intensiva teve o risco de um ataque cardíaco ou um AVC subtraído em um terço – o mesmo efeito não foi visto nos outros voluntários. “Em pacientes mais velhos com problemas associados, limites mais rígidos de pressão também trazem benefício”, diz Bortolotto.
Metas
Valor ótimo: Menor que 12 por 8
Valor normal: Menor que 13 por 8,5
Hipertensão estágio 1 14 a 15,9 por 9 a 9,9
Hipertensão estágio 2 16 a 17,9 por 10 a 10,9
Hipertensão grave maior que 18 por 11
O que fazer?
Ingerir menos sal e perder alguns quilos ajudam a domar a pressão. Se essas atitudes iniciais não forem suficientes, remédios são convocados.
Baixarás o colesterol
O colesterol que trafega pelo corpo é essencial para a membrana das células, a produção de vitamina D, a fabricação dos hormônios sexuais e uma série de outros processos cruciais ao organismo. O chato é quando ele se encontra em excesso. “Daí, pode se depositar nas artérias e dar início à formação de placas”, conta o médico André Faludi, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Se entupir, já viu… A tendência de endurecer as metas de colesterol chegou com tudo por aqui: um dos tópicos mais debatidos nos congressos da área é justamente até que ponto o LDL, o colesterol ruim, deve baixar. A orientação hoje é mantê-lo abaixo dos 100 mg/dl de sangue, ou 70 mg/dl para sujeitos com alto risco cardiovascular.
Porém, muitos especialistas já defendem que as próximas diretrizes sugiram níveis abaixo de 50 mg/dl para todo mundo! Isso se tornou possível com a chegada de novos medicamentos para os casos difíceis de tratar. “De acordo com evidências recentes, quanto mais baixo estiver o LDL, menor o índice de eventos cardiovasculares”, conta o cardiologista Marcio Miname, da Unidade Clínica de Lípides do InCor.
Metas – colesterol LDL (em mg/DL)
Ótimo: menor que 100 (70 para os de alto risco)
Desejável entre 100 e 129
Limítrofe entre 130 e 159
Alto entre 160 e 189
Muito alto maior ou igual a 190
Metas – Colesterol total (em mg/DL)
Desejável menor que 200
Limítrofe entre 200 e 239
Alto maior ou igual a 240
O que fazer?
Manter uma dieta balanceada e praticar exercícios regularmente são pré-requisitos para controlar o colesterol total e suas frações. Se muitos familiares possuem níveis altos, vale verificar se não há um fundo genético. As estatinas são a principal classe de fármacos para baixar o LDL.
Colesterol do prato não para nos vasos?
A história é recente e ainda gera confusão. Mas, pelo que a ciência sabe até o momento, os teores de colesterol da comida não se convertem necessariamente em colesterol na corrente sanguínea. A quantidade de LDL circulando é determinada, em sua maioria, pela fabricação da molécula no próprio fígado. Quem incentiva o órgão a liberar a substância em demasia seria a gordura saturada, presente na coxa de frango com pele, no queijo amarelo, no bacon, na manteiga e na costela suína. A recomendação é não ultrapassar 20 gramas desse tipo por dia.
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Domarás o diabetes
Uma edição do periódico científico The Lancet trouxe um enorme retrato do diabetes já realizado. Com a colaboração de pesquisadores de todo o mundo, a publicação analisou as informações de saúde de 4 milhões de pessoas de 146 países diferentes. Os resultados mostram que o número de adultos diabéticos pulou de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014. “O envelhecimento, a obesidade e o sedentarismo contribuem para esse agravamento”, afirma o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, da Sociedade Brasileira de Diabetes. Ter açúcar demais nos vasos promove um pacote de maldades ao coração. Primeiro, o sangue fica viscoso e transita com lentidão, o que facilita o surgimento de coágulos. Em segundo lugar, a insulina, responsável por colocar a glicose para dentro das células, também tem a função de relaxar as artérias. Como o hormônio não trabalha direito, a pressão tende a subir. Por fim, muitos diabéticos enfrentam dilemas com a balança. E o excesso de gordura no abdômen está relacionado à presença de substâncias inflamatórias que prejudicam a circulação.
Metas (em mg/DL)
Normal menor que 100
Alterada entre 100 e 126
Diabetes maior que 126
O que fazer?
Fique de olho na glicemia e mantenha hábitos saudáveis, que auxiliam a conter essas taxas.
Praticarás atividades físicas
Fazer algum exercício regular não só previne como é uma maneira reconhecida de controlar uma série de perrengues nos vasos. Por isso que muitos médicos preferem indicar nos casos menos severos um esporte (junto com uma dieta equilibrada) a fim de controlar a pressão, o colesterol e a glicose antes de partir para os remédios.
“Quanto melhor o preparo físico do indivíduo, menor é a mortalidade cardiovascular”, frisa o cardiologista Daniel Kopiler, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Quando mexemos o corpo, as câmaras cardíacas se contraem numa velocidade maior para levar oxigênio e nutrientes para os músculos. Isso aprimora a circulação sanguínea e deixa o coração preparado para ocasiões de estresse.
Além disso, a atividade física incentiva a liberação de óxido nítrico, que reduz a tensão dos vasos – boa pedida para quem é hipertenso. Até pacientes que se reabilitam de doenças da pesada, como insuficiência cardíaca, se beneficiam de uma prática esportiva mais intensa. “Desde que feito junto com um profissional, o treinamento tem um ótimo papel na recuperação”, observa Kopiler.
Metas
150 minutos de atividade física moderada por semana. Ou 75 minutos de exercício vigoroso por semana.
O que fazer?
Reserve algum momento do dia para praticar exercícios. Não vale gastar os 150 minutos de uma só vez! Outra boa dica é tomar atitudes contra o sedentarismo, como priorizar escadas fixas em vez das rolantes e dos elevadores.
Adotarás um cardápio saudável
Uma investigação da Universidade de Oxford, na Inglaterra, acompanhou 450 mil chineses por quatro anos para saber como era o consumo de frutas e hortaliças entre eles. Cerca de 18% dos participantes comiam esses alimentos frescos todos os dias. Quando comparados ao grupo de respondentes que afirmou não ingerir vegetais, eles apresentavam uma pressão arterial mais baixa e níveis de glicose sob rédeas curtas.
E olha que esses são apenas um dos itens da dieta ideal para a saúde do coração. “O ômega-3, encontrado em peixes de água fria como a sardinha e o salmão, e as fibras, presentes em grãos integrais, também atuam na prevenção das doenças cardiovasculares”, destaca a nutricionista Marcia Gowdak, diretora científica do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
O Life’s Simple 7 ainda pede para maneirar no sódio e nas bebidas açucaradas. “O abuso no sal leva à hipertensão e estimula o apetite, o que faz a gente exagerar nas refeições”, explica Marcia. O açúcar de refrigerantes e sucos, por sua vez, abre as portas para o ganho de peso.
Metas
5 porções de frutas e verduras todos os dias
2 porções de peixes na semana, especialmente os ricos em ômega-3
3 porções de grãos ou cereais integrais por dia
Menos de 1 500 miligramas de sódio por dia
Menos de 450 calorias de bebidas açucaradas por semana
O que fazer?
Capriche na feira e aproveite frutas e hortaliças para criar receitas saborosas e variadas. Não coloque saleiros à mesa (tempere tudo antes) e prefira sucos naturais feitos em casa.
Perderás (ou manterás o peso)
O pelotão de cientistas que fez um levantamento sobre diabetes achou que tinha pouco trabalho e resolveram pesquisar a obesidade nos quatro cantos do planeta. Para isso, foram tabulados dados de 19,2 milhões de adultos de 186 nações entre 1975 e 2014. Eles descobriram que a média do Índice de Massa Corporal (IMC), cálculo utilizado para avaliar a forma física, passou de 21 nos anos 1970 para 24 na atualidade – tendência clara de engorda.
O número de obesos pulou de 105 milhões para 641 nesse meio tempo. Os autores estimam que a chance de atingirmos as metas de redução do sobrepeso nas próximas décadas é igual a zero. “O excesso de peso propicia o acúmulo de gordura no coração, colesterol e pressão elevados, descontrole da glicose e liberação de substâncias inflamatórias”, lista a endocrinologista Maria Edna de Melo, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Ou seja, tudo o que faz mal ao peito.
Metas do IMC (peso/altura2)
Abaixo do peso menos de 18,5
Peso ideal entre 18,5 e 25
Sobrepeso entre 25 e 30
Obesidade grau 1 entre 30 e 35
Obesidade grau 2 entre 35 e 40
Obesidade grau 3 mais que 40
O que fazer?
Não há nada melhor do que a velha fórmula exercício, alimentação saudável e dedicação para eliminar quilos extras. Nos casos graves, os médicos avaliam a indicação de remédios ou cirurgia.
Largarás o cigarro
O organismo de quem fuma vive num eterno estado de conflito, ou melhor, de inflamação. Não por menos, tabagistas sofrem de três a cinco vezes mais problemas cardíacos do que sujeitos que não possuem a dependência. Pra começar, a nicotina estreita veias e artérias.
“O cigarro contém uma enormidade de outros componentes que lesam o endotélio, a camada de revestimento interno dos vasos”, detalha o cardiologista Abrão José Cury Junior, do Hospital do Coração, na capital paulista. Esses machucados nos tubos que levam o sangue são o lugar perfeito para que a gordura se deposite e dê início à formação de placas e trombos. Isso sem contar que o tabaco atrapalha a ação dos remédios empregados no manejo da pressão, do colesterol, da glicemia… “Fumar é uma espécie de antídoto contra as medicações, o que é bastante perigoso”, compara Cury.
O que fazer?
Nunca é tarde para abandonar o vício. Familiares, grupos de apoio e tratamento médico são armas valiosas para vencer o cigarro.
Muito além do tabaco
Todo tipo de fumo é prejudicial para o peito. Isso vale para as versões eletrônicas, o charuto, o cachimbo e o narguilé (um cachimbo com água típico do Oriente que virou moda entre os jovens). O cigarro, por sua popularidade, acaba sendo objeto de muitos dos testes. Logo, suas ações malévolas são descritas com maior frequência.