4.17.2018

Manter-se nas ruas


 Lula deu o recado, andará e falará pelas pernas e boca dos 85% da população que, com razão, migram para apoiá-lo em momento extremo da perseguição. O parlamentar exorta ainda as forças progressistas a permanecerem nas ruas contra o golpe.
Imiscuído com o golpe de 2016, o Judiciário apela para as mais baixas práticas antidemocráticas, como a de estabelecer uma multa de R$ 500 mil, caso o acampamento Lula Livre não seja desmontado dos arredores da Polícia Federal de Curitiba, onde é mantido o preso político Lula. Incomoda o consórcio golpista que ele criou um problema muito maior, em tentar aprisionar um projeto de País no qual estão incluídos todos os brasileiros. É esse o motivo que faz o Brasil seguir em romaria para Curitiba, desde o Piauí, passando por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O consórcio quer enfraquecer o calor que Lula está recebendo do povo.
A determinação da justiça se soma à visita de nove governadores e de dezenas de parlamentares de diversos partidos, para reforçar a condição de Lula como prisioneiro político. A ameaça de desmonte do acampamento é mais uma clara tentativa de tornar Lula invisível aos olhos da  sociedade. Mas ela segue em vigília e todos os dias lhe dá bom dia. A ira da elite advém do fato de, mesmo preso, Lula ter 31% da preferência da população, enquanto que o segundo colocado da corrida à Presidência tem a metade disso. A elite terceiriza seu ódio a uma pequena parte da Classe Média, que não quer justiça, mas apenas os mesmos privilégios da primeira; quer o nível social que jamais vai alcançar.
A população que em Curitiba resiste, sabe que Lula, ou o Partido dos Trabalhadores, não atentaria contra a capacidade de o País gerar riqueza, como determina a EC 95, que impede o Estado de investir em si mesmo, por 20 anos. A camada da sociedade mais cruelmente prejudicada é a que está acampada aos arredores da PF. É a mais afetada pelos ataques do ministério de notáveis predadores de Temer, que fere a dignidade cidadã, com o desmonte do programa Farmácia Popular, do segundo ano dos governos Lula, que oferece 154 produtos farmacêuticos subsidiados. Desde a sua criação, o programa contribuiu para diminuir em 20% o número óbitos decorrentes de complicações da hipertensão. O programa está sendo fechado em todo o País.
O que faz essa população não arredar o pé de perto do Lula é o fato palpável e inadmissível pela elite, do ingresso de 1,7 milhão de estudantes pobres nos bancos universitários, espaço de disputa política ocupado, até há muito pouco tempo, hegemonicamente pela elite. Pra o autoritarismo, em última análise, prevalece a sua vontade. Porém, tentam em vão, aprisionar uma ideia que corre o País feito rastilho de pólvora, de que este País pode de deve tomar as rédeas da sua soberania e não permitir que interesses financeiros internacionais o condicionem, definitivamente, como uma colônia fornecedora de matéria-prima para países desenvolvidos.
As forças reacionárias tentam, inutilmente, calar a determinação de um governo progressista que fez a Petrobras receber, em 2015, em Houston (EUA), o maior prêmio que uma empresa do seu porte pode receber, por desenvolvimento tecnológico. A elite bisonha não compreende o que é construir submarino nuclear, ou um dos mais modernos aceleradores de partículas do mundo, ou desenvolver tecnologia própria para enriquecimento de urânio. Todo esse patrimônio de competências, que vinha sendo aplicado em prol do desenvolvimento, está à mercê de um retrocesso de investimentos. Todos esses equipamentos estão sendo sucateados pra serem entregues a interesses estrangeiros
Os que acampam e resistem aos arredores da PF o fazem porque são uns dos cerca de 20 milhões de cidadãos que foram empregados com carteira assinada, com as mesmíssimas leis trabalhistas que a camarilha Temer destruiu, em 2017, com a criminosa reforma trabalhista. Provavelmente sejam também uns dos atuais 13 milhões de desempregados que movimentam a economia por meio do trabalho informal. Centenas de parlamentares, entre deputados estaduais e federais e senadores que tentarão a reeleição, em 2018, votaram a favor da precarização das condições de contratação. O trabalho intermitente e a terceirização vão produzir uma classe trabalhadora sem condições de contribuir para a Previdência, provocando o seu colapso.
Essa multa indecente não é apenas um atentado ao sagrado e livre direito de se manifestar. É mais um esforço da parte do consórcio golpista para enfraquecer o moral do ex-presidente e naturalizar sua prisão. É necessária a urgente mobilização das forças progressistas para rechaçar tal medida, digna das mais bestiais ditaduras. Lula deu o recado, andará e falará pelas pernas e boca dos 85% da população que, com razão, migram para apoiar Lula em momento extremo da perseguição. É esse apoio, que não para de crescer nacional e internacionalmente, que os golpistas não toleram e pretendem dissipar. É premente a articulação das forças progressistas e permanecer em fileira, nas ruas, na luta para manter o acampamento e garantir a plena instituição da democracia.
*Enio Verri é deputado federal pelo PT do Paraná

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